Ciúmes de que ?

Liz estava conversando com o homem há alguns minutos, e sua risada suave se misturava ao som da música alta, mas Felipo, de onde estava, não conseguia mais ignorar. O homem, que parecia tão à vontade, fazia elogios a Liz, que sorria educadamente. Não era o tipo de mulher que ficaria totalmente envolvida em um papo com qualquer um, mas ainda assim, Felipo não conseguia deixar de sentir que algo estava acontecendo entre eles.

O homem sorriu para Liz, tentando parecer charmoso enquanto segurava sua bebida.

— Você realmente tem algo especial, sabia? — disse ele, seus olhos fixos em Liz, com um sorriso de confiança. — Não é todo dia que se encontra alguém tão radiante quanto você.

Liz, ainda sorrindo, desviou o olhar para o copo e deu de ombros, tentando manter a conversa leve.

— Acho que você está exagerando. Não sou tão radiante assim, só estava no lugar certo, na hora certa.

O homem riu, inclinando-se um pouco mais perto dela, sua voz mais baixa e com um tom de intimidade.

— Não, não, eu realmente acredito que você tem algo que atrai as pessoas. Algo... irresistível. Não se sinta tímida com isso.

Liz hesitou por um momento, sentindo uma leve tensão no ar, mas respondeu com um sorriso educado.

— Eu sou apenas uma pessoa normal. Não estou tentando ser nada além disso.

Felipo, observando a cena de longe, viu o homem dar um passo à frente, claramente tentando se aproximar ainda mais de Liz. Ele viu Liz dar um pequeno passo para trás, mas o homem não parecia perceber o sinal. A visão de Liz sendo cortejada por outro homem começou a fazer com que seu sangue fervesse. Não era ciúmes. Claro que não. Ele apenas não queria que qualquer um se aproximasse dela dessa forma. Liz era... dele, mesmo que ele não tivesse direito de pensar assim.

Felipo não pensou duas vezes. Ele sentiu seu corpo se mover sem pensar, as palavras de Dean ecoando em sua mente. Vai deixar ela ficar com outro?

Ele atravessou a pista de dança, não se importando com os olhares que passavam por ele. Quando estava a poucos metros de Liz e o homem, ele não teve mais controle. Ele chegou perto deles e parou abruptamente. O homem olhou para ele, claramente surpreso, mas não deixou de sorrir, percebendo a tensão no ar.

— Ei, cara, estamos só conversando. — o homem disse, tentando manter uma postura descontraída, mas a surpresa em seu rosto era visível.

Liz olhou para Felipo, seu olhar confuso, mas sem esconder o desconforto. Ela não esperava que ele aparecesse ali, especialmente naquele momento. Mas, por alguma razão, uma pequena faísca de irritação surgiu dentro dela também. Ela não gostava de ser interrompida de forma tão abrupta, mesmo que a razão fosse, aparentemente, válida.

— Tudo bem, já estou indo — o homem disse, levantando as mãos em sinal de rendição. Ele olhou para Liz, deu um sorriso curto e saiu sem mais palavras, indo embora rapidamente, provavelmente sem entender a intensidade da cena que acabara de testemunhar.

Felipo não desceu os olhos de Liz, e ela sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ela se sentia... observada. Não queria que ele tivesse interrompido daquela forma, mas, ao mesmo tempo, uma parte de si se sentia estranhamente aliviada.

Felipo se aproximou dela, e seus olhos estavam frios, mais frios do que ela já o tinha visto. Ele olhou para ela com uma expressão que parecia de desaprovação.

— Você não deveria estar conversando com qualquer um assim. — ele disse, sua voz baixa, mas cortante.

Liz o encarou, não escondendo sua surpresa nem um pouco de indignação.

— Como assim, qualquer um? — ela respondeu, com o tom de voz mais ácido que podia reunir. — Eu sou uma adulta, Felipo. E não preciso de você decidindo com quem posso ou não conversar.

Felipo deu um passo em direção a ela, o rosto mais tenso, os músculos rígidos, como se estivesse tentando se controlar. Ele odiava a ideia de ver outra pessoa tão perto de Liz, mas também odiava o fato de que ela não parecia incomodada com isso.

— Não se trata de decidir por você — ele respondeu, com um tom mais suave, mas ainda assim carregado de um certo ressentimento. — Eu só não quero ver você jogando seus encantos para qualquer um que aparecer na frente.

Liz sentiu a raiva crescendo dentro dela, mas não queria fazer uma cena. Não naquele lugar, e muito menos ali, com Felipo agindo como se tivesse o direito de comandar o que ela fazia. Ela sentiu a necessidade de deixar claro que ele não poderia controlar suas ações, mas não queria brigar mais uma vez. Não ali. Não agora.

— Olha, Felipo, eu não sou sua posse. Eu posso conversar com quem eu quiser, e isso não te dá o direito de fazer cenas. — Ela disse isso de forma mais calma, mas ainda assim firme.

Felipo engoliu em seco. Ele odiava como ela o fazia sentir. Como se fosse uma pessoa completamente diferente, alguém que ele mal conhecia.

Mas, no fundo, ele sabia que aquilo não era apenas sobre o homem que acabara de ir embora. Era sobre ela. Sobre ela. Liz. Ele queria que ela fosse dele, mas a ideia de admitir isso soava ridícula até para ele.

— Eu não estou fazendo cenas. Eu só... — Ele parou, sem saber o que dizer, e os dois ficaram em silêncio, cada um processando o que acabara de acontecer.

A tensão no ar entre eles era palpável. Liz queria se afastar, mas sabia que não poderia simplesmente ignorar a situação. Ela tinha que ser clara com ele, ou ele continuaria a tentar controlar suas ações.

Felipo não queria admitir, mas sua frustração estava tomando conta dele. Ele não queria vê-la com ninguém mais, não dessa forma. Era como se ela fosse uma coisa dele, algo que ele mal poderia controlar, mas que precisava manter à distância de todos.

Liz se afastou, o olhar fixo no chão, enquanto o som da música envolvia o espaço. Ela não sabia exatamente o que estava acontecendo entre ela e Felipo, mas uma coisa era clara: isso estava longe de ser simples.

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