...(๑˙❥˙๑) Lorenzo Moretti (๑˙❥˙๑)...
Eu não deveria estar pensando nisso.
Havia dezenas de contratos para revisar, reuniões para agendar, números para analisar. Meu tempo valia mais do que qualquer outra coisa. Mas, mesmo assim, minha mente insistia em vagar para algo que não deveria importar.
O casamento.
Aquele maldito contrato que assinei sem ao menos olhar para a mulher com quem me casei. Um nome em um papel. Uma obrigação necessária para calar a mídia e manter meus negócios intactos. Era simples. Frio. Exatamente como eu queria.
Então por que essa merda estava me incomodando?
Danilo tinha me irritado com aquela conversa. Ele nunca deixava nada passar, sempre curioso, sempre testando os limites. Seu olhar atento quando mencionou o casamento me incomodou mais do que deveria. Ele achava estranho. Por que eu também estava começando a achar?
Fechei o arquivo na tela do computador e passei a mão pelo rosto. Eu precisava encerrar esse assunto antes que começasse a me distrair de verdade.
Levantei-me e fui até o bar no canto do escritório, servindo uma dose de uísque. O líquido dourado desceu queimando pela minha garganta, mas não fez nada para dissipar a sensação irritante de que havia algo errado.
Peguei o celular e digitei uma mensagem rápida.
"Preciso do relatório sobre minha esposa. Envie para meu e-mail ainda hoje."
O investigador particular que trabalhava para mim já deveria ter feito isso antes, mas eu sequer me importei em ler quando ele mandou a primeira vez. Agora, precisava garantir que tudo estava sob controle.
Sentei-me novamente, girando o copo nas mãos, encarando a cidade através das janelas da minha suíte. As luzes de Milão piscavam à distância, a cidade seguia seu fluxo normal, enquanto eu estava preso nesse ciclo irritante de pensamentos inúteis.
O nome dela ainda era um mistério para mim. Não quis saber. Não importava. Mas agora, essa decisão parecia estupidamente ingênua.
O e-mail chegou poucos minutos depois.
Cliquei no anexo e comecei a ler.
O relatório continha informações básicas: nome, idade e ocupação. Nenhum detalhe relevante, nenhuma foto, nada que me desse algo concreto sobre quem era a mulher com quem agora estava legalmente casado.
Fechei os olhos por um instante, respirando fundo.
Isso não fazia sentido.
Minha avó fez questão de esconder essa mulher de mim de todas as formas possíveis. Certo que pedi isso, mas o estranho que até no documento não existia nada sobre ela, além de idade e o que ela faz.
Por quê?
Peguei o celular e liguei direto para ela.
— Lorenzo — a voz calma e controlada de minha avó soou do outro lado da linha.
— Preciso falar com a senhora, é sobre a pessoa que eu casei.
Ela suspirou.
— Achei que você não se importava com sua esposa.
— E não me importo. Mas eu não gosto de sentir que estou sendo manipulado.
— Manipulado? Meu querido, você assinou aquele contrato por vontade própria. E além de tudo você mesmo fez as regras.
— Sim, mas sem saber com quem.
— Não era isso que você queria?
Engoli em seco. Era exatamente isso que eu queria.
— O que está escondendo de mim, vovó?
Ela soltou uma risada leve.
— Nada, meu querido. Você precisa parar de agir como se houvesse uma conspiração ao seu redor. Você pediu um casamento discreto, sem envolvimento, e foi exatamente o que lhe dei.
Fiquei em silêncio por um momento.
— Então me diga o nome dela.
— O nome estava no contrato.
— Você sabe que eu não li.
Ela riu de novo, um som leve e provocador.
— E por que essa curiosidade agora?
Fechei os olhos, massageando a têmpora.
— Apenas diga, vovó.
Ela hesitou por um instante, e aquilo foi suficiente para minha paciência se esgotar.
— Não quero joguinhos, Nonna.
— Isabella.
O nome veio curto, firme, direto.
Meu coração deu um leve salto no peito.
O ar ao meu redor pareceu mudar.
Um peso estranho desceu sobre mim, mas recusei-me a aceitar o motivo.
Isabella era um nome comum. Não significava nada.
Nada.
— Isabella do quê?
Silêncio.
Meu peito se apertou.
— Nonna.
— Isabella Vasquez.
Minha mão apertou o celular com força, meu corpo ficou rígido.
Não podia ser.
Não podia ser ela.
— Você está brincando comigo?
— Não, Lorenzo.
Minha respiração ficou pesada. Meu coração batia rápido. Um calor subiu pelo meu corpo, misturado com uma fúria que eu não sentia há anos.
— Você me fez casar com ela?
— Você nunca perguntou quem era, Lorenzo. Não queria saber, o importante era limpar seu nome. Por que isso te incomoda agora?
O sangue pulsava em meus ouvidos. Minha mente girava em um turbilhão de lembranças.
Isabella.
A mulher que eu amei.
A mulher que me destruiu.
A mulher que eu expulsei da minha vida para sempre.
E agora, ela era minha esposa.
O copo que eu segurava explodiu em minha mão, os cacos de vidro perfurando minha pele, mas eu sequer senti a dor.
Minha avó soltou um suspiro do outro lado da linha.
— Lorenzo, eu sei que você odeia Isabella. Mas também sei que você nunca se preocupou em descobrir a verdade. Tenta escutá-la.
Cerrei os dentes.
— Não há verdade a descobrir. Eu vi com meus próprios olhos.
— Você viu o que quiseram que visse.
Meus dedos apertaram o celular.
— Isso não muda nada. Ela pode ter meu sobrenome agora, mas não significa absolutamente nada.
— Se não significa nada, por que está tão irritado?
Fiquei em silêncio.
— Lorenzo, meu querido, eu fiz isso porque você precisa enfrentar seu passado. E, queira ou não, Isabella faz parte dele.
Minha respiração estava descompassada.
Meu peito subia e descia rapidamente, como se eu estivesse tentando conter uma explosão.
Eu deveria desligar essa chamada.
Deveria fingir que nada disso importava.
Mas a verdade era que eu não conseguia.
Porque Isabella Vasquez ainda tinha poder sobre mim.
Mesmo depois de todos esses anos.
E agora, ela era minha esposa.
Não por amor.
Não por desejo.
Mas por contrato.
Isso não ficaria assim.
— Se acha que isso vai me fazer mudar de ideia sobre o que penso dela, está enganada, Nonna.
— Isso não é sobre mudar sua opinião, Lorenzo. É sobre a verdade.
— A única verdade que importa é que ela é minha esposa agora.
— Sim — ela disse calmamente. — E você pode continuar vivendo como se isso não importasse. Ou pode finalmente enfrentar os fantasmas do passado.
Meu maxilar travou.
Minha avó nunca fazia nada sem um propósito. Ela sabia exatamente o que estava fazendo.
Ela me colocou cara a cara com meu maior erro.
E agora, não havia como fugir disso.
— Você não pode forçar algo que morreu há anos.
Ela sorriu do outro lado da linha.
— Veremos, meu querido. Veremos.
A ligação caiu.
E, pela primeira vez em anos, eu senti que o chão sob meus pés estava prestes a desabar.
Isabella Vasquez voltou para minha vida.
Mas desta vez, eu ditaria as regras.
...(๑˙❥˙๑) Dia seguinte…. (๑˙❥˙๑)...
O despertador tocou, mas eu já estava acordado. Não preguei os olhos a noite inteira. Minha mente fervia, e o nome que eu me recusei a pensar por anos ecoava em minha cabeça como um maldito martelo.
Joguei as cobertas para o lado e sentei na beira da cama, sentindo a mandíbula travar. O que diabos minha avó tinha na cabeça ao armar isso? Ela sabia muito bem o que Isabella significava para mim. Ou melhor, o que ela não significava mais.
Passei as mãos pelo rosto, tentando me acalmar, mas cada parte de mim gritava que aquilo era uma piada cruel.
Peguei o celular e disquei o número de Danilo. Ele atendeu no segundo toque.
— Lorenzo? — sua voz ainda carregava um tom sonolento.
— Quero você no meu escritório em dez minutos.
— Aconteceu algo?
— Apenas esteja lá.
Não esperei resposta e desliguei.
Levantei-me e fui para o banheiro. A água fria não fez nada para aliviar o fogo que queimava dentro de mim. Isabella. Isabella. Isabella. Não importava o quanto eu tentasse afastá-la dos meus pensamentos, a verdade continuava ali, me encarando como um maldito desafio.
Coloquei um terno escuro e saí do apartamento. Peguei o elevador, e desci para o meu escritório na empresa.
Ao entrar, joguei a pasta sobre a mesa e me sentei na cadeira giratória, soltando um longo suspiro. Foi quando meus olhos caíram nos relatórios espalhados pela mesa.
Minha paciência já estava curta demais para lidar com o monte de garranchos mal organizados que pareciam mais cruzetas de pendurar roupas.
Peguei um dos papéis e franzi o cenho.
— Que merda é essa?
Apertei o botão da secretária.
— Quero você no meu escritório agora.
Segundos depois, a porta se abriu e ela entrou, ajeitando os óculos sobre o nariz.
— Senhor Moretti?
Levantei um dos papéis no ar.
— Pode me explicar por que minha mesa está cheia desse lixo?
Ela engoliu em seco, visivelmente nervosa.
— Senhor, esses são os relatórios que o setor financeiro enviou esta manhã…
— E eles acham que eu sou o quê? Um decifrador de códigos? Isso aqui não faz sentido nenhum!
Ela abriu a boca para responder, mas parou.
— Quer que eu peça para refazerem os relatórios?
Eu massageei as têmporas.
— Quero que você ensine esses incompetentes a escrever algo legível, ou será demitida ainda hoje.
— Sim, senhor.
Ela saiu às pressas.
Fechei os olhos por um instante, respirando fundo. Isabella. Tudo voltava para ela. Esse casamento, essa farsa, esse jogo que minha avó armou. E minha fúria, tudo era culpa dela.
O barulho da porta se abrindo me trouxe de volta à realidade.
— Que humor maravilhoso para se começar o dia — Danilo entrou, fechando a porta atrás de si e se jogando na poltrona à minha frente.
— Não estou para brincadeiras.
Ele me analisou com um olhar curioso.
— Ok, agora eu quero saber o que aconteceu.
Fiquei em silêncio por um momento.
— Você lembra quando me disse que deveria investigar melhor o que aconteceu no passado?
Ele inclinou a cabeça para o lado.
— Sim.
— Bom, parece que o passado veio até mim.
Danilo franziu o cenho.
— O que isso significa?
Apertei os lábios antes de soltar a bomba:
— Isabella é minha esposa.
O choque no rosto dele foi instantâneo, mas não parecia muito entusiasmado sobre o assunto.
— O quê? Sério?
Passei a mão pelos cabelos, irritado.
— Minha avó me fez casar com Isabella sem que eu soubesse.
Danilo jogou a cabeça para trás e soltou uma risada.
— Agora tudo faz sentido.
— Do que você está falando?
Ele balançou a cabeça, ainda rindo.
— Eu a vi recentemente.
Meu corpo enrijeceu.
— Onde?
— Em um bar da cidade.
Minha paciência estava se esgotando.
— E você não achou relevante me contar isso antes?
Ele ergueu as mãos em rendição.
— Eu não sabia que ela era sua esposa, Lorenzo. Para mim, foi apenas um encontro casual.
Me inclinei para frente, os olhos fixos nele.
— O que ela disse?
Danilo cruzou os braços, o sorriso desaparecendo.
— Não muito. Mas posso dizer que ela está diferente. Está …. Linda. Bom, ela sempre foi, mas está mais ainda.
Soltei um riso sarcástico.
— Diferente? Como se uma pessoa pudesse mudar tanto. — Rosnei, nem dei atenção ao que ele disse sobre a beleza dela.
Ele estreitou os olhos.
— Estou preso nesse casamento ridículo, e preciso descobrir o que Isabella realmente quer com isso. — continuei.
— E se ela não quiser nada?
Ri, sem humor.
— Todos querem alguma coisa, Danilo.
Ele me encarou por um instante antes de balançar a cabeça.
— Você está brincando com fogo, Lorenzo. Deixe-a em paz. Se ela quisesse alguma coisa de você, já teria vindo atrás, ela está vivendo a vida dela.
Levantei-me e fui até o bar, servindo mais uma dose de uísque.
— Então queime junto comigo.
Danilo soltou um suspiro.
— De forma alguma vou me meter, você sabe que eu acredito na inocência dela, e que quero seu bem.
Me virei para encará-lo.
— Tudo bem, se não quer, não vou obrigar. Mas eu vou encontrá-la.
Ele me encarou.
— E o que vai dizer?
Ergui o copo, girando o líquido âmbar.
— Ainda não decidi.
Isabella Vasquez entrou na minha vida novamente sem ser convidada. E agora, eu faria questão de lembrá-la de quem estava no controle dessa história.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Rosilene Narciso Lourenco Lourenco
sinto muito em te informar Lorenzo que essa sua arrogância ainda vai te fazer sofrer bastante, e realmente espero que Isabella não aceite suas humilhações.
2025-03-06
6
Maria Sena
O mal do Lourenzo é o mesmo de todos os homens, sempre se achando o maioral e que tá no controle de tudo. Mas eles sempre dão a palavra final, que é, SIM SE.HORA. 😂😂😂😂😂😂
2025-03-08
2
Maria Das Neves
agora o negócio vai esquentar esse Lorenzo e um idiota não procurou saber da verdade antes de acusar a Isabela
2025-03-11
1