A festa

A recepção estava deslumbrante, cheia de luzes cintilantes e uma música suave que pairava no ar. A mansão Hernandez estava decorada com flores brancas e douradas, tudo perfeitamente organizado para a ocasião. Liz, agora oficialmente casada, se sentia estranha naquele ambiente. Ela olhava ao redor, mas tudo parecia tão distante, como se estivesse em um sonho que não era realmente seu.

Felipo estava ao seu lado, mas havia uma distância entre eles. Ele não havia dito uma palavra desde que saíram da igreja, e Liz não sabia como se sentia em relação a isso. O silêncio entre eles parecia se expandir, até se tornar um muro invisível que nenhum dos dois estava disposto a quebrar.

O momento da entrada na recepção foi grandioso. Eles caminharam juntos até a pista de dança, onde todos os olhos estavam sobre eles. O olhar dos convidados estava fixo em Liz. Ela sentia o peso da atenção em suas costas, o desconforto percorrendo seu corpo. Sorria para todos, cumprimentava os convidados, mas sua mente estava distante, tentando entender onde ela se encaixava agora naquela nova realidade.

Felipo, por outro lado, parecia à vontade, cumprimentando todos com seu charme característico. Ele parecia ser o mesmo de sempre: arrogante, distante e alheio às emoções. Mas Liz sabia que havia algo mais ali. O que ele não demonstrava em palavras estava presente em cada olhar, em cada movimento. Ele não era o homem frio e calculista que ela havia conhecido antes. Algo em seu interior estava mudando, mas ele se recusava a admitir.

Liz sentiu seu braço ser tocado, e ao olhar para o lado, viu Soffie ao seu lado, com um sorriso grande e um olhar de empatia.

— Como você está, amiga? — Soffie perguntou, baixinho, com uma voz tranquila.

Liz forçou um sorriso, tentando esconder sua confusão. — Estou bem, só... parece tudo tão surreal, sabe?

Soffie deu uma risadinha e apertou a mão de Liz com carinho. — Não se preocupe. A festa está ótima, e você está maravilhosa. Olha, até Felipo não consegue esconder que está te admirando — Soffie provocou, piscando de maneira discreta, mas incisiva.

Liz olhou rapidamente para Felipo, que estava conversando com alguns amigos. Seus olhos estavam fixos nela por um breve momento, antes de ele voltar a sua conversa com um sorriso arrogante. Isso a fez sentir uma pontada no peito. Não sabia o que sentia por ele. Não sabia se estava irritada, triste ou simplesmente... desiludida.

Enquanto isso, Dean estava ao lado de Felipo, observando tudo com um sorriso discreto. Ele sabia que o amigo estava passando por algo que não poderia ser facilmente explicado. Ele tinha visto o quanto Felipo tentava resistir aos sentimentos que estavam começando a surgir por Liz, mas o que Dean não entendia era o motivo de Felipo continuar tão distante. Não sabia se ele estava sendo egoísta, ou se havia algo mais que o impedia de se entregar totalmente.

A música começou a tocar uma melodia suave, e o momento chegou. O olhar de Felipo se voltou para Liz mais uma vez, com intensidade. Ele caminhou até ela com passos firmes, e a tensão entre eles cresceu no instante em que ele estendeu a mão para ela.

Liz hesitou por um segundo, mas acabou colocando sua mão na dele. Sentiu uma sensação estranha, como se sua alma estivesse flutuando entre a realidade e um sonho. Ele a conduziu até o centro da pista de dança, onde os convidados começaram a se afastar para dar espaço.

O silêncio envolveu os dois enquanto dançavam. Ninguém ousava interromper, e o momento parecia ser só deles. Liz olhava para Felipo, mas não conseguia decifrar a expressão dele. Seus olhos estavam vazios, mas ao mesmo tempo profundos, como se ele estivesse lutando contra algo que não conseguia controlar.

— Você não disse nada até agora — Liz falou finalmente, sua voz baixa, mas com um toque de desafio.

Felipo olhou para ela, seus olhos brilhando com uma intensidade que ela não conseguia entender. — O que você quer que eu diga? — ele respondeu, com a voz baixa e fria, mas de uma maneira que ela sabia que ele não estava completamente indiferente.

Liz suspirou. — Eu não sei. Só... me sinto como se estivesse dançando com um estranho, mesmo depois de tudo.

Felipo se aproximou dela, seus corpos quase colados, e ela sentiu um arrepio quando ele falou, em tom baixo: — Talvez você tenha razão. Talvez seja isso o que somos agora. Estranhos...

Aquelas palavras causaram uma dor repentina em Liz. Ela olhou para ele, seu olhar já mais vulnerável do que gostaria de admitir. Mas ele a puxou mais para perto, e por um segundo, ela pensou que ele fosse beijá-la. A tensão era palpável.

No entanto, ele não fez nada. Apenas a olhou, de forma profunda e desafiadora.

A música foi interrompida pelo barulho de risos ao fundo, mas o silêncio entre eles continuava, pesado, carregado de emoções não ditas. Liz não sabia até quando conseguiria lidar com aquilo. Ela sabia que algo estava prestes a estourar, mas não sabia o que seria.