Ecos de um Passado Esquecido

Capítulo 6: Ecos de um Passado Esquecido

O desfiladeiro além do Portão de Vilgorn era tão imponente quanto o próprio portão. Paredões de pedra negra se erguiam como muralhas naturais, obscurecendo o céu. O caminho era estreito e sinuoso, com rochas instáveis espalhadas ao longo da trilha. O silêncio era opressor, quebrado apenas pelo som de seus próprios passos e o ocasional ruído de pedras rolando ao longe.

"Isso está muito quieto," comentou Kael, segurando sua espada com mais firmeza. "Eu odeio lugares quietos."

"Concordo," disse Lyra, examinando o ambiente. "Este desfiladeiro foi palco de muitas batalhas no passado. É dito que os ecos dessas lutas ainda permanecem aqui."

"Ecos? Como assim?" perguntou Mizum, que já sentia os pelos da nuca se arrepiando.

Lyra hesitou antes de responder. "A magia antiga deste lugar é forte. Memórias de acontecimentos podem se manifestar como visões ou até... confrontos físicos."

Mizum engoliu seco, mas não disse nada. Ele sentia que a jornada só estava ficando mais complicada.

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Conforme avançavam, Mizum começou a ouvir vozes distantes. No início, eram indistintas, como o murmúrio de uma multidão. Mas logo se tornaram mais claras: gritos de guerra, ordens e o som de armas colidindo.

"Estão ouvindo isso?" ele perguntou, parando abruptamente.

Kael assentiu, olhando em volta com desconfiança. "Sim, e eu não gosto disso."

De repente, a trilha diante deles começou a brilhar com uma luz espectral. Figuras translúcidas surgiram do chão, como se estivessem sendo projetadas de outro tempo. Eram guerreiros, vestidos com armaduras antigas e portando espadas, lanças e escudos.

"Isso é um eco?" perguntou Mizum, seus olhos arregalados.

"Sim," respondeu Lyra, apertando o cajado com força. "Mas algo está errado. Eles não deveriam estar cientes de nós."

Antes que pudessem reagir, uma das figuras espectrais voltou-se para o grupo. Seus olhos, brilhando com uma luz azul fantasmagórica, focaram diretamente em Mizum.

"Intrusos," a figura disse, sua voz reverberando como um trovão.

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As figuras começaram a avançar. Apesar de serem espectrais, suas armas pareciam perigosamente reais. Kael imediatamente tomou posição à frente do grupo, levantando sua espada.

"Espero que eles sejam menos sólidos do que parecem," disse ele antes de bloquear o ataque de uma espada fantasma. O impacto foi tão forte que ele cambaleou para trás. "Ou talvez não!"

Lyra começou a conjurar feitiços, lançando rajadas de energia mágica para dispersar os espíritos. Alguns deles dissiparam-se com os ataques, mas outros pareciam absorver a energia, tornando-se ainda mais tangíveis.

"Isso não está funcionando!" gritou ela.

Mizum tentou invocar a Chama Primordial, mas a energia parecia instável. As chamas tremulavam em suas mãos, como se hesitassem em responder ao seu comando.

"Concentre-se, Mizum!" gritou Lyra.

Ele respirou fundo e fechou os olhos, tentando sentir o fluxo de energia ao seu redor. Então, percebeu algo estranho: os ecos não eram apenas manifestações de magia. Eles pareciam conectados ao próprio desfiladeiro, como se fossem parte dele.

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"Mizum, qualquer hora seria boa para fazer algo," disse Kael, desviando de uma lança espectral que quase o atingiu.

Mizum abriu os olhos, agora brilhando com a luz da Chama Primordial. Ele levantou as mãos, canalizando a energia em direção ao chão.

"Esses espíritos não são nossos inimigos," disse ele. "São apenas ecos, fragmentos de um passado preso aqui. Precisamos libertá-los."

A energia da Chama Primordial espalhou-se pelo desfiladeiro, iluminando as paredes escuras com uma luz dourada. As figuras espectrais pararam de atacar e começaram a recuar, como se fossem atraídas pela energia.

Uma voz ecoou pelo desfiladeiro, desta vez mais suave e melancólica:

"Finalmente... paz."

Os espíritos desapareceram, deixando o desfiladeiro em silêncio mais uma vez.

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"Bem, isso foi... intenso," disse Kael, guardando sua espada.

Lyra aproximou-se de Mizum, com um olhar de aprovação. "Você fez algo incrível. Libertou essas almas de um tormento eterno. Isso exige uma conexão profunda com a magia do lugar."

"Eu só... senti que precisava tentar," disse Mizum, ainda tentando recuperar o fôlego.

"Continue assim, garoto," disse Kael, dando um leve sorriso. "Talvez você sobreviva a esta jornada afinal."

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Com os ecos dissipados, o grupo continuou sua caminhada pelo desfiladeiro. O silêncio agora parecia menos opressivo, como se o lugar tivesse sido purificado.

Quando finalmente chegaram ao final do desfiladeiro, foram recebidos por uma visão surpreendente: uma vastidão aberta, com campos verdejantes e montanhas ao longe. No centro daquela paisagem estava a silhueta de uma cidade brilhante – Eldoria.

"Finalmente," disse Kael, cruzando os braços. "Estamos chegando."

Mizum olhou para a cidade ao longe, sentindo uma mistura de alívio e ansiedade. Ele sabia que Eldoria seria apenas o início de novos desafios, mas também sentia que estava ficando mais forte a cada passo.

"Vamos," disse Lyra, começando a descer a trilha que levava à cidade.

Com o sol se pondo atrás deles, o grupo avançou, deixando o desfiladeiro e seus ecos para trás.

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