Isadora
Eu estava ali, tentando manter a calma, mas o desconforto e a vergonha não conseguiam desaparecer. Ele estava tentando me dar espaço, mas no fundo, uma parte de mim não queria que ele saísse. Era estranho, porque, até então, eu sempre soubera o que era ser ignorada, rejeitada, menosprezada. Mas, naquele momento, algo dentro de mim dizia que eu queria mais, que talvez, pela primeira vez, alguém estivesse me vendo de verdade.
Eu sabia que ele estava tentando fazer o certo, mas algo em mim dizia que eu não queria ficar sozinha ali. Não queria que ele saísse, mesmo que fosse o melhor para ele.
— Enrico, por favor, não saia — minha voz saiu quase como um sussurro, mas carregada de um pedido sincero, que, de alguma forma, ele parecia entender.
Dentro de mim, eu estava confusa. Eu sabia que ele me via de uma forma diferente, mas isso era... tudo novo. Ele não estava me tratando como todos os outros que me ignoravam ou me maltratavam. Era como se ele estivesse vendo algo mais, e isso mexia comigo de uma maneira que eu não conseguia explicar.
Eu olhei para ele, e, no fundo do meu ser, uma ideia começou a crescer. Uma ideia de que talvez, só talvez, ele pudesse ser a pessoa que eu tanto procurava. E, sem pensar, sem saber como mais reagir, eu fiz algo que nunca imaginei fazer. Eu me aproximei dele de maneira quase imperceptível, como se cada passo fosse mais um movimento para me entregar àquela situação que eu mesma não compreendia.
Simulando dor nos pés, eu caminhei devagar, até ficar mais perto dele. Ele, claro, preocupado, se aproximou para me ajudar.
— Isadora, você está bem? — Sua voz estava tensa, mas ainda cheia de preocupação. Eu podia ver o quanto ele estava tentando fazer tudo certo.
E foi nesse momento, nesse pequeno espaço entre nós, que algo inexplicável aconteceu. Eu levantei a cabeça, e nossos olhos se encontraram. O mundo ao redor parecia desaparecer, e, sem pensar, meus lábios tocaram os dele.
Eu senti uma explosão de emoções que jamais experimentei antes. Meu corpo, minha mente, tudo parecia desabar e se reorganizar ao mesmo tempo. Eu estava beijando Enrico, o homem que até então eu via apenas como uma figura distante, alguém que cuidava de mim, mas que eu nunca imaginei que poderia olhar para mim dessa maneira.
Em meu pensamento, uma avalanche de dúvidas me invadiu. Será que ele vai gostar? Será que ele vai me rejeitar? Eu nunca havia sido beijada antes, e o medo de ser rejeitada, de ser vista apenas como a "gorda feia", estava ali, me sufocando. Mas, ao mesmo tempo, havia algo tão intenso naquele beijo, algo que me dizia que, talvez, esse fosse o momento em que eu fosse finalmente vista de uma forma diferente.
Enrico, apesar de tudo, não recuou. Pelo contrário, ele aprofundou o beijo, e eu senti uma onda de calor tomar conta de mim. Ele não parou, e a sensação de ser desejada, de ser tratada com carinho, de ser vista como alguém digna de amor, foi algo que eu nunca imaginei sentir.
Eu não sabia como reagir a tudo aquilo, mas, naquele momento, todas as minhas inseguranças se dissolveram um pouco. Enrico estava ali, beijando-me, e eu não conseguia pensar em mais nada. Ele gostou, ele não me rejeitou... e, de repente, eu me vi com ele de uma maneira que nunca imaginei que fosse possível.
-fim do capítulo 15
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Joelma Oliveira
oau! nunca pensei q ela teria essa coragem...
2025-01-14
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Carla Santos
Corajosa ela adorei parabéns pra ela
2025-01-14
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