Capítulo 10

...(⁠๑⁠˙⁠❥⁠˙⁠๑⁠) Lorenzo Moretti (⁠๑⁠˙⁠❥⁠˙⁠๑⁠)...

Ajustei a gola da camisa e encarei meu reflexo no espelho.

O terno escuro caía perfeitamente sobre meu corpo, feito sob medida, como tudo que eu usava. A gravata estava alinhada, o cabelo arrumado, e minha expressão era a mesma de sempre: fria, controlada, inquebrável.

Mas, por dentro, meu sangue fervia. Eu odiava festas.

Especialmente aquelas repletas de pessoas que fingiam se importar umas com as outras enquanto escondiam segredos sujos por trás de sorrisos calculados.

Eventos sociais recheados de conversas vazias, sorrisos forçados e taças de champanhe erguendo brindes hipócritas. Um jogo onde todos fingiam se importar com status, enquanto tramavam pelas costas uns dos outros.

Ajustei o nó da gravata e passei a mão pelo paletó, eliminando qualquer imperfeição no tecido. Cada detalhe da minha aparência estava impecável, como deveria ser. Eu não era um homem que se permitia falhas.

A promessa que fiz à minha avó de que compareceria àquela maldita festa já era suficiente para me irritar. Eu nunca gostei de ser manipulado, nem mesmo por ela. Mas, no fim, eu sabia que certas obrigações eram inevitáveis.

Ela entendia a importância da imagem. E afinal, devo muita coisa a ela. Desde que meus pais foram mortos eu ainda garoto, ela e meu avô meu criou com todo amor, e quando meu avô não pôde mais dirigir a empresa por estar muito doente, me passou a empresa como parte da herança por eu ser o único neto deles. Se minha nonna quiser, ela poderá me tirar a empresa em um estalar de dedos.

Isso eu jamais poderia permitir. A empresa é meu ponto fraco.

Passei a mão pelo cabelo, ajeitando os fios, e caminhei até o closet. Escolhi um relógio clássico e o ajustei ao pulso. O brilho discreto do acessório complementava o visual impecável, sem extravagâncias.

Peguei o frasco de perfume e borrifei um pouco no pescoço, o aroma amadeirado e intenso preenchendo o espaço ao meu redor.

O silêncio na suíte era absoluto. Gostava assim.

Meu mundo era construído na ordem, na previsibilidade. Nada fora do meu controle.

Virei-me e fui até o bar. Peguei uma garrafa de uísque e servi uma dose generosa no copo de cristal. O líquido âmbar reluziu sob a luz suave do ambiente enquanto eu me recostava no sofá e tomava um gole.

Sabor forte. Ardente. Familiar.

Deixei o copo sobre a mesa e fechei os olhos por um instante, inspirando fundo. Eu deveria estar focado nos negócios. Nas reuniões da próxima semana. Nos contratos que precisavam ser assinados.

Mas essa festa era inevitável.

E, por mais que me incomodasse, eu sabia que tinha um papel a desempenhar.

Não seria o primeiro evento onde eu apareceria apenas para ser visto, para mostrar que o nome Moretti ainda era uma força indiscutível no mundo dos negócios empresariais.

A presença era importante.

Não comparecer seria visto como desinteresse. Como se eu estivesse fragilizado, recluso, fora do controle da própria imagem. E isso era algo que eu jamais poderia permitir.

Peguei o copo e tomei o último gole do uísque antes de me levantar.

Fui até a janela e observei a cidade iluminada abaixo. Milão nunca dormia. O brilho das luzes refletia a energia constante daquela cidade. E ali, no alto do meu apartamento, eu sabia que estava acima de tudo.

O toque sutil do celular vibrou sobre a mesa. Peguei o aparelho e vi a mensagem da minha avó.

“ Estarei passando às 20h. Não se atrase."

Revirei os olhos.

Não se atrase.

Como se eu já não soubesse que, para ela, cada segundo de pontualidade era calculado. A forma de ela garantir que realmente iria à festa, era um tanto peculiar.

Deixei o celular de lado e olhei para o relógio no pulso.

Faltavam vinte minutos.

Peguei a carteira, ajeitei o paletó mais uma vez e caminhei até a porta.

Quando saí do apartamento, o motorista já estava me esperando na entrada do prédio.

A porta do carro foi aberta assim que me aproximei, e entrei sem dizer uma palavra.

— Boa noite a você também — disse minha avó.

— Boa noite, Nonna.

— Mude essa cara, não vai querer que todos os convidados da festa saiam correndo.

O motor ronronou suavemente quando o veículo deslizou pelas ruas movimentadas, e o silêncio dentro do carro era exatamente o que eu precisava para me concentrar.

— Estou concentrado, a senhora sabe que essa é a minha cara, não posso mudar.

Ela nada disse, apenas riu.

O carro seguiu seu percurso, e eu fechei os olhos por um momento, esperando a chegada.

Após poucos minutos, o carro virou uma esquina e se aproximou do local da festa. Um imenso palácio antigo, restaurado para eventos da alta sociedade, com um tapete vermelho estendido na entrada.

Fotógrafos estavam posicionados ao redor, e a movimentação intensa de convidados chegando me fez soltar um suspiro cansado.

— Che posto noioso, proprio come la mia vita. ( Que lugar chato, igual a minha vida)

— Não fale em italiano comigo, garoto! — minha avó me repreendeu no mesmo instante. Ela respirou pesadamente e então saiu do carro.

Um dos funcionários abriu a porta para mim.

Saí do carro, ajustando o paletó sem pressa. Alguns flashes dispararam, e os sussurros começaram.

Era sempre assim.

Passei pelos fotógrafos sem dar atenção, caminhando diretamente para a entrada do salão ao lado da senhora Eleonora. O ambiente era luxuoso, decorado em tons dourados e creme, com enormes lustres pendurados no teto, iluminando tudo com uma luz quente e sofisticada.

Pessoas bem-vestidas seguravam taças de champanhe, conversando em pequenos grupos espalhados pelo salão. Homens de negócios, políticos, herdeiros de impérios familiares.

Eu conhecia muitos deles.

E, para minha irritação, eles também me conheciam.

Mal dei dois passos e já fui abordado.

— Lorenzo Moretti! — A voz animada veio de um homem que eu reconheci imediatamente.

Marco Alberti. Um empresário do setor imobiliário, sempre com um sorriso calculado no rosto e um interesse evidente em qualquer coisa que pudesse trazer vantagem para ele.

Estreitei os olhos, mas apertei sua mão com firmeza.

— Marco.

— Fico feliz em ver você aqui. Confesso que achei que recusaria o convite.

Soltei um sorriso curto.

— Nem sempre podemos evitar certas obrigações.

Ele riu.

— Sei bem como é. Mas tenho certeza de que essa noite será proveitosa. O governador está ansioso para conversar com você.

Revirei os olhos mentalmente.

Ótimo. Mais politicagem.

Antes que eu pudesse responder, um garçom passou ao meu lado com uma bandeja, e peguei uma taça de uísque.

— Vou encontrá-lo mais tarde — disse, de forma vaga.

Marco assentiu e se afastou, cumprimentando outro convidado com o mesmo entusiasmo exagerado.

Soltei um suspiro e me recostei levemente no balcão do bar, observando a movimentação ao meu redor.

O ambiente estava exatamente como eu esperava.

Superficial.

Mas ainda assim, minha presença ali era um lembrete para todos eles:

Lorenzo Moretti continua no topo.

Observei ao meu redor, segurando a taça de uísque com firmeza.

Dona Eleonora estava envolvida em uma conversa com algumas amigas conhecidas, rindo suavemente enquanto segurava sua taça de champanhe.

Tudo parecia dentro do esperado.

Até que algo mudou.

O ar ao meu redor ficou mais pesado. Um silêncio discreto tomou conta de uma parte do salão, e os olhares começaram a se voltar para um único ponto.

Minha atenção foi imediatamente capturada pelo movimento.

Os degraus da grande escada que levava ao andar superior refletiam as luzes do salão enquanto uma mulher descia lentamente.

Cada passo era firme, controlado. Como se ela pertencesse àquele lugar.

Um vestido preto justo delineava suas curvas com perfeição. O tecido luxuoso deslizava suavemente conforme ela caminhava, e o brilho das joias sutis destacava ainda mais a pele clara.

O cabelo solto caía sobre os ombros em ondas leves, e os lábios pintados de vermelho formavam uma linha decidida.

O murmúrio ao redor se intensificou.

— Que mulher linda…

A voz de um garçom ao meu lado fez meu maxilar se contrair.

Isabella.

Minha esposa.

Minha maldita esposa.

Minha mente processou a visão dela como um golpe direto no peito.

O que ela estava fazendo aqui?

Ninguém me avisou.

Minha avó sabia. Claro que sabia. Ela planejou tudo.

Apertei os dedos ao redor da taça, sentindo o calor da fúria subir. Isabella não deveria estar aqui.

Ela continuou descendo, os olhos varrendo o salão sem pressa, ciente da atenção que estava recebendo.

Quando nosso olhar se encontrou, o impacto foi imediato.

A sala pareceu se tornar menor, o ruído ao redor desaparecendo enquanto nossos olhos se mantinham presos um no outro.

Havia algo diferente nela. Ela não parecia frágil, não parecia nervosa. Ela parecia… no controle.

Um meio sorriso surgiu em seus lábios. Não era qualquer sorriso, mas um desafiador.

Ela sabia. Sabia que eu não fazia ideia de que estaria ali. E agora, estava jogando com isso.

Minha mão apertou a taça com mais força, os nós dos dedos ficando brancos.

Se ela queria atenção, ela teria. Mas não da forma que imaginava.

Terminei minha bebida em um único gole, coloquei o copo sobre o balcão com firmeza e comecei a caminhar até ela.

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Comments

Elizabeth Fernandes

Elizabeth Fernandes

Ela tem que fazer ele sofrer e vir igualmente um cachorrinho

2025-03-05

8

Maria Sena

Maria Sena

Noooossa, acho que essa festa vai ficar na história, e essa nona hem gente, que mulher sabia. Quando eu crescer quero ser igualzinho a ela. Tô apaixonada pela nona, é a u ica que consegue domar o indomável senhor fo gelo.

2025-03-08

3

Elenilda Soares

Elenilda Soares

eita eita eita ele pensa que ele tá no controle /Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm/

2025-03-11

3

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