O Preço do Poder

Capítulo 19: O Preço do Poder

O grupo voltou de sua missão no norte com ferimentos no corpo e nas almas. As vilas estavam salvas, mas Mizum sabia que a batalha havia deixado cicatrizes profundas entre eles. O uso da escuridão dentro de si o ajudara a vencer, mas o custo dessa decisão se tornava cada vez mais evidente.

Enquanto cavalgavam de volta a Eldoria, o silêncio era esmagador. Apenas o som das patas dos cavalos e o vento cortando a planície preenchiam o vazio. Lyra olhava para Mizum com preocupação, enquanto Kael mantinha sua mão constantemente no cabo da espada, como se esperasse um ataque a qualquer momento.

Finalmente, foi Dren quem quebrou o silêncio. "Então, vamos ignorar o fato de que Mizum quase virou aquele guerreiro sombrio lá no norte?"

"Dren!" repreendeu Erya.

"O quê? Alguém precisa falar a verdade," disse ele, gesticulando com as mãos. "Mizum está brincando com algo que pode nos destruir. Não podemos simplesmente fingir que está tudo bem."

"Eu sei o que estou fazendo," disse Mizum, sua voz baixa, mas firme.

"Você sabe mesmo?" retrucou Dren, seus olhos fixos em Mizum. "Porque, para mim, parece que você está no limite de perder o controle."

"Chega!" gritou Kael, puxando as rédeas de seu cavalo. "Estamos todos cansados e irritados. Isso não ajuda."

"Não ajuda?" Dren soltou uma risada amarga. "Você viu o que aconteceu com aquele guerreiro sombrio. Mizum está se tornando algo que nem ele entende."

Mizum parou seu cavalo, descendo lentamente. Ele se virou para encarar o grupo, o olhar sério.

"Dren está certo," disse ele, para surpresa de todos. "Eu não entendo totalmente o que está acontecendo comigo. Mas o que eu sei é que preciso usar esse poder para proteger vocês e Velandria."

"Mizum..." começou Lyra, mas ele levantou a mão para interrompê-la.

"Eu não vou deixar que isso me consuma. Não importa o que aconteça, eu vou lutar para permanecer no controle."

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Quando finalmente chegaram a Eldoria, o rei os aguardava no salão do trono, acompanhado de conselheiros e líderes militares. A notícia da vitória sobre as criaturas sombrias havia chegado antes deles, e o rei parecia aliviado ao vê-los retornando.

"Vocês salvaram o norte de uma destruição certa," disse o rei, erguendo sua taça em saudação. "O povo de Velandria lhes deve sua gratidão."

"Com todo o respeito, majestade, a ameaça está longe de terminar," disse Kael, inclinando a cabeça.

"Kael tem razão," disse Erya, dando um passo à frente. "O inimigo que enfrentamos não era apenas uma manifestação sombria. Ele era organizado, liderado. Isso significa que o Dark King está se movendo."

O salão caiu em silêncio. O rei assentiu lentamente, seu rosto sombrio.

"Então devemos nos preparar para a guerra final," disse ele. "O que precisamos fazer?"

Tharion deu um passo à frente. "Para enfrentar o Dark King e vencê-lo, Mizum deve aprender a controlar a escuridão dentro de si. Apenas ele pode equilibrar as forças que estão em jogo."

Todos os olhares se voltaram para Mizum, que manteve a postura firme.

"O que isso implica?" perguntou o rei.

"Um teste final," disse Tharion. "Mizum deve entrar no Coração da Escuridão e enfrentar sua própria alma."

"O Coração da Escuridão?" perguntou Lyra, alarmada.

"É o lugar onde a escuridão de Velandria é mais pura," explicou Tharion. "Poucos ousam entrar lá, e menos ainda retornam. Mas se Mizum falhar em dominar a escuridão, ela o consumirá completamente."

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A decisão foi tomada rapidamente. Mizum sabia que não havia outra escolha. Ele deveria ir ao Coração da Escuridão e provar que era digno de portar o poder sombrio sem sucumbir a ele.

Naquela noite, enquanto o grupo descansava, Lyra foi até Mizum, que estava sentado sozinho nos jardins do castelo, olhando para o céu estrelado.

"Você não precisa fazer isso sozinho," disse ela, sentando-se ao lado dele.

"Eu agradeço, Lyra, mas este é um fardo que só eu posso carregar," respondeu ele, sem desviar o olhar do céu.

"Eu sei," disse ela, pegando a mão dele. "Mas isso não significa que você está sozinho. Todos nós estamos aqui por você. E eu..." Ela hesitou, sua voz ficando mais baixa. "Eu não quero te perder."

Mizum finalmente olhou para ela, seus olhos suaves, apesar do brilho sombrio. "Eu prometo que vou voltar, Lyra. Por você. Por todos vocês."

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Na manhã seguinte, o grupo partiu em direção ao Coração da Escuridão. A jornada era árdua, atravessando terrenos cada vez mais hostis. O ambiente parecia lutar contra eles a cada passo, com ventos uivantes e sombras que pareciam ganhar vida.

Finalmente, eles chegaram a uma enorme caverna negra, cuja entrada pulsava com uma energia maligna.

"Este é o lugar," disse Tharion.

"Mizum," disse Kael, colocando uma mão em seu ombro. "Se você sentir que está perdendo o controle, lembre-se de quem você é. Lembre-se de nós."

Mizum assentiu, apertando a mão de Kael antes de se virar para os outros. "Cuidem uns dos outros. Eu volto logo."

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Entrar no Coração da Escuridão foi como mergulhar em um oceano de trevas. Mizum sentiu a pressão ao seu redor, como se a própria caverna estivesse viva, tentando esmagá-lo.

"Você veio até mim," disse uma voz dentro de sua mente.

"Eu vim para dominar você," respondeu Mizum, sua voz ecoando na escuridão.

"Dominar-me? Que arrogância. Você não entende o que eu sou, mortal. Eu sou o reflexo de seus medos, suas falhas, suas dúvidas. Eu sou você."

De repente, a escuridão tomou forma. Uma figura idêntica a Mizum apareceu diante dele, mas seus olhos brilhavam intensamente, e sua expressão era fria e cruel.

"Eu não sou você," disse Mizum, desembainhando sua espada.

"Você é mais parecido comigo do que admite," disse a figura sombria. "Por que acha que aceitou esse poder? Porque no fundo, você quer mais. Você quer força. Você quer controle."

"Eu quero proteger as pessoas que amo," gritou Mizum, atacando.

A figura desviou com facilidade, rindo. "E é por isso que você falhará. Seu amor é sua fraqueza. Ele o torna vulnerável."

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A batalha foi brutal. A figura sombria parecia prever cada movimento de Mizum, como se conhecesse todos os seus pensamentos e intenções.

Enquanto lutava, Mizum começou a perceber algo. A figura não era apenas um inimigo externo; ela era uma parte de si mesmo, uma parte que ele precisava aceitar para vencer.

"Você entende agora," disse a figura, parando por um momento. "Eu não posso ser destruído. Mas posso ser aceito. Juntos, podemos ser invencíveis."

Mizum abaixou sua espada, ofegante. "Você está certo. Eu não preciso lutar contra você. Eu preciso entender você."

A figura sorriu, desaparecendo lentamente na escuridão. "Você fez sua escolha. Agora, prove que é digno."

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Quando Mizum emergiu do Coração da Escuridão, seus olhos brilhavam com uma luz que não era nem sombria nem clara, mas algo intermediário.

"Mizum!" gritou Lyra, correndo até ele.

Ele sorriu para ela, abraçando-a. "Eu voltei. E estou pronto para enfrentar o Dark King."

Mas no fundo, Mizum sabia que a batalha final seria mais do que apenas uma luta contra o inimigo. Seria uma luta para provar que a luz e a escuridão podiam coexistir — dentro dele e em todo Velandria.

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