Ecos de Traição

Capítulo 10: Ecos de Traição

O retorno do grupo à estalagem foi silencioso. Cada um mergulhava em seus próprios pensamentos, as imagens da batalha no salão do trono ainda vívidas em suas mentes. Mizum sentia o peso do encontro com o homem encapuzado e as palavras enigmáticas que ele dissera.

Assim que chegaram ao quarto alugado, Lyra trancou a porta e lançou um feitiço de proteção.

"Precisamos falar sobre o que aconteceu," disse ela, olhando para todos.

Kael jogou-se em uma cadeira, exausto, mas ainda alerta. "O que há para discutir? Aquele sujeito era claramente perigoso, e estamos enfrentando algo muito maior do que imaginamos."

"Concordo," disse Erya, cruzando os braços. "Mas o que ele queria dizer com 'seu destino está selado'? Ele estava falando de Mizum, claramente."

Todos os olhares se voltaram para Mizum, que suspirou, passando a mão pelos cabelos.

"Eu não sei," disse ele, honestamente. "Mas sinto que ele está ligado a essa Chama Primordial de alguma forma. Talvez ele saiba algo que eu ainda não entendi."

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Lyra caminhou até a janela, observando a movimentação da cidade lá fora. "Precisamos de respostas. E rápido. Antes que sejamos engolidos por essa trama."

"Então, o que fazemos agora?" perguntou Kael.

"Acho que devemos voltar aos Portões Celestiais," sugeriu Erya. "Se a Chama Primordial está reagindo, talvez haja algo lá que possa nos ajudar."

Lyra balançou a cabeça. "Os Portões estão sendo vigiados. Depois do que aconteceu no salão do trono, não podemos correr o risco de sermos seguidos ou emboscados novamente."

Mizum apertou o punho. "Se não podemos ir aos Portões, precisamos encontrar alguém que entenda mais sobre eles. Algum estudioso, um arquivista... alguém que possa nos ajudar a desvendar isso."

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Na manhã seguinte, o grupo partiu para a Biblioteca Arcana de Eldoria, um vasto edifício situado no coração da cidade. Diziam que ela continha séculos de conhecimento, desde os textos mais antigos até os registros de feitiçaria moderna.

"Se alguém souber algo sobre os Portões Celestiais, será aqui," disse Lyra enquanto eles entravam na biblioteca.

O salão principal era grandioso, com estantes que pareciam tocar o teto e um cheiro de pergaminhos antigos no ar. Estudantes e acadêmicos andavam de um lado para o outro, carregando pilhas de livros.

"Precisamos encontrar o Arquivista Mestre," disse Lyra. "Ele é conhecido por ser um especialista em artefatos antigos."

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Após alguma insistência com os atendentes da biblioteca, foram conduzidos até o Arquivista Mestre, um homem idoso com uma longa barba branca e olhos brilhantes de curiosidade.

"Portões Celestiais, hein?" disse ele, enquanto puxava um livro pesado de uma estante próxima. "Faz anos desde que alguém me perguntou sobre isso."

"Precisamos de informações," disse Lyra. "Qualquer coisa que possa nos ajudar a entender como eles funcionam."

O Arquivista abriu o livro em uma página específica e começou a ler. "Os Portões Celestiais são considerados um dos maiores mistérios de Velandria. Criados por antigos mestres da magia, eles servem como um elo entre mundos e uma fonte de energia divina. No entanto, sua ativação é extremamente perigosa. Apenas aqueles ligados à Chama Primordial podem controlá-los."

Mizum arregalou os olhos. "Então é por isso que eles estão reagindo a mim?"

"Possivelmente," respondeu o Arquivista, ajustando os óculos. "Mas há mais. Existe uma lenda de que os Portões também podem ser usados como uma arma, capaz de destruir ou reconstruir reinos inteiros."

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O grupo trocou olhares preocupados.

"E se alguém estiver tentando usar os Portões para algo maligno?" perguntou Erya.

"Então você precisa impedi-los," respondeu o Arquivista, fechando o livro com um estrondo. "Mas tenha cuidado. Os Portões exigem um preço alto de quem os utiliza. Não é algo que se deva fazer levianamente."

"Obrigado pela ajuda," disse Mizum, inclinando a cabeça.

"Boa sorte, jovem portador da Chama Primordial," disse o Arquivista. "Você vai precisar."

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Enquanto saíam da biblioteca, Mizum sentia-se ainda mais pressionado. As palavras do Arquivista ecoavam em sua mente: "Os Portões exigem um preço alto."

"Isso só confirma o que já suspeitávamos," disse Lyra. "Os Portões são a chave para tudo isso."

"Mas isso não explica quem está manipulando o rei ou por quê," disse Kael.

"Talvez não, mas sabemos onde procurar," disse Lyra. "Nos subterrâneos do palácio. Há registros antigos lá que podem conter as respostas."

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Naquela noite, o grupo se infiltrou nos subterrâneos do palácio. O local era escuro e frio, com o som de gotas d'água ecoando pelas paredes de pedra.

"Isso parece um labirinto," disse Kael, olhando ao redor.

"Não se preocupe," disse Lyra. "Eu conheço o caminho. Só precisamos nos manter juntos."

Conforme avançavam, Mizum sentia a Chama Primordial pulsar dentro dele novamente. Era como se o lugar estivesse carregado com uma energia semelhante à sua.

De repente, Erya parou. "Alguém está vindo."

Eles se esconderam nas sombras enquanto passos ecoavam pelo corredor. Duas figuras encapuzadas passaram por eles, conversando em voz baixa.

"Os preparativos estão quase concluídos. Logo, os Portões Celestiais serão nossos."

"Não se esqueça de manter o rei sob controle. Ele ainda é útil para nossos planos."

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Assim que as figuras desapareceram, Mizum saiu de seu esconderijo.

"Isso confirma nossas suspeitas," disse ele. "Eles estão manipulando o rei para acessar os Portões."

"Mas quem são 'eles'?" perguntou Kael.

"Não sei," disse Lyra. "Mas precisamos descobrir antes que seja tarde demais."

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Após mais algum tempo de exploração, eles finalmente encontraram uma sala cheia de pergaminhos antigos. Lyra começou a examiná-los rapidamente, enquanto Kael e Erya montavam guarda.

Mizum sentiu sua Chama Primordial reagir novamente, levando-o a um canto da sala onde um pergaminho estava escondido. Ele o pegou e abriu, revelando um mapa detalhado dos Portões Celestiais e uma inscrição em uma língua antiga.

"Lyra, veja isso," disse ele.

Ela se aproximou, analisando o mapa. "Isso mostra como acessar o núcleo dos Portões. E aqui..." Ela apontou para a inscrição. "Parece ser um feitiço de ativação."

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Antes que pudessem processar a descoberta, o som de passos ecoou novamente.

"Rápido, escondam-se!" sussurrou Lyra.

Eles se esconderam atrás de estantes enquanto a porta da sala se abria. Entraram três figuras encapuzadas, acompanhadas de guardas do palácio.

"Revistem tudo. Não podemos permitir que nossos segredos caiam nas mãos erradas," disse uma das figuras, sua voz familiar.

Mizum reconheceu a voz imediatamente. Era o homem encapuzado do salão do trono.

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O grupo prendeu a respiração enquanto os guardas começavam a vasculhar a sala. Mizum apertava o mapa em suas mãos, sabendo que não podiam ser descobertos.

Quando os guardas chegaram perto, Erya lançou um feitiço silencioso que apagou as tochas, mergulhando a sala na escuridão total.

"Corram!" gritou Lyra, e eles dispararam pelos corredores, o som de passos e gritos atrás deles.

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O grupo conseguiu escapar para a segurança da cidade, mas o peso de suas descobertas era esmagador.

"Agora sabemos o que estão planejando," disse Lyra, ofegante. "Mas também sabemos que o tempo está contra nós."

"Então, o que fazemos agora?" perguntou Kael.

Mizum olhou para o mapa em suas mãos, sua determinação crescendo. "Vamos para os Portões. Se eles querem usá-los, teremos que impedi-los, custe o que custar."

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