Contagem Regressiva

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Liz

Os dias pareciam passar rápido demais. O casamento estava a menos de uma semana de acontecer, e Liz sentia um peso cada vez maior em seu peito. Desde aquela noite na boate, ela e Felipo não haviam trocado uma única palavra. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação, nenhum encontro inesperado.

E, para ser sincera, Liz preferia assim.

Ou ao menos tentava se convencer disso.

Na manhã de segunda-feira, ela acordou com o toque insistente do celular.

— Filha, você tem certeza de que não quer acompanhar nada dos preparativos? — Cecília perguntou, do outro lado da linha.

Liz suspirou, sentando-se na cama.

— Mãe, eu já falei… prefiro deixar tudo nas suas mãos.

— Eu sei, querida, mas… e se algo não sair como você gostaria?

Liz riu sem humor.

— Nada nesse casamento é como eu gostaria, então, tanto faz.

Ela ouviu a mãe suspirar, mas Cecília não insistiu mais.

Depois de desligar, Liz passou as mãos pelo rosto e respirou fundo. Ela precisava seguir com sua rotina, precisava se distrair.

Após tomar banho e se vestir, pegou suas coisas e saiu para a cafeteria onde sempre encontrava Soffie.

— E aí, futura senhorita Hernandez! — Soffie brincou assim que Liz sentou à mesa.

Liz revirou os olhos.

— Não começa.

— Ué, amiga, é melhor já se acostumar com o sobrenome, né?

Liz bufou e tomou um gole do café que havia acabado de chegar.

— Eu só quero que essa semana passe logo.

— E Felipo? Não se falaram mais?

Liz negou com a cabeça.

— E quer saber? Melhor assim.

Soffie estreitou os olhos.

— Sei. Só que eu te conheço, Liz. Sei que você pensa nele.

Liz desviou o olhar para a rua, mordendo o lábio.

Sim, ela pensava.

Muito mais do que gostaria.

No outro lado da cidades...

Felipo

O casamento estava a menos de uma semana de acontecer, mas Felipo não sentia nem um pouco da ansiedade ou nervosismo que qualquer outro homem sentiria prestes a casar.

Para ele, aquilo não passava de uma formalidade.

Pelo menos, era nisso que ele queria acreditar.

Desde a noite na boate, não viu Liz mais nenhuma vez. E, se fosse sincero, admitir que isso o incomodava seria ridículo. Ele não era do tipo que ficava remoendo coisas. Mas, por algum motivo, a imagem dela naquela noite continuava presa em sua mente.

Liz estava linda. Chamava atenção. E, acima de tudo, parecia não se importar nem um pouco com ele.

E isso o irritava.

— Cara, você está viajando — Dean comentou, sentado à frente dele no bar privativo de seu apartamento.

Felipo ergueu os olhos e arqueou a sobrancelha.

— O que você quer dizer com isso?

Dean riu e tomou um gole de uísque.

— Você está aí, fingindo que essa conversa não te incomoda, mas sua cara já diz tudo.

Felipo revirou os olhos.

— Não tem conversa nenhuma.

— Ah, tem sim — Dean insistiu, divertido. — Você não para de pensar na Liz desde aquela noite.

Felipo pegou o copo de uísque e bebeu um gole antes de responder:

— Isso é coisa da sua cabeça.

Dean riu.

— Certo… Então, por que você está puto desde aquele dia?

Felipo apertou os dedos ao redor do copo. Ele não queria admitir, mas algo dentro dele queimava toda vez que lembrava dos olhares que Liz recebeu naquela boate.

— Se for esse o caso, por que você não a procurou? — Dean continuou. — Ela vai ser sua esposa, afinal.

Felipo passou a língua pelos lábios, impaciente.

— Porque eu não tenho que correr atrás dela.

Dean cruzou os braços, analisando o amigo.

— E se ela cansar de te esperar?

Felipo soltou uma risada seca.

— Ela não tem escolha.

Dean estreitou os olhos, agora mais sério.

— Você não tem ideia do que está fazendo, tem?

Felipo ignorou o comentário e virou o resto do uísque de uma vez.

Mas a verdade era que Dean estava certo.

Ele não fazia ideia do que estava fazendo.