Depois da conversa com o delegado, Laura dedicou boa parte do dia pesquisando sobre Heitor Albuquerque. Era uma rotina comum antes de se infiltrar em qualquer missão. Ela precisava entender a pessoa com quem iria trabalhar, seus hábitos, rotinas e, principalmente, seu histórico. Mas, conforme mergulhava nas informações disponíveis sobre ele, um padrão claro se formava: Heitor era o centro das atenções em eventos sociais, revistas de negócios e, surpreendentemente, colunas de fofoca.
Conforme lia os detalhes, as fotos e manchetes saltavam da tela do seu computador.
“Magnata dos negócios desfruta de jantar ao lado de modelo internacional.”
“Heitor Albuquerque e a socialite Camila Nogueira confirmam o término do namoro.”
“O empresário Heitor Albuquerque e a atriz Sofia Vasconcelos são flagrados em um restaurante em clima de romance.”
A lista parecia interminável, e Laura não pôde evitar revirar os olhos.
_Playboy... E conquistador barato… murmurou, cruzando os braços e encostando-se na cadeira.
Aquilo a irritava mais do que deveria, e ela sabia disso. A imagem que teve de Heitor que ele era um homem que colecionava conquistas amorosas como troféus, o que era suficiente para deixá-la impaciente. Laura, que sempre prezava por discrição e seriedade, sentia que o mundo de Heitor era o exato oposto do seu.
O que mais a incomodava, porém, era o contraste entre a vida amorosa dele e a sua. Desde que terminou o noivado com Daniel, nunca mais havia se permitido interessar ou se envolver com ninguém. Seu foco se tornou o trabalho, quase como uma fuga, mas ela preferia pensar que era uma escolha consciente. Ver a facilidade com que Heitor parecia se envolver, e talvez até se desprender dos relacionamentos a fez se lembrar do ex, que mal havia cancelado o casamento e já estava com outra.
_Foco, Laura ! disse para si mesma, endireitando-se na cadeira e fechando as abas do navegador. _Não importa o que ele faz ou com quem sai. Isso não tem relevância para o caso.
Apesar disso, outra dúvida começou a rondar sua mente. Enquanto revia as imagens de Heitor em festas e eventos grandiosos, rodeado de gente, ela não conseguia evitar se perguntar se ele tinha tempo para a filha.
Laura suspirou, olhando para uma foto onde ele estava sorrindo ao lado de uma mulher deslumbrante em um evento empresarial. Aquilo parecia tão distante da realidade de um pai dedicado.
_É, Heitor… espero que você seja mais do que essas fotos mostram. Porque, se não for, eu vou descobrir. Disse enquanto fechava o notebook.
Girando a cadeira, um pensamento inesperado surgiu em sua mente. As fotos que havia analisado não deixavam espaço para dúvidas: Heitor Albuquerque era, inegavelmente, um homem muito bonito. Seus traços marcantes e o charme evidente nas imagens explicavam, ao menos em parte, por que tantas mulheres gravitavam ao seu redor, além do fato dele ser rico.
_Tudo bem, tenho que admitir, ele é bonito… charmoso… mas continua sendo um playboy irritante. Resmungou, balançando a cabeça como se quisesse afastar aqueles pensamentos.
Respirando fundo, ela fez uma anotação rápida sobre as empresas dele, e dos lugares que Heitor costumava frequentar. Apesar de seus sentimentos contraditórios, ela sabia que precisava manter a cabeça no lugar. O trabalho vinha primeiro, e seu objetivo era proteger Liz e resolver o caso.
No fundo, porém, Laura sabia que o desafio não seria apenas lidar com Heitor e seus hábitos aparentemente fúteis. Ela precisaria confrontar suas próprias reservas, o desconforto de se passar por namorada de alguém que parecia viver um mundo completamente diferente do seu, e a pressão de cumprir sua missão com perfeição.
Enquanto se preparava para a mudança que estava por vir, Laura decidiu uma coisa: independente de quem Heitor Albuquerque fosse, ela não permitiria que isso interferisse em sua capacidade de agir. Liz era a prioridade, e nada, nem mesmo a irritação ou uma atração relutante pelo pai da menina, a impediria de protegê-la.
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Naquele mesmo dia, Almeida chamou Heitor para uma reunião no início da tarde. Apesar da postura confiante que Heitor costumava exibir, seus olhos estavam carregados de preocupação. A tentativa de sequestro de Liz havia abalado profundamente o empresário, que agora tinha medo de que algo pudesse acontecer à sua filha.
_Heitor, obrigado por vir. Disse Almeida, gesticulando para que ele se sentasse. _Vou ser direto. Precisamos agir rápido para garantir a segurança da sua filha, e identificar quem está por trás da tentativa de sequestro. Para isso, proponho colocarmos uma investigadora disfarçada em sua casa.
Heitor, franziu a testa e olhou para o delegado tentando acompanhar o raciocínio.
_Disfarçada como o quê? Babá? Empregada? Segurança...
O delegado fez um leve movimento com a cabeça, indicando que não era o caso.
_Não, como sua namorada, sei que está solteiro, não terá problemas…
Por um instante, o silêncio dominou a sala. Heitor arqueou as sobrancelhas, surpreso.
_Minha... namorada? Ele repetiu, quase como se quisesse confirmar o que havia escutado. _ O senhor tem certeza disso? Ele parecia hesitante, mas Almeida continuou com calma.
_É a melhor opção, assim garantirmos que a investigadora esteja presente em todos os momentos, sem levantar suspeitas. Sua rotina será observada de perto, e durante o tempo que ela estiver morando na sua casa, qualquer um que tente se aproximar de Liz não passará despercebido. Laura, a nossa investigadora, é uma profissional experiente e já trabalhou em casos semelhantes. Ela vai garantir que Liz esteja protegida.
Heitor ficou em silêncio por alguns segundos, claramente ponderando sobre a ideia. Ele finalmente suspirou, passando a mão pelos cabelos.
_Se isso significa proteger minha filha, eu topo. Façam o que for necessário.
_Fico feliz em ouvir isso. Agora, para que o disfarce funcione, preciso que você preparar o terreno. Sugiro que avise aos seus funcionários que a sua namorada vai se mudar para sua casa. Eles não podem desconfiar que se trata de uma investigação.
Heitor concordou com a cabeça, embora parecesse levemente desconfortável.
_Tudo bem. Vou conversar com os meus funcionários … Só espero que eles não façam muitas perguntas... Eu nunca levei as minhas ex namoradas para dormir na minha casa, justamente por causa da Liz, a minha filha quer muito ter uma mãe, e eu sempre evitei fazer isso para não confundi-la, ou dar esperanças em vão…
_Entendo. Mas eu não acredito que os seus funcionários vão questionar. Diga que quer ter a su namorada por perto, que estão juntos há algum tempo em segredo, e que vocês estão muito apaixonados, por isso vai levá-la para a sua casa. E qualquer um que reaja de maneira estranha ou exagerada se tornará um ponto de atenção para nós. Faz parte do plano. Explicou o delegado. _E a Laura estará lá para proteger Liz, mas também para observar o comportamento de todos ao seu redor. Isso inclui movimentações suspeitas ao refor, seus funcionários, amigos, parentes, e qualquer visitante.
Heitor respirou fundo, processando tudo. O desconforto com a situação era evidente, mas sua prioridade era clara.
_Eu não me importo com o que precisa ser feito, contanto que Liz fique segura. Apenas me diga quando ela vai chegar.
_Laura pode ir para a sua casa amanhã. Sugiro que faça os ajustes necessários antes disso. Qualquer coisa fora do comum, me avise imediatamente.
Heitor se levantou, apertando a mão do delegado com firmeza.
_Vou fazer minha parte. Apenas mantenha minha filha fora de perigo.
_Isso é uma prioridade para todos nós, Heitor. Confie no processo.
_ Estou tentando.
_Quero que você conheça Laura o mais breve possível. Será importante que vocês alinhem os detalhes e criem uma dinâmica convincente. Talvez vocês possam se encontrar hoje à noite para conversarem.
Heitor fez um leve aceno de cabeça, concordando.
_Está certo. Só quero que essa situação se resolva. Disse antes de ir embora.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Paty Helena
Será que o Delegado Almeida tá querendo da um de cúpido tbm heim? Que sugestão , disfarce de namorada e ter q morar lá na casa de Heitor ,a Laura vai criar sentimentos na Liz e no papai bonitão com certeza 😁😍
2025-01-28
27
Ana Maria Cabral Ferreira Dos Passos
só comentar uma parte lá do início da estória ,se a Marcela que a Laura conheceu na praia é a mãe da Liz o tempo não bateu,porque segundo a autora ,Laura demorou quatro anos pra se tornar investigadora mais o tempo de trabalho e a Liz foi dito que tem 3 anos ,então as datas divergem
2025-03-08
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Dora Henrique
, estou gostando do diálogo leve mas dentro do contesto, só achei aquele noivo e é amiga uns baba as que merece lá na frente um troco daqueles bem grande que mostre nos jornais e na sociedade que eles prezado tanti
2025-02-09
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