Capítulo 05
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— Lívia empurra Isaque e avança novamente em direção à mulher, que continua a insultá-la com palavras de baixo calão. Isaque a segura pelo braço com força. Você é um covarde mesmo, nunca foi um homem de verdade!
Ele se enfurece e aperta ainda mais o braço dela.
— Cala a sua boca...
Ele levanta a mão, mas Lívia mantém os olhos fixos nele, desafiadora.
— Era só o que faltava, seu covarde. Me bate! É isso que estava faltando mesmo. Você já acabou com tudo que eu tinha. Vai, me bate, Isaque!
Com a mão erguida, Isaque a encara. Lívia sente os lábios tremendo e a bochecha ardendo. Antes que a mão dele possa alcançar seu rosto, ela é segurada por outra mão, firme e forte.
Um homem alto, de barba bem desenhada, olhos castanhos e traços marcantes, surge. Seu rosto é sério, e seus olhos emanam faíscas de raiva. Com a pele bronzeada, ele fala com firmeza:
— Como a moça disse, só um covarde levanta a mão para uma mulher. E, na minha presença, nenhum homem será covarde.
Os seguranças do hotel chegam à recepção e, com educação, pedem que Lívia os acompanhe, sem permitir que ela veja o rosto de seu defensor. Ela é levada até o gerente, que a demite. Sai de lá furiosa, mas satisfeita pelos tapas que deu na mulher. "Enfim, ela recebeu o que merecia", pensa enquanto anda pelas ruas, murmurando.
Ravi
É 10 de fevereiro de 2024. Os anos passaram como um piscar de olhos. Ravi se sente frustrado por ainda não ter encontrado o paradeiro de Antônio Porto Rico. "Aquele maldito soube esconder seus rastros", pensa, enquanto quebra uma caneta entre os dedos. Hoje, no entanto, o detetive trouxe novidades. Ravi vira o último gole de uísque, ansioso pela chegada do homem.
—Vou destruir aquele homem e tudo que ele tem. Enfim, vou honrar meu pai.
De repente, seus pensamentos o traem, e ele relembra a cena lamentável que presenciou ao chegar na capital no dia anterior: um homem covarde levantando a mão para uma mulher.
— Não acredito que ele ia bater naquela princesinha tão pequena, tão frágil, tão linda. Só de pensar, dá vontade de voltar lá e acabar com aquele babaca.
Mesmo assim, por respeito à criança que não parava de chorar, Ravi conteve-se e deu apenas um soco no agressor.
— Ravi... Ravi, filho, onde você está?
— Pois não, madrinha Rosana?
Ele estava tão perdido em seus pensamentos que nem percebeu a presença dela, que o olhava desconfiada.
— Filho, o senhor Luiz Henrique quer falar com você.
— Deixe-o entrar.
Rosana está ao lado de Ravi desde sempre. Quando seu pai morreu, ela o acompanhou da fazenda para Curitiba. No início, ele relutou, mas Rosana insistiu que jamais o deixaria sozinho. "Madrinha é como uma segunda mãe", dizia ela. E, já que os pais dele haviam partido, Rosana assumiu esse papel, trabalhando com ele e se tornando seu braço direito.
— Senhor Ravi, trouxe as informações que o senhor pediu. Antônio Porto Rico está, de fato, estabelecendo residência no Brasil. Desta vez, parece ser definitivo. Ele abriu falência no Canadá e saiu sem pagar indenizações aos funcionários, que o acusaram de ser um péssimo patrão. Aqui, ele abriu uma empresa de publicidade em outro nome. Ele trouxe consigo a esposa e dois filhos: um de 20 anos e outro de 29.
— Quando ele se mudou para o Canadá?
— Em 1999, senhor.
— Maldito... Deixou minha mãe para morrer e fugiu.
— Possivelmente, senhor. Quando ele foi embora, abandonou no país a esposa e uma filha. Não consegui encontrar muitas informações sobre elas, mas sei que a ex-esposa saiu do país em uma ação humanitária, provavelmente levando a filha.
— Cretino... E a atual esposa?
— Provavelmente canadense. Ele a conheceu por lá, pois saiu do Brasil sozinho.
— Certo, Luiz Henrique. Qualquer novidade, me avise.
— Sim, senhor.
Após a saída do homem, Rosana entra com uma bandeja.
— Filho, trouxe um café e alguns biscoitos. Você não comeu nada desde cedo.
— Infelizmente, madrinha, o dia está tão corrido que não tive tempo nem para almoçar.
— Eu sei, filho, mas você precisa se alimentar. Os candidatos à vaga de engenheiro já chegaram. Vai atender agora?
— Sim, pode mandar o primeiro entrar.
Há semanas, Ravi tenta contratar um engenheiro-agrônomo, mas tem sido difícil encontrar alguém qualificado. Ele passa a tarde toda analisando currículos e realizando entrevistas, mas, infelizmente, nenhum dos candidatos preenche os requisitos da vaga.
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Atualizado até capítulo 39
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