Depois de sua conversa com Niel, Gusta pegou o telefone, respirou fundo e discou o número de seu pai. Ele sabia que precisaria da ajuda e dos recursos do velho para garantir que tudo fosse feito da melhor forma possível para Yol.
O telefone chamou algumas vezes antes de ser atendido. A voz grave e autoritária de seu pai ecoou do outro lado da linha.
— Gusta. O que foi agora? — perguntou o velho, direto, como sempre.
— Pai, eu preciso falar com você sobre o Yol. Ele me pediu algo importante, e eu e o Niel decidimos permitir — começou Gusta, sua voz firme, mas com um tom de cautela.
Houve uma pausa do outro lado da linha antes do avô de Yol responder.
— E o que exatamente ele pediu?
Gusta respirou fundo.
— Ele quer estudar fora do país. Disse que, agora que a cirurgia deu certo e ele vai poder enxergar novamente, quer ter uma vida nova. Fazer amigos, ter experiências... coisas que ele sente que nunca teve aqui.
O silêncio do outro lado foi pesado por um momento. Então, o velho falou, sua voz mais séria agora.
— E você acha que isso é uma boa ideia? — perguntou ele.
— Acho que é o que ele precisa, pai — respondeu Gusta, com sinceridade. — Yol passou por muito... e boa parte disso foi por nossa culpa. Eu não quero ser o obstáculo no caminho dele. Ele merece essa chance.
O avô de Yol ficou em silêncio novamente, como se estivesse refletindo. Finalmente, ele respondeu.
— Certo. Se é isso que ele quer e vocês concordaram, então eu vou cuidar de tudo.
Gusta franziu o cenho, confuso.
— Como assim, cuidar de tudo?
— Eu mesmo vou preparar o local onde ele vai ficar. — A voz do velho era firme e resoluta. — E vou garantir que ele entre em uma das melhores faculdades dos Estados Unidos. Ele não vai apenas estudar fora, Gusta, ele vai estudar nas melhores condições possíveis.
Gusta ficou em silêncio por um momento, surpreso pela resposta imediata de seu pai.
— Você tem certeza? Não é um pedido pequeno... — começou Gusta, mas o velho o interrompeu.
— Eu não faço nada pela metade, Gusta. Yol é meu neto. E, se isso vai ajudá-lo a se encontrar e ter a vida que ele merece, eu farei o que for necessário. Já conheço as pessoas certas e os lugares certos para isso.
— Obrigado, pai. Eu sabia que poderia contar com você — disse Gusta, com um tom genuíno de gratidão.
O avô de Yol soltou um leve suspiro.
— Só tenho uma condição, Gusta. Vocês dois, você e o Niel, precisam provar a ele que podem ser os pais que ele precisa, mesmo à distância. Ele tem que saber que vocês estarão aqui para ele, não importa o que aconteça.
Gusta assentiu, mesmo que o pai não pudesse vê-lo.
— Nós vamos provar, pai. Eu prometo.
— Ótimo. Vou começar os preparativos imediatamente. Diga ao Yol que tudo estará pronto em breve — disse o velho, encerrando a ligação sem muitas despedidas, como era de seu estilo.
Gusta colocou o telefone de volta no gancho e soltou um longo suspiro, sentindo um misto de alívio e tristeza. Ele sabia que deixar Yol ir seria difícil, mas também era a decisão certa. Ele voltou para a sala onde Niel estava esperando, compartilhando com ele a conversa.
— Meu pai vai cuidar de tudo — disse Gusta. — Ele vai preparar o lugar onde o Yol vai ficar e garantir que ele entre em uma das melhores faculdades nos Estados Unidos.
Niel assentiu, cruzando os braços enquanto processava a informação.
— Isso é bom. Ele vai ter o melhor suporte possível. Agora só precisamos garantir que ele saiba que sempre estaremos aqui para ele.
Gusta colocou uma mão no ombro de Niel, apertando levemente.
— Vamos mostrar isso a ele, Niel. Estamos juntos nisso.
Depois de acertarem os detalhes com o avô de Yol, Gusta e Niel caminharam juntos até o quarto. Eles sabiam que a conversa com o filho precisava ser tranquila e cheia de sinceridade. Ao abrir a porta, viram Yol ainda adormecido, respirando profundamente. A luz suave do quarto iluminava seu rosto, e, por um momento, ambos se sentiram emocionados ao olhar para ele.
Niel aproximou-se primeiro, sentando-se na beirada da cama. Ele colocou a mão gentilmente no ombro de Yol e o chamou com a voz suave.
— Meu príncipe... acorde, temos algo para conversar com você.
Yol mexeu-se levemente antes de abrir os olhos por baixo do curativo, ainda confuso e sonolento.
— O que foi? — perguntou ele, sua voz fraca.
— Não se preocupe, filho. Queremos apenas conversar um pouco — disse Gusta, sentando-se em uma cadeira ao lado da cama.
Yol virou a cabeça na direção deles, sentindo o tom sério na voz dos pais, mas não detectando nenhuma tensão.
— Sobre o que querem falar? — perguntou ele, curioso.
Niel pegou a mão de Yol com delicadeza, apertando-a levemente.
— Sobre o que você nos pediu, meu príncipe. Sobre ir estudar fora do país.
Yol imediatamente ficou mais alerta, seu corpo tenso.
— E...? Vocês vão deixar? — perguntou ele, sua voz cautelosa.
Gusta trocou um olhar com Niel antes de responder.
— Sim, nós vamos deixar, Yol — disse ele calmamente. — Mas queremos que você entenda algo antes de ir.
Niel continuou, sua voz cheia de emoção.
— Filho, sabemos que falhamos com você de muitas maneiras. Deixamos você se sentir sozinho, negligenciado, e isso nunca deveria ter acontecido. A dor que você sentiu foi culpa nossa, e nós nos arrependemos disso todos os dias.
Yol engoliu em seco, sentindo os olhos lacrimejarem por baixo do curativo.
— Mas queremos que você saiba... — Gusta interrompeu, sua voz também trêmula. — Que isso não significa que não te amamos. Na verdade, amamos você mais do que conseguimos expressar. E é exatamente por isso que estamos deixando você ir. Porque sabemos que isso é o que você precisa agora. Você merece ter sua própria vida, seu próprio caminho.
— E, mesmo estando longe, nunca estaremos distantes de você. Sempre estaremos aqui, prontos para te apoiar em tudo o que você precisar. — Niel sorriu levemente, apertando a mão de Yol com mais força. — Você é o nosso filho, e nada, nada no mundo, vai mudar isso.
Yol sentiu as lágrimas escorrerem, e ele virou o rosto para o lado, tentando esconder sua emoção.
— Eu... eu não sei o que dizer — murmurou ele, sua voz quebrando.
Gusta inclinou-se, colocando a mão no ombro de Yol.
— Não precisa dizer nada agora. Só queremos que você saiba que, onde quer que esteja, estaremos pensando em você, torcendo por você e prontos para te receber, sempre que quiser voltar.
Yol respirou fundo, tentando controlar as lágrimas. Finalmente, ele virou o rosto novamente na direção dos pais.
— Obrigado... por entenderem. Por deixarem eu tentar encontrar o meu caminho.
Niel inclinou-se e beijou a testa de Yol suavemente.
— Sempre, meu príncipe. Tudo o que queremos é que você seja feliz.
Gusta assentiu, sorrindo levemente.
— E nunca se esqueça: não importa o quão longe você vá, nossa casa sempre será o seu lar.
O quarto ficou em silêncio por um momento, mas era um silêncio cheio de compreensão e carinho. Yol finalmente sentiu que estava sendo ouvido e que, pela primeira vez em muito tempo, seus pais estavam realmente ao lado dele.
Dias se passaram, e a atmosfera na mansão estava carregada de expectativa. No centro da sala, Yol estava sentado em uma cadeira confortável, cercado por seu avô, Gusta, Niel e o médico. O momento de tirar as faixas de seus olhos havia finalmente chegado. Todos estavam ansiosos, mas ninguém tanto quanto Yol.
O médico aproximou-se lentamente, suas mãos experientes começando a remover as faixas com cuidado.
— Pronto, Yol. Vou retirar isso devagar, então mantenha os olhos fechados até eu pedir para abri-los, ok? — disse o médico, sua voz calma.
Yol assentiu levemente, sua respiração acelerada. Gusta e Niel estavam ao seu lado, cada um segurando uma de suas mãos, enquanto o avô observava em silêncio, com as mãos firmemente apoiadas na bengala.
Após alguns minutos de delicadeza, o médico deu um passo para trás e disse:
— Pronto. Agora, devagar... pode abrir os olhos.
Yol abriu os olhos lentamente, piscando algumas vezes enquanto a luz atingia sua visão. Assim que seus olhos se ajustaram, ele olhou ao redor, tentando focar nos rostos à sua frente.
Os primeiros a notar foram Gusta e Niel, que ficaram boquiabertos.
— Seus olhos... — murmurou Niel, quase sem acreditar.
Gusta inclinou-se para mais perto, sua expressão de surpresa transformando-se em algo entre fascinação e preocupação.
— Eles estão verdes... — disse ele, quase como um sussurro.
O avô de Yol, sempre calmo e observador, deu um passo à frente, seu olhar fixo nos olhos do neto.
— O que aconteceu com os olhos dele? Eles não eram castanhos? — perguntou ele, sua voz firme.
O médico aproximou-se novamente, observando os olhos de Yol com atenção.
— Isso é extraordinário... — murmurou ele, ajustando os óculos e inclinando-se para examinar melhor. — Yol, como você se sente? Consegue enxergar?
Yol, ainda processando o que estava acontecendo, abriu um sorriso enorme, seus olhos brilhando como esmeraldas.
— Eu consigo, vovô! Eu consigo enxergar novamente! Papai Gusta, papai Niel, eu consigo enxergar! — exclamou ele, sua voz cheia de emoção.
Ele tentou se levantar, mas suas pernas fraquejaram imediatamente. Gusta e Niel, já atentos, o seguraram rapidamente pelos braços.
— Calma, filho, um passo de cada vez. Você ainda está se recuperando — disse Gusta, com a voz carregada de preocupação.
— Não se apresse, meu príncipe. Vamos te ajudar, como sempre fazemos — acrescentou Niel, sorrindo levemente enquanto segurava o outro braço de Yol.
O médico continuou examinando os olhos de Yol, ainda perplexo.
— Isso é fascinante. Seus olhos não só recuperaram a visão, mas também mudaram de cor... — Ele fez uma pausa, refletindo. — Eu acredito que isso tenha a ver com o feromônio dele. Antes, o acúmulo estava prejudicando a visão. Agora... parece que o mesmo feromônio está limpando o dano e restaurando sua capacidade ocular.
Todos na sala ficaram em silêncio, tentando processar as palavras do médico. O avô de Yol quebrou o silêncio, sua voz grave como sempre.
— Está dizendo que o feromônio dele... mudou sua própria biologia? Isso é possível?
O médico assentiu, ainda examinando os olhos de Yol.
— É um avanço que nunca vimos antes na ciência humana. O feromônio dele está fazendo algo que não compreendemos completamente. Isso abre portas para novas possibilidades na medicina, mas... também requer cuidado. Yol é especial, isso é inegável.
Yol olhou para o médico e depois para seus pais, seu sorriso voltando.
— Especial... mas eu só estou feliz por poder ver vocês de novo.
Gusta sorriu amplamente, inclinando-se para beijar a testa de Yol.
— E nós estamos felizes por você, meu filho. Essa é a melhor notícia que já tivemos.
Niel colocou a mão no ombro de Yol, apertando levemente.
— Isso é um novo começo para você, meu príncipe. Para todos nós.
O avô de Yol observou tudo com um pequeno sorriso, seu coração aliviado ao ver o neto tão feliz.
— E, com esse novo começo, faremos de tudo para que você tenha a vida que merece — disse ele, com firmeza.
Enquanto todos comemoravam o momento, Yol sentiu seu coração se encher de esperança. Pela primeira vez em muito tempo, ele acreditou que as coisas poderiam mudar para melhor.
CONTINUA.....
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Atualizado até capítulo 99
Comments
Maria Schmidt
surpresas espectativa é grande
2025-02-02
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