O silêncio no corredor foi interrompido novamente quando a televisão na sala de espera do hospital retornou com outro plantão ao vivo. Todos os presentes voltaram sua atenção para a tela, onde a jornalista aparecia com uma expressão séria.
— Voltamos com informações sobre o estado do jovem Yol, filho do presidente Gusta e do renomado advogado Niel, que permanece internado após ter sido levado às pressas para este hospital. Já se passaram quatro horas desde que ele deu entrada na emergência, e ainda não há notícias concretas sobre sua condição. A tensão e a expectativa continuam aumentando.
Enquanto a jornalista falava, imagens ao vivo da movimentação em frente ao hospital eram exibidas. Uma multidão de repórteres e curiosos se aglomerava do lado de fora, com câmeras e microfones tentando captar qualquer novidade.
— A comoção causada por este evento já afeta diretamente a rotina de muitas pessoas. As principais vias da cidade continuam congestionadas desde o momento em que a ambulância que transportava Yol cruzou a cidade. E agora, milhares de cidadãos acompanham com apreensão os desdobramentos, esperando por notícias.
A transmissão mudou para uma série de mensagens postadas nas redes sociais por figuras políticas de destaque de diversos países. A jornalista continuou:
— A repercussão não se limitou ao nosso país. Presidentes, ministros, senadores e embaixadores de várias partes do mundo compartilharam mensagens de apoio à família de Yol, expressando sua solidariedade neste momento difícil.
As mensagens começaram a ser exibidas na tela, uma após a outra:
"Toda a minha força e orações à família presidencial neste momento tão delicado. Que Yol tenha uma recuperação rápida. Estamos com vocês." — Presidente do Canadá.
"Nossos pensamentos estão com Yol e sua família. A força de um jovem como ele não deve ser subestimada." — Primeiro-ministro da Inglaterra.
"Apoio total à família presidencial neste momento. O mundo está torcendo por Yol." — Presidente da Alemanha.
"Que este jovem tenha a força para superar este momento. Solidariedade ao presidente Gusta, Niel e toda a família." — Presidente das Nações Unidas da Ásia.
A jornalista fez uma pausa, e o tom da transmissão tornou-se ainda mais sério.
— Esta situação colocou a família presidencial, que conduz o país, sob os holofotes, enquanto o público aguarda ansiosamente por notícias positivas. Os líderes globais e instituições internacionais continuam a enviar palavras de apoio, destacando a importância do momento.
A câmera voltou para o estúdio, onde os comentaristas começaram a analisar a situação.
— Este evento, sem dúvida, não é apenas uma tragédia pessoal para a família, mas também um marco político e social. O apoio vindo de figuras tão importantes mostra o impacto que a situação de Yol está tendo no cenário global.
Outro comentarista interveio.
— Sim, mas também levanta a questão de como isso pode afetar a imagem da família presidencial. Afinal, estamos falando de uma família que conduz o país, e essa crise expõe o lado humano e as vulnerabilidades deles.
A transmissão foi cortada brevemente para mais imagens ao vivo do hospital, mostrando a multidão reunida e os repórteres ainda aguardando atualizações.
Na sala de espera, todos continuavam a assistir em silêncio. Gusta apertou as mãos contra os joelhos, sua ansiedade claramente aumentando com cada palavra ouvida. Niel, ao seu lado, colocou uma mão reconfortante em seu ombro, tentando acalmá-lo.
— É muita exposição... — murmurou Gusta. — Todo mundo está olhando para nós. Todos esperam algo.
O avô de Yol, sentado mais afastado, olhou para Gusta com um olhar severo, mas também compreensivo.
— Deixe que olhem. Não importa o que esperem. O que importa é que Yol está lutando, e é isso que todos precisam entender — disse ele, sua voz grave e firme.
Zion cruzou os braços, olhando para a televisão com uma expressão preocupada.
— Esse tipo de pressão não ajuda ninguém. Só precisamos de boas notícias agora — comentou ele.
Deymon, ao lado de Zion, assentiu, mas permaneceu em silêncio, claramente perdido em pensamentos.
Enquanto isso, Gusta respirava profundamente, tentando manter a calma, mas seus olhos mostravam o peso que ele carregava. Ele apenas murmurou, quase inaudível:
— Eles podem falar o que quiserem... Só quero que meu menino volte pra mim.
Após horas de tensão, a porta da sala de emergência finalmente se abriu. O médico responsável apareceu, caminhando diretamente em direção ao avô de Yol, que estava sentado, com a expressão severa, mas vigilante. Todos na sala imediatamente ficaram em alerta, observando o médico com expectativa.
— Senhor... — começou o médico, inclinando-se ligeiramente como um sinal de respeito. — A cirurgia de implante ocular foi um sucesso.
O silêncio foi quebrado por um murmúrio de surpresa. Gusta e Niel trocaram olhares confusos, claramente pegos de surpresa pela informação. O médico continuou:
— Em menos de 15 dias, seu neto poderá enxergar novamente, 100%. Ele ainda precisará de cuidados e acompanhamento, mas a recuperação já começou. Foi realmente um avanço extraordinário.
O avô de Yol assentiu lentamente, mantendo sua postura firme.
— Eu sabia que ele era forte — disse o velho, com um pequeno sorriso de satisfação. — Obrigado, doutor. Seu trabalho foi excepcional.
— Foi uma honra, senhor — respondeu o médico antes de se retirar, deixando todos processando as informações.
Assim que o médico saiu, Gusta levantou-se rapidamente, com uma mistura de alívio e frustração no rosto.
— Espera... cirurgia de implante ocular? O que foi isso? Por que nós não sabíamos disso? — perguntou ele, olhando diretamente para o pai.
Niel também se aproximou, claramente desconcertado.
— Isso é algo que deveríamos ter sido informados. Como algo assim foi decidido sem o nosso conhecimento?
O velho levantou-se devagar, sua expressão inabalável, e olhou para os dois, com a autoridade de alguém que sabia exatamente o que estava fazendo.
— Vocês não sabiam porque não precisavam saber. Enquanto vocês estavam preocupados com posições, carreiras e títulos, eu estava investindo meu tempo e recursos em algo que realmente importa: curar o meu neto.
As palavras atingiram Gusta e Niel como um golpe. Gusta tentou argumentar, mas o avô de Yol o interrompeu, com a voz mais firme.
— Vocês dois têm passado anos olhando para o alto, para posições de poder, enquanto Yol estava aqui embaixo, lutando sozinho. Acham mesmo que tinham condições de tomar essa decisão?
— Mas ele é nosso filho! — rebateu Gusta, sua voz tremendo.
— E ele é meu neto! — retrucou o velho, seu tom carregado de autoridade. — E ao contrário de vocês, eu estava prestando atenção nele. Eu vi o que ele precisava, enquanto vocês estavam ocupados demais com suas campanhas e casos importantes. Não vou pedir desculpas por fazer o que era necessário.
Niel abaixou a cabeça, tentando processar as palavras, mas Gusta insistiu.
— Você tinha que ter nos dito! Nós somos os pais dele!
O velho deu um passo à frente, olhando diretamente para Gusta.
— E como pais, onde vocês estavam quando ele tropeçava pela casa? Onde estavam quando ele se machucou, quando ele perdeu o sorriso? Eu avisei vocês, Gusta. Eu disse que priorizassem o Yol, mas vocês não ouviram. Agora, ele está a caminho de recuperar a visão, e isso foi porque eu tomei a decisão que vocês não tiveram coragem de tomar.
O silêncio caiu na sala. Gusta passou a mão pelo rosto, visivelmente abalado, enquanto Niel respirava fundo, tentando conter as lágrimas.
— Ele vai enxergar de novo... — murmurou Niel, mais para si mesmo do que para os outros.
O velho assentiu, sua expressão suavizando-se um pouco.
— Sim, ele vai. E talvez isso seja um novo começo, não apenas para ele, mas para todos vocês. Vocês têm uma chance de fazer as coisas certas desta vez. Não a desperdicem.
Gusta, ainda processando tudo, sentou-se lentamente, passando as mãos pelos cabelos. Niel permaneceu de pé, olhando para a porta onde Yol estava.
— Ele merece o melhor de nós agora — disse Niel, sua voz mais firme. — Ele merece pais que estejam realmente presentes.
O velho assentiu novamente, cruzando os braços.
— Então comecem agora. Porque, se depender de mim, ele nunca mais será negligenciado.
A enfermeira abriu a porta do quarto, olhando para o grupo reunido na sala de espera.
— Vocês podem entrar agora — disse ela, sorrindo levemente. — Mas por favor, apenas um por vez, para não sobrecarregá-lo.
O avô de Yol foi o primeiro a se levantar, ajeitando sua bengala antes de caminhar com passos firmes em direção ao quarto. Niel e Gusta o observaram enquanto ele atravessava a porta, mas permaneceram parados, visivelmente tensos.
Dentro do quarto, Yol estava deitado na cama, pálido, com os olhos cobertos por uma gaze protetora. Ele virou a cabeça levemente ao ouvir os passos de seu avô.
— Yol, é o vovô — disse o velho, aproximando-se da cama com a voz carregada de ternura.
Yol sorriu levemente, reconhecendo a voz familiar.
— Vovô... por que está tudo escuro? — perguntou ele, sua voz fraca.
O avô colocou a mão na testa de Yol com delicadeza.
— Porque você passou por uma cirurgia, meu garoto. Uma cirurgia para devolver sua visão. Em poucos dias, você começará a enxergar de novo.
Os olhos de Yol se encheram de lágrimas por trás da gaze, e ele sorriu mais amplamente.
— Sério, vovô? O senhor realmente cumpriu sua promessa...
— Sempre, meu filho. Sempre cumpro o que prometo a você — disse o velho, com um sorriso carinhoso.
Yol respirou fundo, hesitando por um momento antes de perguntar:
— Vovô... posso te pedir uma coisa?
— Claro, meu filho. Pode dizer — respondeu o avô, inclinando-se ligeiramente para ouvir melhor.
— Meus pais estão aí? — perguntou Yol, com a voz trêmula.
O velho olhou de relance para a porta, onde Niel e Gusta estavam esperando, observados de longe por Zion, Deymon e Fery.
— Estão, sim — respondeu ele, sem deixar transparecer nenhuma emoção.
Yol fez uma pausa antes de falar novamente.
— Vovô... posso ir morar com o senhor?
O velho franziu o cenho, claramente surpreso pela pergunta.
— Por que você está pedindo isso, meu garoto?
As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Yol.
— Porque meus pais não me amam mais... Eu estou quebrado, vovô. Eles não me querem mais. Eles fizeram outro filho pra me substituir.
O velho arregalou levemente os olhos, confuso.
— Outro filho? Do que você está falando, Yol?
— O papai Niel... ele está grávido. Eles nem me disseram nada. Eles não precisam mais de mim... — disse Yol, sua voz embargada.
Do lado de fora, Niel ouviu as palavras do filho e deu um passo à frente, incapaz de conter as lágrimas. Ele começou a entrar no quarto, mas o avô de Yol levantou sua bengala e a apontou para Niel, bloqueando seu avanço.
— Pare aí, Niel — disse ele, com uma voz fria e firme. — Eu não sabia sobre esse bebê. Mas parece que há muitas coisas que você não disse ao seu próprio filho.
Niel parou, sua respiração irregular, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.
— Eu... eu só... — tentou dizer, mas sua voz falhou.
O avô voltou sua atenção para Yol, acariciando a mão dele com carinho.
— Yol, seus pais estão lá fora, esperando para pedir desculpas. Eles querem uma chance de te fazer feliz novamente. Eu sei que você se sente magoado, e com razão, mas me prometa algo.
Yol inclinou a cabeça levemente.
— O quê, vovô?
O velho sorriu suavemente.
— Dê a eles essa chance. Deixe que eles mostrem que podem mudar. Se eles falharem novamente, se eles te magoarem mais uma vez, você pode vir morar comigo. E garanto que eles não terão como dizer não.
Yol ficou em silêncio por um momento, claramente refletindo sobre as palavras de seu avô. Finalmente, ele assentiu lentamente.
— Tudo bem, vovô. Eu vou dar uma chance... só mais uma.
O avô sorriu e apertou a mão de Yol levemente.
— É assim que se fala, meu garoto. Agora descanse. Seus pais vão querer falar com você, e é melhor você estar forte para isso.
O velho então virou-se para Niel, que ainda estava parado na porta, e Gusta, que observava de longe com o rosto marcado pela culpa.
— Entrem. Mas lembrem-se: essa é a última chance de vocês. Não a desperdicem.
Niel e Gusta se entreolharam antes de entrar no quarto, enquanto os outros continuavam observando de longe. O ambiente estava carregado de emoção, mas agora havia uma pequena faísca de esperança de que as coisas poderiam mudar.
CONTINUA....
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Atualizado até capítulo 99
Comments
Maria Schmidt
tenho dúvidas sobre isso segunda chance é motivo para errar novamente
2025-02-02
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