Cap. 5

Ao chegar na delegacia, Heitor foi diretamente para a sala de Almeida.

_Boa noite, foi um alívio saber que o senhor poderia me atender agora. Cumprimentou Heitor estendendo a mão.

Almeida, veterano na polícia e amigo de longa data da família Albuquerque, retribuiu o gesto com firmeza.

_Você é o filho do meu melhor amigo, Heitor. Não poderia deixar de te atender. Agora, preciso que conte exatamente o que aconteceu. Pediu apontando a cadeira a sua frente para Heitor.

Heitor sentou-se, e  em detalhes, relatou o que sabia sobre a tentativa de sequestro da filha. Sua voz ainda estava carregada de emoção, mostrava o quanto aquele fato o deixou abalado.

_ Você suspeita de alguém? Perguntou Almeida atento a cada palavra.

_ Não, eu não faço ideia de quem possa ter tentado sequestrar a minha filha.   Minha vida é cheia de compromissos, negócios, pessoas entrando e saindo…e que eu saiba, eu não tenho inimigos.  É difícil imaginar quem teria motivo para isso.

O delegado apoiou os cotovelos na mesa, com uma expressão reflexiva.

_ Não podemos descartar ninguém, Heitor. Bandidos, parentes, funcionários, parceiros de negócios e até amigos próximos podem estar envolvidos. Essa é a parte mais difícil de lidar.

As palavras de almeida fizeram Heitor questionar em quem realmente poderia confiar.

_ Vou reforçar a segurança da casa e da minha filha imediatamente. Afirmou  Heitor determinado a manter a filha em segurança.

_É uma boa decisão. Concordou Almeida, levantando-se. _Não se preocupe. Vou traçar um plano, e garanto que vamos encontrar esses bandidos e descobrir quem está por trás disso. Garantiu o delegado

_ Obrigado, Almeida. Isso significa muito para mim, a minha filha é a minha vida. Heitor estendeu a mão ao delegado, num gesto de gratidão. _ E por favor, não conte aos meus pais o que está acontecendo, eles estão viajando, não quero preocupa-los agora.

_ Conte com a minha discrição

Enquanto Heitor deixava a delegacia, Almeida permaneceu na sala, pensativo. Ele sabia que o caso não seria simples. Para proteger Liz e encontrar os responsáveis, seria necessário mais do que uma investigação comum. Por isso, ele decidiu chamar Laura, uma das melhores investigadoras da unidade, para assumir o caso. Laura, conhecida por sua habilidade em trabalhar disfarçada, seria encarregada de se infiltrar na casa de Heitor para colher informações.

Na manhã seguinte, Laura foi convocada ao escritório do delegado. Assim que Almeida explicou os detalhes da missão, Laura ficou intrigada, tentando imaginar como se encaixaria no plano.

_Então, qual será a minha função na cada? Vou me infiltrar como babá da filha dele? Laura perguntou, enquanto tentava visualizar o plano. O delegado balançou a cabeça.

_Não, Laura. Liz já tem duas ou três  babás se não me engano. Não faria sentido contratar mais uma.

Laura arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços.

_Empregada, então? Isso me daria acesso à casa sem levantar suspeitas. Mais uma vez, o delegado negou.

_Também não é o caso. Os Empregados têm horários e acesso limitado. Precisamos de alguém que possa circular livremente por toda a casa, sem levantar suspeitas.

Laura inclinou a cabeça, esperando pela resposta final. O delegado deu um sorriso, como se soubesse que o próximo detalhe a surpreenderia.

_ Não é o que eu estou pensando...

_Talvez… Laura, você se vai entrar naquela casa disfarçada de namorada de Heitor Albuquerque.

_ O quê? Os olhos de Laura se arregalaram. _Namorada? Você só pode estar brincando, chefe. _ E ele aceitou?

_Não estou brincando. Laura. Heitor quer proteger a filha a qualquer custo, então, ele não vai se opor. Heitor é um homem que atrai atenção, e qualquer outra abordagem seria facilmente questionada. Você terá acesso completo à casa, à rotina dele e da menina. É o disfarce perfeito.

Laura já havia se disfarçado em situações complexas antes, mas essa seria diferente. Não envolvia apenas se misturar e colher informações, exigia um nível de interação emocional que ela não estava acostumada.

Laura suspirou profundamente, ainda processando a ideia.

_Isso é... diferente. E se ele não colaborar? Almeida sorriu com confiança.

_Heitor sabe o que está em jogo. Ele fará a parte dele, e confio que você fará a sua. Estamos contando com sua experiência para resolver esse caso.

Laura concordou, mesmo ainda um pouco desconfortável com a situação.

_Tudo bem, mas espero que ele não seja difícil de lidar.

Almeida deu uma risada curta.

_ Heitor é um bom homem… vai perceber. Bem-vinda ao caso, Laura. Prepare-se. Amanhã você deve se mudar para a casa dele.

_Amanhã? Não há nem tempo para preparação? Perguntou Laura surpresa.

_É exatamente por isso que precisamos agir rápido. A situação é delicada, e quanto mais cedo você estiver lá, mais cedo podemos proteger Liz e descobrir quem está por trás do que aconteceu

Laura suspirou, mas concordou.

_Está bem, chefe. Vou me preparar para a mudança. Espero que ele esteja mesmo disposto a colaborar.

_Ele está. E confio que você fará um trabalho impecável. Boa sorte, Laura. Desejou Almeida, estendendo a mão para ela que apertou confirmando que faria parte da investigação.

Enquanto deixava a sala, Laura já planejava seus próximos passos. Apesar das incertezas, ela sabia que faria tudo ao seu alcance para proteger Liz e resolver o caso. E, ainda que relutante, estava pronta para entrar na casa e na vida de Heitor Albuquerque.

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