herdeiros do destino

Capítulo 10

Tentando Fugir

— Você também é de lá? Por acaso, a agro em tecnologia que tinha em Curitiba te pertencia?

Lívia questiona, fingindo não saber e tentando descobrir o máximo de informações possível.

— Sim, mas eu encerrei as atividades dessa empresa.

— Mas por que, se ela gerava muitos empregos e, pelo que eu sei, era bem rentável?

Ravi pigarreia a garganta.

— Você está bem informada, mas foi preciso. De tempos em tempos, é bom recomeçar.

— E você, por que veio para São Paulo? — Pergunta um dos funcionários

— Como disse o chefe, de tempos em tempos, é bom recomeçar.

E assim seguiram até chegar nas plantações. Lívia ficou encantada com a qualidade da soja. Ela recolheu algumas amostras e, depois, andaram pelo armazém com Ravi e outros dois funcionários. Já no fim do dia, retornaram para a empresa, depois de enviar as amostras para o laboratório.

Lívia se preparava para ir embora, mas, antes que chegasse à porta do prédio, avistou Rafael, encostado no carro, esperando por ela. Ela foi até ele, deu-lhe um abraço caloroso e sussurrou em seu ouvido:

— Amigo, precisamos conversar...

— O que aconteceu?

—Vamos conversar em casa.

Rafael abriu a porta do carro, e, enquanto Lívia se acomodava no banco, ela se virou e viu Ravi descendo os degraus da escada em frente à empresa, observando-os se afastarem.

Em casa, os dois tomaram um café, e Rafael percebeu que Lívia estava apreensiva.

— Rafael, eu tomei uma decisão. Vou resolver essa questão para você o mais breve possível e, depois, vou encontrar minha mãe na África. Ela está na Somália em um projeto educacional e de combate à desnutrição. Chegou a hora de eu sair deste país.

— Mas por que isso agora?

— Rafael, eu pensei que ia superar tudo o que aconteceu, mas só tenho feito besteira.

— Mas Lívia, por que agora? Você já não estava superando aquele babaca do Isaque?

— Eu estava, mas fiz uma besteira essa semana.

— O que você fez?

Rafael olha para ela, preocupado.

— Tomei umas a mais e fui para a cama com um cara.

— E isso não é bom? Enfim...

— Onde isso é bom, Rafael? Eu transei com um desconhecido.

— Mas você nem se apresentou depois do sexo?

— Você ri... Claro que eu não me apresentei! Fugi igual uma covarde, estava morrendo de vergonha. Nem sei como ele é.

— Como não sabe, mulher? Que transa foi essa?

— Eu não me lembro, estava chapada.

Rafael balança a cabeça, incrédulo.

— Amiga, você se superou. Mas já foi. Não precisa sair do país por causa disso. Eu vivo transando com desconhecidas e nem por isso quero ir embora.

Rafael dá uma risada.

— Você ainda está rindo? Vocês homens não costumam se importar com isso, mas não é só por isso. Eu preciso dar um rumo diferente à minha vida. Essa não sou eu. Também estou com saudades da mamãe. Mas não se preocupe, eu vou resolver seu problema primeiro. Falando nisso, os negócios do Santorini parecem ser bem honestos. Os funcionários adoram ele e o respeitam muito. Pelo que entendi, ele está sempre ajudando eles e suas famílias. Agora, sobre o fechamento da fábrica de Curitiba, não entendi bem por que foi fechado, mas vou descobrir. E outra, disseram que ele é um homem muito bom, mas esconde uma dor muito grande. Sabemos que há um segredo. Ah, e ele é um gato também.

— Gato? Lívia, por favor, não vá se apaixonar pelo inimigo.

— Jamais, jamais vou me apaixonar novamente. Eu nunca mais quero saber disso.

— Bom, assim eu espero. Eu tenho que ir. Qualquer coisa, me liga.

— Eu vou descer com você. Vou dar uma caminhada. A noite está muito agradável. Quem sabe assim eu paro de surtar.

Ravi

Ravi sobe as escadas do prédio, confuso com as coincidências entre ele e Lívia. Ele entra em seu apartamento, toma um banho e coloca uma roupa leve para correr. As lembranças dos últimos acontecimentos confundem sua mente. Ele não consegue entender por que se incomodou ao ver ela com aquele homem, mas decide correr. Ele quer esquecer a mistura de sentimentos dentro de si, um misto de raiva e dor. Enquanto acelera o ritmo da corrida, seu coração bate mais rápido e sua respiração fica descompassada. A noite está agradável e a estrada, cercada de árvores que se fecham, forma um arco, proporcionando uma sensação de frescor. Ravi para, retira a camiseta e seca o suor da testa, quando sua atenção se volta para a garota à sua frente.

— Lívia...

— Ravi, parece brincadeira. Eu sei que a cidade não é muito grande, mas é muita coincidência nos encontrarmos em todo lugar.

— Pois é, mas como você disse, é uma cidade até que pequena.

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