Cap.4

E outra situação, estava Heitor Albuquerque de 35 anos, um exemplo clássico de poder e influência. Herdeiro de uma das maiores fortunas do país, ele tinha tudo o que muitos consideravam essencial para uma vida perfeita: beleza, riqueza e prestígio, além de ser um homem íntegro e justo. Mas, para ele, nada disso importava diante do maior desafio de sua vida, criar Liz, sua filha de apenas 5 anos, sozinho.

Há três anos, Heitor enfrentou uma traição que mudou para sempre sua vida. Marcela, sua esposa e mãe de Liz, não apenas o traiu com um ex-sócio, mas também abandonou a filha após o divorcio, o que deixou marcas profundas em Heitor, especialmente ao saber o quando o abandono afetava a filha.

Naquela noite, olhando a filha dormir tranquilamente, Heitor se lembrou que antes de descobrir a traição, Marcela se distanciou dele, e quando ele finalmente descobriu o que estava acontecendo não obteve uma resposta convincente.

_ Por que Marcela? Ele perguntou na época, com a voz carregada de mágoa.

_ Sabe por quê Heitor? Porque você só pensa em trabalho! Não me valoriza mais, e desde que a Liz nasceu, nós quase não saímos, sequer viajamos outra vez. Você parece que foi enfeitiçado por essa garota... Respondeu Marcela, tentando justificar sua traição.

_ É isso que você pensa da sua filha? Ele questionou incrédulo. _ Pensei que você queria ficar mais tempo com ela nessa fase como eu quero, e porque nunca me disse o que sentia? Podíamos ter conversado, resolvido essa situação, mas você preferiu me trair.

_ Trai, e não me arrependo. Sempre tive dúvidas se queria ser mãe... fiz para te agradar, mas não valeu a pena.

 _Então vamos nos divorciar. Disse Heitor perdendo qualquer admiração que um dia teve por Marcela.

A justificativa de Marcela, não fazia nenhum sentido para Heitor. Sim, ele amava Marcela, e nunca quis que ela se sentisse negligenciada. No entanto, as escolhas dela haviam quebrado qualquer chance de reconciliação, e ele nunca permitiria que ela falasse daquela forma da filha.

Marcela foi embora satisfeita com o acordo de divórcio, deixando a filha para trás.

Desde então, Heitor tentava desesperadamente equilibrar seu papel de pai e suas responsabilidades de empresário.

Liz era uma menina doce, de sorriso encantador e olhos curiosos, mas, mesmo com todo o amor do pai, sentia falta de algo que ele não podia suprir. Embora ela fosse jovem demais para saber como a mãe foi embora, Liz começou a perceber as diferenças entre sua vida e a de seus coleguinhas na escola.

_ Papai… quando eu vou ter uma mamãe igual os meus coleguinhas da escola? Liz perguntava frequentemente, com aquela inocência infantil que fazia Heitor sentir o coração apertar.

Determinado a atender ao desejo da filha, Heitor tentou se relacionar com mulheres que pudessem preencher esse vazio. No entanto, as escolhas se mostravam desastrosas. A maioria das mulheres que ele conhecia, pareciam mais interessada em sua fortuna do que nele ou em Liz. Algumas sequer tinham paciência com a menina.

Quando percebia os sinais de desinteresse ou frieza em relação à filha, Heitor encerrava os relacionamentos. A frustração crescia a cada tentativa mal sucedida, e ele começou a duvidar de que pudesse encontrar alguém que realmente se importasse.

Naquela noite, enquanto Heitor ajudava Liz a escovar os dentes antes de colocá-la na cama, a pequena o surpreendeu com uma pergunta um pouco diferente da anterior,  para a qual ele jamais esteve preparado.

_Papai, por que eu não posso ter uma mamãe como os meus coleguinhas da escola?

Liz perguntou com os olhos grandes e inocentes fixos nele. A escova de dentes parou em suas mãos, e ele sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Olhou para os olhos da filha, cheios de curiosidade e tristeza, e tentou sorrir, embora não conseguisse ser natural.

_Liz, você sabe que o papai está sempre aqui para você, não sabe? Eu te amo mais do que qualquer pessoa no mundo...

_Eu sei, papai…  ela respondeu com simplicidade, mas havia uma tristeza em sua voz. _Mas não é a mesma coisa.

Heitor a pegou no colo e a abraçou apertado.

_  Filha… quando você for grande… ele parou sem ter uma explicação que não fosse dolorosa. _Eu prometo, amor, que vou fazer de tudo para você ser feliz. Esta bem?

Liz o abraçou de volta parecendo entender, mas ele sabia que aquela promessa pesaria em sua alma. Depois de colocá-la na cama, Heitor passou horas acordado, refletindo sobre as palavras da filha. Ela tinha razão. Ele queria mais para ela. Mais do que ele mesmo sabia oferecer.

___________________________________________________

Alguns dias se passaram...

Liz estava na escola, e tarde parecia tranquila com qulquer outra, e ela menina brincava com os amiguinhos na escola.

Quando o  o sinal tocou, anunciando o fim das aulas. Crianças saíam animadas pelos portões, carregando mochilas coloridas e falando alto sobre as atividades do dia com os pais. Liz, com seu uniforme impecável e uma fita azul no cabelo, segurava a mão de uma das babás enquanto caminhava em direção ao carro que as aguardava, já que Heitor não pode buscá-la naquela tarde

Carlos, o motorista da casa, esperava pacientemente em frente à escola, o veículo preto brilhando sob o sol, e quando elas entrar, seguiu tranquilamente pelas ruas do bairro em direção a casa de Heitor. Liz estava no banco traseiro, ao lado da babá, distraída com um desenho em seu tablet. De repente, um SUV cinza apareceu no retrovisor, aproximando-se rapidamente. O motorista notou o veículo e franziu a testa, sentindo algo estranho na forma como ele seguia. Tentou desacelerar para ver se o carro ultrapassaria, mas, em vez disso, o SUV emparelhou com o lado do passageiro, onde Liz estava sentada.

Foi tudo muito rápido. O SUV desviou ligeiramente para a direita, forçando o carro onde estava Liz a encostar na calçada. Nesse momento, o motorista, mantendo a calma apesar da tensão, ativou o sistema de tranca total, que impedia a abertura das portas por fora.

Dois homens encapuzados desceram, armados, e correram em direção ao veículo. Um deles bateu na janela do lado de Liz com o cabo da arma, gritando:

_Abre a porta! Agora!

Liz congelou no banco, os olhos arregalados de terror, enquanto a babá ao seu lado instintivamente a puxava para si, tentando protegê-la. O motorista tentou engatar a marcha ré, mas o SUV bloqueou completamente a saída.

O outro homem começou a bater no vidro do lado do motorista, ameaçando atirar.

_Vocês têm três segundos! Saiam ou eu arrebento tudo! Ele gritou, apontando a arma diretamente para o vidro.

A babá, em pânico, tentou acalmar Liz.

_Está tudo bem, meu amor, só fica comigo... Ela segurava a menina com força cobrindo seus olhos, enquanto o motorista apertava desesperadamente o botão de emergência do carro, que acionava diretamente o sistema de segurança de Heitor.

Algo que os sequestradores não contavam, era com a blindagem do veículo. Após perceberem que os vidros não quebrariam facilmente, um deles voltou ao SUV e puxou um pé de cabra, tentando forçar a porta.

Os homens gritavam, frustrados, enquanto Liz chorava, segurando a babá com todas as forças. Foi então que o som de uma sirene ao longe cortou o ar. A polícia havia sido acionada. Percebendo que tinham pouco tempo, os sequestradores voltaram para o SUV e partiram em alta velocidade.

O motorista esperou alguns segundos para garantir que estavam a salvo antes de seguiu escoltado em direção à casa de Heitor. O silêncio no carro era quebrado apenas pelos soluços de Liz, que ainda estava em choque. A babá a abraçou, tentando acalmá-la.

_Já passou, querida. Você está segura agora.

Ao chegarem na mansão, Heitor parou logo atrás do carro, tinha largado tudo e voltado para casa depois de receber a mensagem de emergência. Quando viu o carro estacionar, correu até a porta, abrindo-a rapidamente. Liz, com os olhos cheios de lágrimas, jogou-se nos braços do pai.

_Papaaaai! ela choramingou, enterrando o rosto no peito dele.

Heitor apertou a filha contra si, o coração acelerado e a raiva queimando em suas veias. Ele olhou para o motorista, que ainda estava pálido.

_O  que aconteceu? Queria saber Heitor.

_Foi uma tentativa de sequestro, senhor. Respondeu ele, com a voz trêmula. _Eram dois homens. Bloquearam o carro, mas não conseguiram quebrar a blindagem. Quando a polícia chegou e eles fugiram.

Heitor respirou fundo, tentando manter a calma enquanto acariciava os cabelos de Liz. Ele fechou os olhos, prometendo para si mesmo que ninguém jamais chegaria perto de sua filha novamente.

Heitor levou Liz para o quarto, e ela parecia mais tranquila e acabou adormecendo.

Heitor, ele pegou o telefone e ligou diretamente para o delegado Almeida, amigo de longa data do seu pai.

_Preciso de conversar com você… agora.... Tentaram levar minha filha. Falou depois de cumprimenta-lo. Dessa vez, Heitor sabia que não bastava apenas reagir. Ele precisava agir rápido e garantir que nenhuma ameaça sequer chegasse perto de Liz outra vez.

Depois de verificar que a filha estava bem, Heitor saiu para se encontrar com Almeida na delegacia, verificando se não estava sendo seguido

Mais populares

Comments

Fátima Ribeiro

Fátima Ribeiro

gostei deste pai, amoroso cuidadoso.
muito bom..

2025-04-15

0

Maria Ines Santos Ferreira

Maria Ines Santos Ferreira

aí tomara que ela seja segurança da menina

2025-04-08

1

Joelma Oliveira

Joelma Oliveira

eita! será que é a mulher que ela enconteou na praia?

2025-04-05

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!