...(๑˙❥˙๑) Isabella (๑˙❥˙๑)...
Uma semana havia se passado desde o casamento. Sete dias desde que assinei aquele contrato e me tornei oficialmente, Isabella Moretti, tudo porque estava precisando de dinheiro.
Até agora, nada tinha mudado.
Não houve jantar romântico. Nenhuma lua de mel. Nenhuma foto para a imprensa. E, sinceramente, eu esperava que continuasse assim.
Lorenzo Moretti ainda não sabia que eu era sua esposa. E, para ser honesta, eu não sabia se estava pronta para o dia em que ele descobriria. Porque sei que a última pessoa que ele quer ver nesse mundo sou eu.
Mas, enquanto esse momento não chegava, eu aproveitava a única coisa boa que aquele casamento me proporcionou: Dinheiro suficiente para reconstruir minha vida.
A primeira coisa que fiz depois que o pagamento do contrato caiu nas minhas mãos, foi quitar minhas dívidas. Cada centavo.
A sensação de liberdade era indescritível. Pela primeira vez em muito tempo, eu podia respirar. Depois, voltei minha atenção para a empresa.
Os funcionários estavam desmotivados, os clientes em dúvida, os fornecedores ameaçando cortar o contrato por falta de pagamento.
Mas, com dinheiro e estratégia, eu consegui reverter a situação.
Conversei com os fornecedores. Renegociei contratos. Fiz investimentos certeiros. E, ao final de sete dias, a empresa finalmente estava estável novamente. E como dona Eleonora disse, eu ainda fiquei com bastante dinheiro em mãos.
Isso era motivo suficiente para comemorar.
Naquela noite, decidi sair para beber um pouco e relaxar.
Não era algo que eu fazia com frequência, mas depois de uma semana de decisões financeiras, reuniões e reconstrução, eu precisava desligar minha mente por algumas horas.
Escolhi um bar próximo ao meu apartamento, um lugar pequeno, mas aconchegante. O ambiente era sofisticado, iluminado por luzes baixas, com um leve aroma de whisky.
Era o tipo de lugar onde as pessoas vinham para afogar suas dores ou celebrar vitórias discretas. E, naquele momento, eu não sabia exatamente em qual dessas categorias eu me encaixava.
Sentei-me no balcão e pedi um drink.
— Algo forte, por favor.
O bartender assentiu, e logo um copo de bourbon deslizou pelo balcão até mim.
— Aqui, senhorita!
— Obrigada!
Peguei o copo e tomei um gole. O líquido quente desceu queimando minha garganta, mas a sensação foi libertadora.
Por algumas horas, eu queria esquecer que era casada com Lorenzo Moretti. Era estranho, porque a cinco anos atrás, eu estava me organizando para casar com ele, até ele mesmo decidir não confiar em mim e meter o pé na minha bunda, sem querer saber da verdade. Me dói muito, está vivendo uma mentira.
Eu estava no terceiro drink quando ouvi uma voz masculina familiar atrás de mim.
— Isabella?
Reconheci aquele tom na mesma hora.
Virei lentamente e meu olhar se encontrou com um par de olhos escuros e analíticos.
Danilo. O melhor amigo de Lorenzo.
Engoli em seco, mantendo a postura.
— Danilo…
Ele ergueu a sobrancelha e caminhou até o banco ao meu lado, sentando-se sem pedir permissão.
— Que coincidência — murmurou, chamando o bartender com um movimento de mão. — Não imaginava que você gostava de sair para beber sozinha.
Soltei uma risada fraca.
— Acho que ninguém me conhece de verdade.
Ele estreitou os olhos, como se tentasse me decifrar.
— Talvez.
O bartender trouxe a bebida dele e Danilo tomou um gole, mantendo o olhar em mim.
— E então, o que estamos comemorando?
Suspirei.
— Digamos que… sobrevivi a uma semana difícil.
Ele sorriu de canto.
— Isso merece um brinde.
Erguemos os copos e bebemos juntos.
Por um momento, o silêncio confortável entre nós me fez lembrar dos velhos tempos, quando Danilo era apenas um amigo, alguém que me tratava com respeito e humor. Ele, eu e Lorenzo, saímos várias vezes juntos para beber e nos divertirmos.
Mas então, o álcool começou a pesar, e minha língua ficou solta demais.
— Sabe, Danilo… às vezes eu me pergunto o que teria acontecido se tudo tivesse sido diferente.
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Diferente como?
Eu ri, girando o gelo no copo.
— Se as coisas tivessem sido esclarecidas naquela época. Se Lorenzo tivesse me escutado...
Minha voz morreu antes que eu terminasse a frase.
Danilo ficou em silêncio por um momento.
— Você ainda pensa nele?
Meu peito apertou. Penso nele todos os dias. Mas não podia admitir isso.
— Claro que não — murmurei, mas meu tom não era convincente.
Danilo soltou um suspiro e bebeu um gole longo de whisky.
— Eu nunca acreditei totalmente naquela história, Isabella. Mas Lorenzo… ele não é do tipo que perdoa. E além do mais, eu achei que já havia esquecido dele. Não sei se viu os jornais, mas ele se casou, e pelo jeito você também, já que está de aliança.
Fechei os olhos por um momento, quando os abri novamente, percebi que minha visão estava um pouco turva. Eu havia bebido demais.
Apoiei a mão na bancada para me equilibrar.
— Acho que exagerei um pouco.
Danilo riu baixo.
— Parece que sim.
Tentei me levantar, mas minhas pernas vacilaram. Antes que eu pudesse cair, senti braços firmes ao meu redor.
— Ok, acho que já bebemos o suficiente por hoje — ele disse, me segurando com facilidade, seus lábios estavam quase próximos aos meus.
— Eu consigo andar — protestei, mas minha voz saiu arrastada.
Danilo apenas balançou a cabeça, divertido.
— Claro que consegue. Mas vamos facilitar as coisas.
E então, antes que eu pudesse reagir, ele me pegou no colo.
— Danilo! Me coloca no chão!
— Você está bêbada demais para brigar comigo, não acha? — ele riu.
Soltei um suspiro derrotado, encostando minha cabeça no ombro dele enquanto ele me carregava para fora do bar.
...(๑˙❥˙๑) Dia seguinte….. (๑˙❥˙๑)...
Acordei sentindo a cabeça latejar. A luz do quarto estava baixa, e o cheiro familiar do meu apartamento me fez perceber onde estava.
Tentei me sentar, mas meu corpo ainda estava pesado. Foi então que notei que minhas sandálias estavam no chão, cuidadosamente retiradas.
Pisquei algumas vezes, tentando processar o que havia acontecido. Então lembrei:
Danilo.
O bar.
Os drinks.
Ele me carregando para casa.
— Droga!
Passei a mão pelo rosto e segui o aroma de café, caminhando em direção à cozinha.
Assim que atravessei a porta, meus olhos se arregalaram.
Danilo estava lá.
De costas para mim, vestindo a mesma camisa da noite anterior, ele mexia algo em uma frigideira enquanto segurava uma xícara de café.
O choque foi tão grande que meu coração quase saiu pela boca.
— Droga, você me assustou! — levei a mão ao peito, tentando regular a respiração.
Danilo se virou lentamente, arqueando uma sobrancelha e segurando o riso.
— Bom dia para você também, Isabella.
Eu pisquei algumas vezes, ainda processando a cena.
— O que você… O que você está fazendo aqui?
Ele deu um gole no café antes de responder.
— Dormi aqui. Você não estava bem e, como não havia ninguém para cuidar de você, resolvi ficar.
Meu peito apertou. Não havia ninguém para cuidar de mim. E a insinuação que ele fez foi clara.
Pigarreei, desviando o olhar.
— Eu… meu marido trabalha muito.
Danilo girou a colher na frigideira, como se esperasse por mais.
— É mesmo?
Eu sabia que ele estava desconfiado.
Minha mente trabalhou rápido para inventar uma desculpa.
— Ele trabalha como segurança. Saiu na parte da noite e só chega ao meio-dia.
A expressão de Danilo se manteve impassível, mas havia algo em seu olhar que me dizia que ele não acreditou na minha mentira. Mesmo assim, ele não contestou.
— Entendi.
A atmosfera na cozinha ficou estranhamente carregada. O som do café pingando na cafeteira foi a única coisa que preencheu o silêncio por alguns segundos.
Cruzei os braços, sem saber o que dizer.
— Você… ficou cuidando de mim a noite toda?
— Não foi tão difícil. Você apagou assim que saiu do bar em meus braços.
Meu rosto esquentou.
— Me desculpe por isso.
— Relaxa. Só achei engraçado te ver tão… vulnerável. Tantos anos de amizade, e a primeira vez que te vejo assim.
Virei os olhos, mas um pequeno sorriso escapou.
Danilo e eu tínhamos uma relação estranha. Apesar do que aconteceu no passado, ele nunca me tratou com desprezo. Sempre soube separar a amizade e o que aconteceu entre mim e seu melhor amigo. Ele sempre foi o amigo leal de Lorenzo. Mas, ao mesmo tempo, nunca pareceu me odiar.
E, agora, ali estávamos nós. Como se nada tivesse acontecido. Como se fôssemos… amigos novamente, depois de passar muito tempo sem se ver.
Suspirei e puxei uma cadeira, me sentando enquanto ele servia o café.
— Então… além de segurança, o que mais seu marido faz? — ele perguntou, casualmente.
Pigarreei antes de responder.
— O trabalho dele exige sigilo. Ele não gosta de falar sobre isso.
Danilo soltou uma risada baixa.
— Interessante. Nunca imaginei que gostasse de homens que trabalhassem nessa profissão. Se bem que eu me lembre, uma vez você mencionou, que essa profissão é muito perigosa.
A xícara que eu segurava tremeu levemente na minha mão. Eu respirei fundo, tentando manter a calma.
— Sim me lembro de ter dito, mas foi só um comentário.
— Claro, entendo!
Ele levou a xícara aos lábios e me analisou por cima da borda.
Eu precisava mudar de assunto.
— E você? O que tem feito ultimamente?
Ele apoiou as mãos na mesa e sorriu.
— O mesmo de sempre. Trabalhando, viajando, observando certos casamentos misteriosos acontecerem.
Minhas costas se enrijeceram.
Danilo percebeu minha reação e riu.
— Relaxa, Isabella. Eu não estou te interrogando. Só achei tudo isso… inesperado e suspeito.
Engoli em seco.
— Eu também achei, mas vindo de seu amigo, tudo é surpresa.
Ele me observou por um momento antes de desviar o olhar.
— Você mudou.
Arqueei a sobrancelha.
— Mudança é inevitável.
Ele assentiu lentamente.
— Sim… Mas não sei se essa mudança foi para melhor.
Fiquei em silêncio.
Danilo me observava com intensidade. Não era um olhar acusador, mas sim analítico. Como se ele estivesse montando um quebra-cabeça e, a cada segundo, as peças estivessem se encaixando.
Eu segurei a xícara com mais força, sentindo um frio estranho subir pela minha espinha.
— Lembra que éramos tão amigos? — ele perguntou — Que você me contava tudo, que confiava em mim?
— Danilo…
Ele ergueu uma das mãos, como se me pedisse para não continuar.
— Já entendi, Isa. Não se preocupe.
O apelido Isa, que eu não ouvia há anos, me atingiu como uma pequena lembrança do passado.
Antes, ele me chamava assim quando brincávamos, quando nos sentávamos juntos para conversar sobre qualquer coisa sem preocupação.
Mas agora… ele dizia meu nome com um peso diferente.
Ele me olhou de forma intensa e então continuou:
— Achei muita coincidência você estar na cidade justamente nos dias em que Lorenzo se casou.
— E o que tem isso?
Danilo girou o copo de café entre os dedos, como se estivesse organizando seus pensamentos antes de falar.
— Tudo é estranho quando a noiva não aparece em nenhum dos jornais. Quando o noivo sequer sabe quem é a esposa.
Apertei os lábios, mas não consegui desviar o olhar.
Eu soltei uma risada forçada, tentando disfarçar.
— Você sempre foi bom em criar teorias conspiratórias.
Ele riu baixo.
— E você sempre foi péssima em mentir, Isabella.
Danilo inclinou-se um pouco mais para frente, apoiando os braços na mesa.
— Sabemos que a avó dele te adora, e que arrumou tudo muito rápido — ele continuou, sem dar espaço para minha fuga.
Minha respiração ficou presa.
A cada palavra que saía da boca dele, meu corpo se enrijecia.
Ele estava ligando os pontos, eu sabia que ele não era bobo.
Ele estava perto demais da verdade.
Tentei respirar fundo, mas senti como se o ar ao meu redor estivesse ficando mais pesado. Eu precisava sair dessa conversa.
Então, respirei fundo e soltei uma risada curta.
— Sabe o que acho, Danilo? Você está se preocupando demais com o casamento do seu amigo.
Ele piscou lentamente, sem desviar o olhar.
— Talvez eu só esteja curioso.
Me levantei, pegando meu celular para dar a entender que precisava terminar aquela conversa.
— Curiosidade pode ser perigosa.
— Você tem razão. Mas sabe o que mais pode ser perigoso?
— O quê?
Ele me olhou fixamente.
— Esconder algo de Lorenzo.
Minha respiração travou.
Havia um aviso em sua voz.
Algo que me fez sentir um arrepio correr pela espinha. Danilo sabia.
Talvez não soubesse toda a verdade, mas já tinha fortes suspeitas.
E isso era perigoso. Muito perigoso.
Abaixei a cabeça por um segundo, reunindo a força que precisava para continuar minha farsa.
Então, voltei a encará-lo e sorri.
— Não há nada para esconder.
Ele sustentou meu olhar por alguns segundos antes de soltar um suspiro.
— Se você diz…
Danilo se levantou, pegou o paletó e caminhou até a porta.
Antes de sair, ele parou. Olhou para mim mais uma vez e disse, com um tom sério:
— Só tome cuidado, Isa.
Eu apenas assenti. E então ele se foi.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Simone Ferreira
Que coincidência Isabella se encontra no mesmo bar que Danilo ,Danilo não é bobo,já sacou tudo e vai correr atrás para Isa e Lorenzo voltar a ser um casal feliz.
2025-03-06
4
Maria Sena
Tô achando que o Danilo nutre um amor platônico pela Isabela, nunca se declarou pela amizade que tem pelo Lorenzo. Ia ser cômico se fosse ele que armou tudo pra Lourenzo deixar a Isabela.
2025-03-08
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Andreia Cristina
eu acho que Danilo vai descobrir toda a trama que fizeram pra separar eles a cinco anos atrás
2025-03-10
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