capítulo 20

Isadora

O sol já estava entrando pelas cortinas, e eu acordei com uma dor nas costas que me fez lembrar de tudo o que aconteceu na noite anterior. Eu estava deitada na cama, completamente exausta, mas com uma sensação estranha de que algo havia mudado entre mim e Enrico. A dor nas costas era uma lembrança física do quanto meu corpo estava sendo afetado por tudo o que estava acontecendo. O que eu fiz com ele ontem... eu ainda estava tentando entender, mas uma parte de mim não se arrependia.

Aquela sensação de ser tocada, de ser vista de uma maneira que nunca imaginei, estava viva em minha memória. Eu nunca tinha me sentido tão... viva. Mas, ao mesmo tempo, uma ansiedade tomou conta de mim quando percebi que ainda estava ali, ao lado de Enrico. Como se eu tivesse cometido algum erro e, agora, tivesse que lidar com as consequências.

De repente, a voz de Davi, o filho dele, ecoou pela casa. "Pai!" A palavra foi tão alta e súbita que me fez saltar da cama. Meu coração bateu mais rápido, e, em um impulso, eu me levantei da cama tentando não fazer barulho.

Enrico também acordou assustado. Ele olhou para mim, claramente em pânico, e, sem pensar duas vezes, se levantou rapidamente. O que quer que estivesse acontecendo, ele não queria que Davi o pegasse ali. Ele saiu do quarto rapidamente, colocando as roupas ainda meio desajeitado. Eu fiquei ali, parada, sentindo um nó apertado na minha garganta.

Eu sabia que precisava sair dali o mais rápido possível, mas minha mente estava em um turbilhão. O que estava acontecendo? O que isso significava para nós? Mas, ao invés de agir impulsivamente, eu apenas segui o que parecia ser a única opção: me vestir rápido, como se nada tivesse acontecido.

O vestido estava amassado, mas eu o coloquei da forma mais rápida possível, tentando disfarçar o desconforto. O medo tomou conta de mim, e, por instinto, decidi fingir que estava dormindo. Fingi que tudo estava bem, que nada havia acontecido, enquanto o pânico de ser descoberta me consumia. Eu deitei na cama novamente, sem ousar fazer um som, esperando que tudo passasse sem mais surpresas.

Ouvi o barulho das botas de Enrico se afastando pelo corredor, e então fiquei em silêncio. Eu não sabia como lidar com aquilo. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas eu sentia que, de alguma forma, algo havia mudado, e eu não sabia como reagir.

Mas, ali, sozinha, deitada, eu só queria que ele voltasse. Eu não queria mais fingir. Eu não sabia o que eu sentia, mas o medo de ser descoberta, o medo de que tudo o que aconteceu fosse um erro... era algo difícil de lidar.

Eu estava lá, deitada na cama, tentando fingir que tudo estava bem, mas meu coração estava acelerado. O silêncio entre eu e Enrico estava pesado, como se algo grande estivesse prestes a acontecer. Eu sabia que a situação era estranha, mas não conseguia fugir dela. A porta do quarto se abriu de repente, e eu quase pulei de susto. Davi entrou, com aquele olhar curioso que sempre me fez sentir como se ele fosse capaz de ler meus pensamentos.

— Isadora? O que você está fazendo aqui? — Ele parecia realmente confuso, os olhos piscando de surpresa. Ele não esperava me ver ali, eu sabia disso.

Meu estômago se apertou. Eu queria sumir, não sabia como explicar. Como eu poderia? Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, com ele, com tudo. Eu apenas queria sair dali sem causar mais confusão. Tentei me encolher na cama, como se isso fosse me proteger de todas as perguntas que ele parecia pronto para fazer.

Mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Enrico entrou no quarto com aquele jeito calmo, mas firme. Ele se virou para Davi, como se estivesse pronto para dar alguma explicação. O jeito dele parecia ser sempre o de resolver as coisas de uma maneira mais... prática. Sem rodeios.

— Eu encontrei a Isadora embaixo de uma ponte ontem. Ela estava tremendo de frio e quase desmaiando. Eu a trouxe para cá para cuidar dela, ela estava em uma situação muito difícil, Davi. — A voz de Enrico era calma, mas a preocupação estava ali, tão evidente quanto o seu cuidado.

Davi olhou para o pai, depois para mim, com os olhos cheios de dúvidas. Ele estava tentando entender a situação, eu podia ver isso em seu rosto. Mas também percebi uma pontada de preocupação, talvez ele não tivesse ideia do quanto eu estava mal por dentro. Ele parecia querer me entender, mas ao mesmo tempo estava confuso.

— Mas por que você estava embaixo de uma ponte, Isadora? — Ele perguntou, o tom de voz misturando preocupação com um pouco de confusão. Eu senti o peso das palavras dele me esmagando.

Eu queria desaparecer. O que eu ia dizer? Não sabia se conseguia explicar. Não sabia como contar tudo o que estava acontecendo, como contar sobre minha mãe, sobre o que eu tinha passado nos últimos tempos. Não queria que Davi visse aquilo, não queria que ele me olhasse com pena. Então, tudo o que eu fiz foi abaixar a cabeça e me manter em silêncio.

Enrico, provavelmente percebendo a tensão crescente, tentou aliviar a situação.

— Ela não estava bem, Davi. Eu apenas a trouxe para cá para garantir que ela estivesse segura e bem. — Enrico falou de forma suave, tentando encerrar o assunto ali.

Davi olhou para o pai, ainda com aquela expressão confusa, mas logo se acalmou.

— Ok, pai... Se você diz que está tudo bem... — Ele disse, mas ainda parecia meio incerto. Ele olhou para mim uma última vez, talvez tentando encontrar algum sinal de como eu estava realmente me sentindo, mas depois saiu do quarto, sem fazer mais perguntas.

Eu continuei ali, deitada, mas o peso da situação não diminuiu. Quando Davi saiu, o quarto ficou ainda mais silencioso. Eu e Enrico ficamos nos encarando, e eu sabia que algo precisava ser dito, mas eu não sabia o que. O que eu faria agora? O que isso significava para nós? Eu não tinha ideia.

— Isadora... precisamos conversar sobre tudo isso. Não podemos continuar assim, sem saber o que aconteceu ou o que isso significa para nós. — A voz de Enrico me fez sair dos meus pensamentos, e eu senti um frio na espinha. Ele estava falando sério.

Eu queria dizer algo, mas minhas palavras falharam. Meu coração batia tão forte que eu mal conseguia respirar. Eu estava confusa, com medo, mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim sentia que talvez finalmente algo tivesse mudado. Mas eu não sabia como lidar com isso. Não sabia o que fazer agora.

-fim do capítulo 20

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Comments

Socorrinha Lima

Socorrinha Lima

adoro a história mas só uma observação ,os capítulos ficam muitos compridos e detalhados várias vezes a mesma situação, mas a escrita tá ótima e porque fica um pouco cansativo .

2025-01-15

0

Carla Santos

Carla Santos

Conta a verdade porra só fica pensando no pós e contra e não fala a verdade isso fica chato

2025-01-14

1

Dani Do França

Dani Do França

Isadora parece muda !!! não responde nada !!!!

2025-02-22

0

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