Cap. 3

Sentindo-se traída, humilhada e consumida por um turbilhão de emoções, Laura inicialmente mergulhou num abismo de tristeza se afastando de tudo e de todos. Os dias passaram como borrões, enquanto ela tentava entender como a sua vida havia mudado tão drasticamente em tão pouco tempo. Mas, lentamente, a tristeza deu lugar à raiva. Uma raiva que não a paralisava, mas sim a impulsionava. Era uma força avassaladora que a fazia querer se levantar e reconstruir a sua vida, não por vingança, mas por si mesma.

Determinada a não deixar a traição e a humilhação definirem seu futuro, Laura começou a traçar um novo caminho. Ela revisitou seus sonhos, aqueles que não dependiam de mais ninguém. Decidiu buscar novos desafios, abraçar oportunidades que tinha deixado para tras e, acima de tudo, reconectar-se com quem realmente era.

Ao passar pela sala, Laura viu o vestido de noiva jogado em um canto. Ela percebeu que, embora o vestido de noiva simbolizasse um sonho que não se realizaria, ele também marcava o início de uma nova jornada. Uma jornada de autodescoberta, resiliência e coragem para recomeçar.

Laura encarou o vestido, agora amassado e sem o brilho que antes carregava. Por alguns instantes, sentiu a dor voltar a transbordar, mas, com um gesto decidido, enxugou as lágrimas e foi ate onde ele estava.

_Eu não preciso mais de você… Disse, com a voz firme, enquanto pegava o vestido para jogar no lixo.

Aquele ato simbólico parecia pesado, mas libertador. Era o fim de um sonho, sim, mas também o início de algo novo. E Laura sabia que não poderia mais viver à sombra de uma traição ou da decepção. Ela precisava de um propósito.

Laura decidiu fazer uma viagem. Sentia que precisava se afastar de tudo para organizar os pensamentos e aliviar o peso que carregava desde os últimos acontecimentos. Escolheu uma cidade paradisíaca, famosa por suas praias quase desertas e pela tranquilidade que proporcionava. Era o cenário perfeito para se reconectar consigo mesma.

Hospedada em uma pousada a beira mar, Laura passava os dias caminhando pela areia, ouvindo o som das ondas e apreciando o pôr do sol. Em uma dessas manhãs, enquanto tomava sol à beira-mar, uma mulher se aproximou

Posso me sentar? Perguntou a mulher apontando para a cadeira ao lado de Laura. Detesto ficar sozinha. Laura sorriu e apontomou para cadeira. _ Prazer, Marcela. Disse  Marcela, uma mulher bonita e elegante, com um ar despreocupado.

_Prazer,  Laura.

A conversa fluiu naturalmente. Marcela contou que estava na praia com o marido, mas ele havia saído para um passeio de barco mas que ela não gostava pois ficava enjoada.

_ Você está grávida? Perguntou Laura.

_ Não! E eu nem quero pensar nessa possibilidade. Disse Marcela horrorizada.

_ Então, você não quer ter filhos? Laura ficou curiosa reação dela.

_ Eu já tenho uma filha, do meu primeiro casamento, e ela já me basta.

_ Ah, entendi. Ela ficou com o pai durante a sua viagem.

_ Não exatamente… quando eu me separei, o pai ficou com a guarda da criança... Foi melhor assim. Eu precisava de liberdade, sabe? Disse, dando de ombros, como se o assunto não tivesse tanto peso.

Laura ficou surpresa com a indiferença com que Marcela falava sobre a filha, mas não disse nada.

_Olha, vou te dar um conselho... Marcela continuou, mudando o tom da conversa. _Nunca tenha filhos. Eles acabam com sua liberdade e, pior ainda, com seu corpo. Depois que minha filha nasceu, precisei fazer uma cirurgia plástica para voltar a ter uma barriga lisinha. Hoje, estou melhor do que antes! disse, rindo, enquanto passava a mão pela barriga chapada.

As palavras de Marcela soaram estranhas para Laura. Ela não conseguiu esconder o desconforto, mas decidiu não julgar. Afinal, cada pessoa tinha suas próprias experiências e escolhas. No entanto, aquela conversa a fez pensar profundamente. A ideia de que filhos poderiam estragar algo na vida de alguém parecia tão distante da forma como Laura via o amor e a conexão que uma criança poderia trazer.

Quando Marcela se levantou para voltar ao hotel, Laura ficou sentada, olhando para o horizonte. Seus pensamentos estavam a mil. Ela se perguntou como seria ser mãe, mesmo imaginando todas as dificuldades que muitas mães passam. Apesar de tudo, sentia que o amor de um filho não poderia ser medido ou substituído. Por mais que sua realidade fosse diferente, Laura percebeu que sua jornada não precisava ser definida pelo que perdeu, mas pelo que ainda poderia construir.

A viagem, que começou como uma forma de fuga, acabou sendo um momento de reflexão e renovação para Laura. Laura sentiu que, independentemente do que a vida lhe reservasse, estava pronta para encarar o futuro com determinação.

Ao voltar da viagem que a ajudou a refletir sobre o que realmente desejava para sua vida, Laura sabia que não queria ficar parada, mesmo tendo uma fonte de renda vinda dos fundos imobiliários, ela queria voltar trabalhar.

Com a sua formação Direito, Laura, em algum momento da vida, já havia considerado trabalhar na área ou até mesmo na polícia, uma ideia que sempre a fascinou. Quando soube que haveria um concurso público para o cargo investigador de polícia, ela decidiu que era a hora de tentar algo totalmente novo.

Por isso, Laura fez sua inscrição para o concurso, e mergulhou de cabeça nos estudos. Durante meses, Laura se dedicou com disciplina e determinação. Estudava dia e noite, impulsionada pela vontade de provar a si mesma que podia ser mais forte do que as circunstâncias que a vida lhe impôs.

Quando finalmente foi aprovada e convocada para o treinamento, sentiu uma onda de orgulho que há muito tempo não sentia de si mesma. Durante o processo, Laura descobriu uma força interna que nunca imaginara possuir. Aprendeu técnicas de investigação, combate e, talvez o mais importante, a controlar suas emoções mesmo em situações extremas. Cada aula era um passo a mais em direção à mulher que ela estava se tornando.

Ao concluir o treinamento, Laura ingressou na polícia como investigadora. Logo nos primeiros meses, sua dedicação e inteligência começaram a chamar atenção. Laura se destacou, começando a atuar disfarçada em investigações complexas. Caso após caso, Laura se firmou como uma profissional exemplar, reconhecida pela coragem e pela determinação que pareciam inabaláveis.

E assim, quatro anos se passaram desde o término de Laura e Daniel. Agora, aos 28 anos, Laura havia se transformado em uma versão mais forte e resiliente de si mesma. A dor do passado ainda existia, é claro, especialmente sempre que ouvia notícias do ex. Há pouco tempo, ela ficou soube que Daniel havia se casado com Bárbara, e que a amiga agora estava grávida do segundo filho. Apesar do desconforto que isso ainda causava, Laura usava essa dor como combustível para continuar sua jornada.

E durante esses anos, Laura decidiu não se envolver com mais ninguém, e estava bem sozinha. Não porque não houvesse pretendentes , vários haviam cruzado o seu caminho , mas ela nunca se interessou por nenhum deles, não queria ter que falar sobre a sua infertilidade com receio de novamente ser rejeitada.

Laura, 28 anos.

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Comments

Charlotte Peson

Charlotte Peson

Ninguém constrói felicidade em cima da infelicidade de alguém!!!!!! Daniel não era obrigado a ficar com ela,mas agiu como um
Canalha que é junto com a sobrenome amiga !!!

2025-01-28

58

Jaqueline Queiroz

Jaqueline Queiroz

misericórdia,a pessoa não deve abrir a boca pra falar asneiras, nunca sabemos das lutas de ninguém,eu não queria filhos não por estragar meu corpo ou qualquer coisa fútil,mas por sofrimentos na infância,e mesmo com todos os cuidados Deus me permitiu ser mãe, não quero outros somente uma mesmo,mas oro sempre por as mulheres que estão na luta pra engravidar,sempre peço a Deus que passe minha vez pra quem quer muito.conheço de perto essa luta pra conseguir gestar.

2025-03-30

1

elenice ferreira

elenice ferreira

A 1a coisa que temos que praticar numa adversidade dessa, é o desapego, é como o perdão, é difícil+ não impossível! remoer é se matar aos poucos , atestando nossa mania de achar que Deus é culpado de td. somos Humanos e Falhos! simples assim!

2025-03-13

1

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