Cap. 7

O encontro entre Laura e Heitor foi marcado em um café, um ambiente neutro e discreto. Laura chegou primeiro, ajustando a postura enquanto esperava. Ela vestia uma blusa de cor neutra e calça jeans, simples, mas prática para sua função. Seus olhos atentos analisavam cada detalhe do local, enquanto tentava mentalizar a melhor forma de abordar a situação, sentindo que estava mais nervosa do que costuma ficar.

Poucos minutos depois, Heitor chegou e ela acenou para ele. Ele era um homem alto, com ombros largos e porte confiante. Seus cabelos estavam perfeitamente arrumados, e seus olhos marcantes passavam uma impressão de seriedade, mas também de mistério. Vestindo um terno que parecia feito sob medida,  e um relógio de grife, ele exalava um ar de sofisticação que, para Laura, parecia deixá-lo  carregado de uma certa arrogância.

Quando Heitor se aproximou, ambos se moveram ao mesmo tempo para se cumprimentar e acabaram se trombando. Laura perdeu brevemente o equilíbrio, mas antes que pudesse cair, Heitor a segurou firmemente pelos braços. O contato os deixou a poucos centímetros de distância, e por alguns segundos, ambos ficaram presos no olhar um do outro, como se o mundo ao redor tivesse parado.

Laura não conseguiu reagir imediatamente, sentindo o coração bater um pouco mais forte.

"Alto, forte, olhos marcantes e o cheiro... extremamente atrativo", pensou, tentando afastar qualquer pensamento que não fosse profissional. Ainda assim, algo naquele homem a fazia sentir um leve desconforto, talvez pela postura impecável que beirava a arrogância.

Heitor, por sua vez, também estava impressionado. Ele não esperava que a investigadora fosse uma mulher tão bonita. Seus olhos analisaram rapidamente o rosto dela, o olhar confiante, e a proximidade fez com que ele sentisse o cheiro dela. Apesar de tudo, uma dúvida persistia em sua mente.

"Será que ela realmente está preparada para proteger minha filha?" Ele se perguntava mentalmente enquanto solva Laura, mas seus olhos ainda permaneceram fixos nos dela mostravam que algo naquele momento havia chamado sua atenção de uma forma inesperada.

_Me desculpe. Pediu  Heitor, sua voz grave e polida.

_Está tudo bem, sente-se. respondeu Laura, recompondo-se rapidamente, mas ainda sentindo o calor das mãos dele em seus braços. _Bem, o doutor Almeida já deve ter explicado parte do plano, agora precisamos conversar sobre os próximos passos.

_Então, Laura, não é? Como vamos garantir que ninguém desconfie de você? Quero dizer, se alguém perguntar sobre seu trabalho, o que vai dizer? Heitor perguntou, enquanto mantinha os olhos nos dela..

_Eu já pensei nisso. Tenho um perfil falso na internet com milhares de seguidores entre verdadeiros e falsos. Sempre digo que sou influenciadora digital. Nunca falhou antes.

_Influenciadora digital? Isso é... criativo. E o que exatamente tem no seu perfil?

_Moda, estilo de vida, essas coisas. Nada muito elaborado, mas o suficiente para justificar a curiosidade de qualquer um. Laura explicou, confiante.

_ Certo, e que dizer se alguém perguntar como nos conhecemos

_ Sei que você participa de muitos eventos como empresário, então podemos dizer que nos conhecemos em desses eventos, que eu estava presente como embaixadora de uma marca e assim.

Heitor soltou um riso baixo.

_Interessante. Espero que funcione tão bem quanto você diz. Desculpe... Deve saber que estou preocupado com a minha filha.

Laura compreendia a preocupação dele.

_Pode confiar em mim, vai dar tudo certo.

A tensão inicial entre eles parecia diminuir, mas o ambiente ainda carregava uma certa reserva. Ambos sabiam que, apesar de tudo, precisavam se ajustar à dinâmica incomum que estavam prestes a enfrentar. Depois de algum tempo de conversa, marcaram o horário para se encontrarem no outro dia para que Laura fosse para a casa de Heitor.

_Então, a partir de amanhã, você estará oficialmente na minha casa... Disse Heitor pensativo. _Como será que Liz vai reagir a isso? Perguntou preocupado

_Crianças são observadoras e sensíveis. _Vou me esforçar para que ela se sinta à vontade. Minha prioridade é protegê-la, mas também quero que ela se sinta segura ao meu lado.

Por um instante, Heitor relaxou a postura. Apesar de desconfiado, ele conseguia perceber que Laura tinha um lado humano. Ele apenas esperava que tudo o que estava fazendo fosse suficiente para manter a filha fora de perigo, mas temia que a Liz se apegasse a Laura.

_ Vou pedir para que preparem o quarto de visitas para você…

_ Quarto de visitas? Laura interrompeu Heitor. _ Olha sei que essa situação será no mínimo desconfortável, mas quem levaria uma namorada para casa para dormir no quarto de visitas? Questionou Laura. _ Isso levantaria suspeitas.

_ É, você tem razão… O meu quarto é grande, posso colocar uma cama… Ele parou quando Laura não conteve um sorriso.

_  E o que os empregados vão achar disso? Não se preocupe, vou levar um colchão inflável e um biombo, não teremos problemas para dividir o quarto.

_ No meu quarto tem um chaise longue, um sofá, que normalmente uso para leitura… pode dormir nele, se preferir. É um móvel confortável.

_ Perfeito, então!

_ Vou pedir para que abram espaço meu closet para que acomode seus pertences.

_ Ok. Vou levar  só o necessário, então não vou precisa de muito espaço.

Ao final da conversa, Heitor pagou a conta e os dois se levantaram. A despedida foi breve, com um aperto de mão. No entanto, os olhares que trocaram carregavam algo a mais, como se ambos soubessem que essa missão traria desafios que iam além do perigo que os cercava.

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