Capítulo 07

...(⁠๑⁠˙⁠❥⁠˙⁠๑⁠) Isabella (⁠๑⁠˙⁠❥⁠˙⁠๑⁠)...

A rotina começava a voltar ao normal. Ou pelo menos era isso que eu tentava convencer a mim mesma.

Assim que Danilo saiu, tomei banho rápido e vesti uma saia lápis preta combinada com uma blusa de seda branca. Meus saltos batiam ritmados contra o chão enquanto eu saía do prédio e seguia para a empresa.

Os dias estavam sendo ocupados, e eu gostava disso. Quanto mais tempo ocupava minha mente com o trabalho, menos pensava na confusão que minha vida se tornou depois daquele contrato.

Passei a manhã mergulhada em relatórios, assinando documentos e resolvendo problemas com fornecedores. O tempo voou e, quando olhei o relógio, percebi que já era hora do almoço.

Foi então que meu celular vibrou sobre a mesa, e o nome de Danilo apareceu na tela.

Franzi o cenho antes de atender.

— Alô?

— Isabella, o que acha de almoçar comigo hoje? — A voz dele soou casual.

— Almoçar?

— Sim. Tem um restaurante ótimo aqui perto, e confesso que estou com fome.

Minha barriga roncou como se respondesse por mim.

Suspirei.

— Tudo bem. Onde nos encontramos?

— Eu passo aí para te buscar. Estarei em frente à sua empresa em cinco minutos.

Antes que eu pudesse responder, a ligação foi encerrada.

Peguei minha bolsa e saí do escritório, tentando ignorar o fato de que almoçar com Danilo era estranho. Nós não tínhamos esse tipo de relação há muito tempo. Ele só me viu ontem no bar, e já colou em mim rapidamente.

Assim que cheguei à calçada, vi um carro preto parar suavemente na frente do prédio. O vidro abaixou, revelando o rosto tranquilo de Danilo. Ele era um homem sempre atencioso, e bonito, não vou mentir.

— Entre.

Hesitei por um segundo antes de abrir a porta e entrar no carro.

— Você sempre tão pontual… — murmurei, colocando o cinto.

— Sempre!

Ele sorriu de canto e arrancou com o carro.

O caminho até o restaurante foi tranquilo. Conversamos sobre trivialidades, e ele me contou sobre algumas viagens que fez nos últimos anos. Era estranho como, apesar de termos nos afastado, ainda existia um certo conforto entre nós.

Quando chegamos, ele abriu a porta para mim e caminhamos juntos para dentro do restaurante, sua mão ocasionalmente repousou em minhas costas. O ambiente era sofisticado, mas acolhedor, com luzes amareladas e um aroma delicioso de comida no ar.

Nos sentamos em uma mesa próxima à janela, pegamos os cardápios e começamos a escolher nossos pratos.

Foi quando a pergunta me atingiu de repente. Levantei o olhar para ele e franzi o cenho.

— Danilo…

Ele ergueu as sobrancelhas, esperando.

— Como você sabia onde eu morava?

Ele fechou o cardápio lentamente, como se estivesse escolhendo bem suas palavras.

— Você realmente acha que eu não ficaria de olho em você depois de todos esses anos?

Eu o analisei.

— O que quer dizer com isso?

Danilo soltou um suspiro e apoiou os braços na mesa.

— Isabella, você sumiu. Durante cinco anos, ninguém sabia onde você estava. Nem mesmo Lorenzo. Mas eu sabia.

Meu coração apertou ao ouvir aquele nome.

— E por que isso importava para você?

Ele desviou o olhar por um segundo, como se não quisesse responder de imediato.

— Eu apenas queria ter certeza de que você estava bem. Afinal, somos amigos, ou não?

Soltei uma risada curta.

— Que consideração.

Ele estreitou os olhos.

— Você acha que eu sou como Lorenzo?

— Não sei mais o que pensar sobre ninguém.

O garçom chegou para anotar os pedidos, e nossa conversa foi pausada por alguns instantes. Mas o clima que se instalou entre nós não desapareceu.

Depois que fizemos os pedidos, Danilo recostou-se na cadeira e me observou por um momento.

— Você mudou bastante, eu admito.

Suspirei.

— O tempo faz isso com as pessoas.

Ele assentiu devagar.

— Mas algumas mudanças são mais profundas do que outras.

Abaixei o olhar, sentindo um desconforto crescer em meu peito.

— Você também mudou, Danilo.

Ele sorriu de canto.

— Talvez. Mas uma coisa continua igual.

— O quê?

Ele me olhou nos olhos e disse, com a voz baixa e firme:

— Eu ainda me preocupo com você. Eu passei esses cinco anos observando você de longe, o quanto você lutava para se reerguer em um lugar pequeno, para sarar suas feridas do passado. Você se tornou uma mulher forte, conseguiu se reerguer com seu esforço. E sinceramente, se eu fosse você Isa, eu não perdoaria Lorenzo. Ele é meu melhor amigo, mas digo com convicção, ele não te merece. Ele nem sequer lhe deu espaço para dúvidas.

Pisquei algumas vezes, desviando o olhar para a janela.

Isso não era certo. Essa conversa não deveria estar acontecendo.

— Não precisa me dar conselhos — murmurei. — Não quero mais falar sobre o passado.

— Talvez não. Mas eu me preocupo mesmo assim.

O garçom chegou com os pratos, interrompendo o momento tenso.

Abaixei a cabeça e comecei a comer, tentando ignorar a sensação estranha que se instalava dentro de mim.

Danilo sempre foi alguém próximo. Mas agora… parecia diferente, um estranho.

Ele ainda me observava de maneira intensa, como se tentasse me decifrar, como se procurasse algo dentro de mim que nem eu mesma sabia se ainda existia.

Peguei o garfo e cortei um pedaço pequeno da comida, mastigando devagar.

— Então… — tentei mudar de assunto. — Como tem sido sua vida nesses últimos anos?

Danilo tomou um gole do vinho antes de responder.

— Ocupada. Negócios, viagens, reuniões. A rotina de sempre.

Assenti, desviando o olhar.

— Imagino.

Ele largou os talheres e se recostou na cadeira.

— Mas não estamos aqui para falar de mim, não é?

Olhei para ele, confusa.

— E sobre o que devemos falar?

Danilo apoiou os cotovelos na mesa, juntando as mãos diante do rosto.

— Quero dizer que você voltou, Isabella. Mas não de qualquer jeito. Você voltou e está casada com Lorenzo.

Meu estômago se revirou.

Respirei fundo, tentando manter a expressão neutra.

— Isso não é da sua conta, Danilo.

Ele arqueou a sobrancelha, um sorriso discreto surgindo em seus lábios.

— Você sempre foi esperta, mas não pôde me enganar.

Coloquei os talheres sobre o prato e cruzei os braços.

— E o que exatamente você acha que está acontecendo?

Danilo inclinou a cabeça, me analisando.

— Acho que há muita coisa errada nessa história.

Senti um calafrio subir pela espinha.

Soltei um riso sem humor.

— Você e suas teorias.

Ele continuou me encarando, como se esperasse que eu cedesse.

— Isabella… — ele começou, mas parou por um momento.

Eu sabia que ele queria perguntar mais, insistir, pressionar. Mas algo o fez mudar de ideia.

Ele pegou o copo de vinho e tomou um gole, desviando o olhar para a rua do lado de fora.

— Não se preocupe — ele disse, enfim. — Eu não vou me meter nos seus assuntos.

Soltei o ar que nem percebi que estava prendendo.

— Obrigada.

— Só tenho uma coisa a dizer. Lorenzo é implacável, quando está com raiva de alguém. Aconselho a você como um grande amigo, que vá embora ou caso queira, poderá ficar em meu apartamento, lá ele não vai encontrar você. Terá em mim um grande amigo, confidente. Sabe disso.

— Obrigada mais uma vez Danilo, mas não precisa. Não sou pessoa de sair correndo dos meus problemas.

Terminamos o almoço em um silêncio quase confortável. Danilo pagou a conta sem me dar chance de argumentar, e saímos do restaurante juntos.

O sol estava mais forte do que quando chegamos, e o calor parecia sufocante.

Caminhamos até o carro dele e, quando ele abriu a porta para mim, eu entrei de uma vez.

— Relaxa, Isabella — ele disse, percebendo meu desconforto — Eu só vou te levar de volta, não vou te sequestrar.

O caminho de volta foi tranquilo, mas a tensão entre nós ainda estava ali. Era como se ele quisesse falar algo, mas se segurasse.

Quando finalmente estacionamos em frente ao meu prédio, Danilo virou-se para mim antes que eu pudesse abrir a porta.

— Posso te perguntar uma coisa?

Apertei os lábios, já sabendo que seria algo desconfortável.

— Pode, eu tentarei responder.

Ele inclinou um pouco a cabeça e me analisou por um momento.

— Você é feliz Isabella, ou te falta algo?

O impacto da pergunta me pegou desprevenida.

Eu abri a boca para responder, mas nada saiu.

Ele percebeu minha confusão e sorriu de canto.

— Foi o que imaginei.

Minhas mãos apertaram o tecido da minha saia, e senti um nó se formar na garganta.

O que eu deveria dizer? Que minha vida era uma farsa? Que eu estava presa em um casamento de contrato? Que me casei somente porque eu precisava de dinheiro?

Eu não podia dizer nada disso.

Então apenas soltei uma risada curta.

— Você está sendo dramático, como sempre.

Ele sorriu, mas seus olhos diziam outra coisa.

— Só quero saber se você está bem.

Respirei fundo e forcei um sorriso.

— Estou ótima.

Ele assentiu lentamente.

Desviei o olhar, pronta para sair do carro, mas sua voz me chamou de volta.

— Isa.

Virei o rosto para ele novamente.

— Se precisar de alguma coisa… qualquer coisa… você pode me procurar. Não hesite em me chamar, mesmo que eu esteja ocupado, eu largo o que tiver fazendo, só para estar a sua disposição.

— Obrigada, Danilo.

Abri a porta e saí rapidamente, sentindo sua presença ainda me observando enquanto eu caminhava até o prédio.

Quando entrei no elevador e as portas se fecharam, fechei os olhos por um instante.

Danilo estava me oferecendo apoio. Mas a pergunta era… por quê? Ele está estranho.

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Comments

Simone Ferreira

Simone Ferreira

Dá para perceber que Danilo sofreu mais que Isa esses anos todos ,com a injustiça que ela sofreu ,ele esteve mesmo de longe presente na vida dela. Só tem uma palavra,amor,quem ama cuida,ele não foi a diante pelo respeito á Lorenzo,por ser amigo,quase irmão.

2025-03-06

8

Maria Sena

Maria Sena

Continuo achando que o Danilo teve algo a ver com o que aconteceu. Porque ele ficou só de longe observando ela quando se diz amigo. Amigo que é amigo fecha com a pessoa em qualquer situação. Muito estranho. 🤔🤔🤔

2025-03-08

2

Hanah Oliveira

Hanah Oliveira

Simples...Danilo te ama!
Pena que é o melhor amigo do seu rival amoroso!
Complicado!

2025-03-05

2

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