Cap. 20

Laura tentou com todas as forças resistir ao sono.

Seu olhar se alternava entre Liz, deitada ao seu lado, e Heitor. A mão de Liz segurava a sua com doçura, num gesto simples, mas que mexia com os sentimentos dela. Já Heitor, ele estava perto demais, e sua presença forte e protetora a fazia sentir segura, mesmo sabendo que não estava em perigo.

Heitor sentia-se bem com a presença de Laura, e também ficou acordado pou um tempo, mas logo dormir sentindo o cheiro dela que estava ao seu lado.

Laura parecia sentir o calor do corpo dele irradiando ao seu lado, o cheiro do perfume dele a envolvia como um abraço invisível. Seus sentidos estavam alertas, e seu coração batia em um ritmo diferente, descompassado.

“Eu não posso dormir…” Continuou a pensar.

Mas seus olhos começaram a pesar, diante daquele momento tão reconfortante, que ela já havia imaginado, mas que depois da decepção que teve, não esperava mais fosse acontecer. Por um breve momento, Laura se permitiu relaxar, escutando a respiração tranquila de Liz, sentindo a segurança que Heitor transmitia apenas por estar ali.

A luta contra o sono foi se tornando impossível de vencer. Seus pensamentos embaralharam-se, seu corpo cedeu ao cansaço e, pouco a pouco, Laura perdeu a batalha, e seus olhos se fecharam, e ela adormeceu.

O silêncio do quarto foi preenchido apenas pelo ritmo calmo das respirações dos três. E, sem perceber, Laura se entregou ao momento, e a uma sensação que nunca imaginou sentir novamente.

Antes do sol nascer, Liz acordou movendo-se levemente na cama antes de se sentar. Com um bocejo sonolento, esfregou os olhos sentindo vontade de ir ao banheiro.

_Eu quero fazer xixi… Sua voz saiu baixa, quase um sussurro perdido na escuridão do quarto.

Devagar, ela se levantou, passando por Laura. O colchão afundou um pouco com seu movimento, e Laura, em um reflexo inconsciente, abriu os olhos por um instante. A penumbra tornava tudo difuso, e o cansaço a impediu de raciocinar. Ela apenas rolou na cama para o lado oposto, buscando uma posição mais confortável, e foi então que seu corpo encontrou o de Heitor.

O calor do corpo dele era agradável e envolvente. Laura abandonou o travesseiro, apoiando a cabeça rlno peito de Heitor, e sonolenta, ela não teve forças para se afastar.

Liz parou em frente a porta do banheiro do pai, pensando por um momento chegando a uma conclusão. Ela deu meia-volta e seguiu para o próprio quarto indo ao banheiro que costumava usar, mesmo sabendo que tudo o que queria era voltar a dormir.

Depois de usar o banheiro, Liz, tomada pelo sono, deitou-se na sua cama, puxando o edredom para se cobrir. O calor familiar da cama a envolveu, e, sem pensar muito, ela se virou para um lado, abraçando o travesseiro, voltando a dormir novamente.

No quarto do pai, Laura e Heitor continuavam dormindo, inconscientes da proximidade dos seus corpos, e da forma como o destino parecia, pouco a pouco, unir as suas vidas.

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A luz suave da manhã começava a iluminar o quarto, indicando o inicio de um novo dia.   Heitor foi o primeiro a acordar, sentindo um calor confortável junto ao seu corpo. Por um breve momento ele não percebeu o motivo, até que uma mecha do cabelo de Laura roçou no seu rosto.

Ele piscou algumas vezes, ajustando a visão à claridade que aos poucos preenchia o ambiente, e então percebeu que Liz nao estava ali, sabendo que ela devia ter voltado para o quarto como sempre fazia, e que Laura estava dormindo em seus braços.

E ver e sentir Laura em seus braços, faz o coração de Heitor dar um salto inesperado.

Ela parecia completamente entregue ao sono. O seu rosto sereno estava repousando no peito de Heitor. Uma de suas mãos descansava sobre sua cintura dele, enquanto as pernas de ambos estavam enroscadas como se aquele contato fosse natural, e as noites sempre tivessem sido assim.

Por um instante, Heitor apenas ficou parado, absorvendo a sensação gostosa de tê-la em seus braços. Ele não queria se mover, não queria quebrar aquele momento, só queria  abraçá-la mais forte, enquanto tentava se lembrar da última vez que se sentiu daquele jeito. Bem, ele não se lembrou.

Havia algo na forma como Laura se mostrava para ele que despertava uma sensação quase esquecida dentro de si. Um sentimento que ele não sabia dar nome, mas que fazia com que ele desejasse ter Laura ali por mais tempo, como se aquele instante fosse precioso demais para ser interrompido.

Mesmo com tudo que sentia, Heitor sabia que devia se afastar.

Mas, ao invés disso, sua mão, como se tivesse vontade própria, subiu devagar até uma mecha de cabelo que caía sobre o rosto dela. Os dedos de Heitor roçaram de leve a pele de Laura, um toque leve, quase imperceptível, enquanto ele afastava o cabelo.

Laura começou a se mexer, e murmurou algo inaudível, e Heitor prendeu a respiração, se perguntando se ela acordaria naquele momento.

Mas, ao contrário do que ele pensava, Laura apenas suspirou e se aconchegou ainda mais em seus braços, os lábios roçando de leve seu peito antes de se acomodar novamente.

Heitor não sabia o que ele significava para Laura, não sabia como ela reagiria quando acordasse, mas, por enquanto…ele apenas ficaria ao lado dela.

Ele fechou os olhos por um momento, sentindo a respiração dela contra sua pele. Um sorriso ameaçou surgir em seus lábios, mas logo se dissipou quando a realidade navemente bateu a sua porta.

“ Droga! Isso não está certo… não faz parte do plano.”

No entanto, algo dentro de Heitor gritava, desejando que ela não se afastasse e de  de alguma forma, ele sentia que nada mais seria como antes.

O silêncio tranquilo do quarto foi interrompido pelo toque insistente no celular de Laura, fazendo ela franzir levemente a testa antes de abrir os olhos.

Heitor permaneceu observando Laura, que ainda estava em seus braços.

Ela suspirou baixinho despertando, os olhos piscando devagar contra a claridade suave da manhã. Ainda sonolenta, levou alguns segundos para processar onde estava, até que sentiu o calor de Heitor junto ao seu. O coração de Laura acelerou quando percebeu o quanto perto estava de Heitor. Suas mãos se apoiaram contra o peito dele, sentindo o calor de sua pele sob o tecido da camisa.

Ela ergueu os olhos, encontrando o olhar intenso de Heitor sobre ela. Ele não disfarçou que já estava acordado e sorriu para ela.

_ Bom dia...

_ Bom dia. Laura sorriu e o cumprimentou com a voz ainda carregada de sono.

E antes que pudesse pensar no que estava fazendo, Laura deslizou seu corpo sobre dele para alcançar seus lábios, dando em Heitor um selinho rápido e espontâneo, quase inocente.

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