Kai esfregou as mãos, animado, enquanto se ajeitava no sofá ao lado de Yol.
— Beleza, já que a gente tá aqui e minha mãe tá fora, que tal inventarmos uma nova versão de "Verdade ou Desafio"? — sugeriu ele, com um sorriso travesso.
Yol franziu a testa, confuso, mas curioso.
— Nova versão? Como assim?
— É simples! — explicou Kai, inclinando-se para frente. — Em vez de escolher "verdade" ou "desafio", você responde uma pergunta minha, e, se não quiser responder, aí você tem que fazer algo que eu mandar. E não vale ser sem graça!
Yol pensou por um momento antes de dar de ombros.
— Certo. Eu topo. Mas pega leve comigo, tá bom?
Kai riu alto.
— Relaxa, eu sou legal. Só vou perguntar coisas simples. Então vamos começar. Primeira pergunta... quem é o outro pai? Eu sei que um é o presidente, mas e o outro? Que história é essa?
Yol soltou uma risada curta, percebendo o quanto Kai era direto.
— Meu outro pai é o Niel. Ele é advogado e está concorrendo para ser promotor. Ele também é muito ocupado.
Kai levantou uma sobrancelha, claramente interessado.
— Uau. Um presidente e um advogado superimportante. Você nasceu pra ter uma vida de luxo, hein? — Ele fez uma pausa, inclinando-se um pouco mais. — E como é o Niel? Ele é mais legal que o Gusta?
Yol sorriu levemente, pensando.
— Ele é... diferente. Mais calmo, eu acho. Quando eu era pequeno, ele cantava canções de ninar pra mim. Chamava-me de “meu príncipe”. Mas, ultimamente, ele também anda muito ocupado.
Kai balançou a cabeça, parecendo um pouco desapontado com a resposta.
— Esses caras precisam aprender a relaxar e passar mais tempo com você. Mas, beleza, vamos pra próxima pergunta. Qual é a sua fruta favorita?
Yol riu da pergunta simples.
— Manga. Eu amo manga.
— Boa escolha. Manga é top. Agora, comida favorita?
— Lasanha — respondeu Yol rapidamente, sorrindo.
Kai colocou a mão no queixo, fingindo analisar.
— Interessante. Então, se eu colocasse uma manga dentro de uma lasanha, seria perfeito pra você?
Yol gargalhou.
— Não! Isso seria horrível!
Kai riu junto, satisfeito por ter quebrado o clima pesado que Yol carregava antes.
— Tá, tá, sem misturar as duas. Próxima pergunta... qual foi a coisa mais louca que você já fez?
Yol pensou por um momento, sorrindo.
— Acho que foi quando brinquei na chuva sem permissão. Meu pai Niel ficou furioso quando me viu todo molhado, mas depois ele riu e disse que só queria cuidar de mim.
Kai sorriu, parecendo apreciar a resposta.
— Isso é legal. Tá vendo? Mesmo quando eles estão ocupados, dá pra ver que se importam. Só precisam lembrar disso mais vezes.
Yol assentiu, pensativo.
— É, talvez você esteja certo.
Kai deu um leve tapa no joelho de Yol.
— É claro que estou certo! Beleza, próxima pergunta... mas dessa vez eu quero algo engraçado. Já teve um crush?
Yol arregalou os olhos, surpreso com a mudança de assunto.
— Eu... não sei. Acho que não. — Ele desviou o olhar, claramente envergonhado.
Kai riu, aproveitando a oportunidade.
— Isso é uma resposta bem suspeita, Yol. Tá escondendo alguma coisa? Quem é a sortuda ou o sortudo?
— Não tem ninguém, sério! — respondeu Yol, rindo nervosamente.
— Tá bom, vou deixar passar dessa vez — disse Kai, dando de ombros. — Mas vou descobrir um dia. E quando isso acontecer, vou ser o primeiro a saber, entendeu?
Yol riu, sentindo-se mais à vontade.
— Tudo bem, Kai. Você será o primeiro.
Yol sorriu, sentindo-se mais confortável e confiante.
— Certo, agora é a minha vez de fazer as perguntas. Vamos ver se você aguenta — disse ele, com um tom brincalhão.
Kai cruzou os braços e riu, desafiador.
— Pode mandar, playboy. Eu não fujo de nada.
Yol pensou por um momento antes de começar com algo simples.
— Qual é o seu maior medo?
Kai franziu o cenho, mas logo respondeu.
— Acho que meu maior medo é... não conseguir dar uma vida melhor pra minha mãe. Ela já fez tanto por mim, sabe? Não quero decepcioná-la.
Yol assentiu, tocado pela sinceridade de Kai.
— Isso é muito legal da sua parte. Tá, próxima pergunta. Qual foi a última vez que você chorou?
Kai arregalou os olhos, desconcertado.
— Ah, essa é pessoal demais! Vou escolher desafio.
Yol sorriu, já planejando algo.
— Ok. Então o desafio é... você tem que dançar como se estivesse em um show, e tem que dar o seu melhor.
Kai soltou uma risada alta.
— Sério, cara? Tá bom, você pediu. — Ele levantou-se do sofá, começou a mexer os braços de forma exagerada e girou no lugar, simulando passos completamente descoordenados. — Tcharam! Feliz agora?
Yol gargalhou, balançando a cabeça.
— Isso foi horrível, mas valeu o esforço.
Kai sentou-se de volta, ainda rindo.
— Sua vez, manda outra.
Yol inclinou-se para frente, com um sorriso curioso.
— Você já mentiu pra sua mãe sobre algo importante?
Kai fez uma careta, claramente lembrando de algo.
— Já, uma vez. Eu disse que tava indo pra escola, mas na verdade fui jogar bola com os amigos. Acabei me machucando e tive que contar a verdade. Ela ficou furiosa, mas depois fez sopa pra mim, como se nada tivesse acontecido.
— Parece que sua mãe é incrível — disse Yol, sorrindo.
— Ela é. Agora, manda outra. Quero ver se consegue me encurralar.
Yol pensou antes de perguntar:
— Qual foi a coisa mais idiota que você já fez para impressionar alguém?
Kai riu antes de responder.
— Ah, essa é fácil. Uma vez, tentei dar um salto mortal numa roda de amigos pra impressionar uma garota. Resultado: cai de cara no chão. Todo mundo riu, inclusive ela.
Yol riu alto, quase derrubando a cabeça no encosto do sofá.
— Ok, essa foi boa. Próxima pergunta... Você já se apaixonou?
Kai piscou lentamente, parecendo pensar.
— Acho que sim. Mas não deu certo, então nem valeu muito a pena. Sua vez, manda outra.
Yol hesitou, mas continuou.
— Qual é o seu maior sonho?
Kai deu de ombros, sorrindo.
— Já te falei antes: sair daqui, conhecer o mundo e mostrar pra minha mãe que todo o esforço dela valeu a pena.
Yol assentiu, admirado.
— Você é bem determinado, Kai. Tá, agora a última... Qual é a coisa mais vergonhosa que sua mãe já fez você fazer?
Kai deu uma risada nervosa.
— Cara, uma vez ela me obrigou a dançar com ela numa festa da comunidade. Todo mundo ficou assistindo, e eu tive que dançar um samba horroroso. Foi constrangedor.
Kai levantou-se do sofá de repente, esticando os braços como se tivesse acabado de ter uma grande ideia.
— Beleza, já jogamos bastante. Agora, que tal a gente assistir a uma série? — sugeriu ele, animado.
Yol franziu o cenho, um pouco hesitante.
— Assistir a uma série? Não tem como, Kai... Eu sou cego. Não dá pra eu ver nada.
Kai riu e deu um leve tapa na própria testa, balançando a cabeça.
— Tá de brincadeira, né? Minha mãe disse que você perdeu uma parte da visão, não que fosse completamente cego. Então, bora lá. Você pode ver um pouco, certo?
Yol deu de ombros, com um sorriso tímido.
— Bem, eu consigo enxergar algumas coisas, mas não o suficiente para acompanhar uma série. Como vou entender o que está acontecendo?
Kai cruzou os braços, olhando para Yol com um sorriso confiante.
— Deixa isso comigo, playboy. Eu vou narrar tudo pra você. Prometo que vou te fazer sentir como se estivesse vendo tudo.
Yol riu levemente, ainda cético, mas acabou cedendo.
— Tudo bem, Kai. Vamos ver se você é bom nisso.
Kai correu para pegar o controle remoto e ligou a pequena TV na sala. Ele procurou entre as opções até encontrar algo que parecia interessante.
— Tá, achei uma série massa aqui. Cheia de ação, drama e aquelas cenas que te deixam grudado no sofá. Confia em mim.
— Qual o nome? — perguntou Yol.
— “Heróis do Amanhã” — respondeu Kai, enquanto colocava no primeiro episódio. — Vai ser incrível, só relaxa e escuta.
A série começou, e Kai sentou-se ao lado de Yol, assumindo o papel de narrador. Assim que a música de abertura começou, ele começou a falar.
— Beleza, começa com uma cidade grande, cheia de prédios. Tá chovendo, e tem uma música meio misteriosa tocando. Agora aparece o protagonista, um cara com um casaco preto e cara de mal. Ele tá andando na chuva como se estivesse procurando alguém.
Yol sorriu, ouvindo atentamente.
— Ok. E o que mais tá acontecendo?
Kai apontou para a tela, mesmo sabendo que Yol não podia ver.
— Ele parou em frente a um beco. Tá todo escuro, mas tem uma luz piscando ao fundo. Ah, e agora! Apareceu outro cara, vestindo uma máscara, e eles estão encarando um ao outro. O protagonista tá sacando uma arma. A coisa vai ficar séria.
Yol riu, tentando imaginar a cena.
— Isso parece legal. E o que tá acontecendo agora?
Kai inclinou-se para frente, ainda narrando com entusiasmo.
— Eles começaram a lutar! O protagonista deu um soco no cara da máscara, mas ele desviou e contra-atacou com um chute. É tipo uma cena de filme de ação, bem rápida. O protagonista tá meio ferrado, mas acho que ele vai virar o jogo.
Enquanto o episódio continuava, Kai descrevia cada detalhe para Yol: os cenários, as expressões dos personagens, as reviravoltas da trama. Yol sentia-se completamente envolvido, como se realmente pudesse ver tudo o que estava acontecendo.
— E agora? — perguntou Yol, quando percebeu que Kai tinha ficado em silêncio.
— Peraí! O protagonista acabou de desarmar o cara da máscara. Ele tá apontando a arma pra ele e perguntando algo tipo: "Quem mandou você?" Mas o cara não responde, só dá um sorriso sinistro e desaparece na fumaça. Muito doido!
Yol deu uma gargalhada.
— Você é bom nisso, Kai. Acho que até melhor do que se eu estivesse vendo sozinho.
Kai sorriu, satisfeito.
— Tá vendo? Te disse que ia ser divertido. Agora é só confiar no narrador aqui. Quer continuar com o próximo episódio?
Yol assentiu, com um sorriso.
— Vamos lá. Quero saber o que acontece depois.
CONTINUA....
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Atualizado até capítulo 99
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