capítulo 13

Isadora

Eu estava ainda confusa, tentando entender o que estava acontecendo. O quarto onde eu estava não era familiar, e a presença de Enrico ao meu lado me deixava desconfortável, mas não de uma maneira ruim, mais como se eu não soubesse o que fazer com tudo isso. Ele estava cuidando de mim, como se fosse o mais natural do mundo.

E foi nesse momento que a pergunta saiu, sem que eu pudesse controlar.

— E o Davi? Ele... ele está bem? — perguntei, quase sem perceber o quão ansiosa eu estava para saber sobre ele.

Enrico me olhou com uma expressão que eu não consegui interpretar. Seus olhos estavam um pouco tensos, mas ele sorriu, embora fosse um sorriso breve, como se estivesse tentando me acalmar.

— Davi está bem. Não se preocupe com ele agora. O importante é que você descanse, Isadora. — A voz dele era tranquila, mas o olhar, esse era o mais sincero, o mais preocupado que eu já vi.

Mas algo não estava certo. Ele se desviou um pouco do meu olhar, como se não soubesse o que mais dizer. Ele parecia um pouco distante, tentando não se envolver demais. Mas a maneira como ele falou... eu sentia que ele se importava, mesmo que ele tentasse esconder. Ele estava tentando manter a distância emocional, e, de algum modo, eu entendia isso.

Eu não sabia o que ele estava pensando, mas de repente a ideia de estar sendo tratada com tanta delicadeza me deixou um pouco desconfortável. Eu não estava acostumada com isso. Talvez ele só estivesse fazendo isso porque eu era amiga do filho dele, e ele não queria me ver em sofrimento. Mas a maneira como ele olhou para mim antes... algo dentro de mim queria acreditar que ele estava mais preocupado do que estava demonstrando.

Enrico então tentou mudar de assunto, talvez para desviar os pensamentos dele.

— Como você se sente? — perguntou ele, sua voz um pouco mais suave, embora eu sentisse a preocupação subindo por detrás de suas palavras.

Eu olhei para ele, tentando encontrar algo mais naquele olhar, mas ele parecia decidido a não me deixar ver o que realmente estava sentindo. Tentei não focar nisso, porque sabia que isso não era o que eu precisava agora. Eu precisava descansar, me recuperar, e, quem sabe, descobrir como sair daquela situação em que eu estava. Só que, mesmo cansada, uma sensação de inquietação tomava conta de mim.

Mas eu não sabia como ele se sentia. Ele parecia querer ajudar, mas ao mesmo tempo, estava claro que ele não queria se envolver emocionalmente. Isso me fazia sentir um pouco mais sozinha, como se estivesse jogando um peso sobre ele que ele não queria carregar. Mas eu precisava dele agora. Não importava se ele se sentia desconfortável. Ele era o único que estava lá para me ajudar.

O silêncio entre nós foi pesado, mas ele não me pressionou para falar mais. Enrico se levantou e saiu do quarto, sem olhar para trás. Eu fiquei ali, sozinha, refletindo sobre tudo o que acontecera até aquele momento. Tudo estava tão confuso, tão incerto. E mesmo que eu quisesse entender o que ele estava sentindo, eu sabia que talvez fosse cedo demais para isso.

A única coisa que eu sabia era que, por mais que ele tentasse se afastar de mim, ele estava preocupado, mais do que qualquer coisa que ele tentasse esconder. E de alguma maneira, isso me dava um pequeno consolo.

-fim do capítulo 13

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