Capítulo 11: O Guardião do Limiar
A viagem até os Portões Celestiais era longa e cheia de incertezas. Mizum e seu grupo partiram ao amanhecer, deixando Eldoria para trás enquanto o vento frio da manhã carregava o som de suas botas contra o chão de pedra. A tensão no grupo era palpável. Cada um sabia que estava indo de encontro ao desconhecido — e possivelmente à batalha mais importante de suas vidas até agora.
"De acordo com o mapa," disse Lyra, segurando o pergaminho que haviam recuperado, "os Portões estão localizados no coração de uma região chamada Planície Vazia. É uma terra inóspita, onde quase ninguém ousa ir."
"Por que sempre é um lugar desolado?" resmungou Kael. "Não poderia ser uma vila agradável com uma taverna ao lado?"
Erya deu um sorriso cansado. "Se fosse fácil, não seria um artefato lendário, seria?"
Apesar da leve tentativa de humor, Mizum podia sentir a preocupação no tom de cada um. Ele próprio estava lutando contra uma mistura de medo e responsabilidade. A Chama Primordial dentro dele parecia mais intensa, como se estivesse reagindo à proximidade dos Portões.
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Conforme se aproximavam da Planície Vazia, o cenário começou a mudar. As árvores tornaram-se escassas, e o solo, antes coberto de grama, agora era seco e rachado. O céu parecia mais escuro, mesmo durante o dia, e o vento carregava uma sensação de inquietação.
"Estamos perto," disse Lyra, olhando ao redor.
De repente, um som ecoou pelas planícies. Era um rugido profundo, seguido por tremores que faziam o chão tremer sob seus pés.
"O que foi isso?" perguntou Mizum, olhando em volta, a mão já segurando o cabo de sua espada.
"Algo está vindo," disse Kael, erguendo o escudo.
Do horizonte, uma figura massiva começou a se aproximar. Era um ser colossal, com um corpo que parecia feito de pedra e magma, seus olhos brilhando como brasas. Cada passo que dava fazia o chão estremecer.
"O Guardião," sussurrou Lyra, sua voz carregada de reverência e medo.
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O grupo se posicionou enquanto a criatura se aproximava. O Guardião era claramente uma criação mágica, sua aura pulsando com energia ancestral. Quando ele parou diante deles, sua voz ecoou como trovões.
"Quem ousa se aproximar dos Portões Celestiais?"
Mizum deu um passo à frente, sentindo a Chama Primordial dentro dele reagir ao Guardião. "Meu nome é Mizum, e eu sou o portador da Chama Primordial. Vim em busca dos Portões."
O Guardião inclinou a cabeça, como se estivesse avaliando Mizum. "Portador da Chama... Você carrega uma responsabilidade que poucos compreendem. Os Portões são um poder que não deve ser despertado levianamente. Por que você os busca?"
"Porque alguém está tentando usá-los para destruir este mundo," respondeu Mizum. "E eu preciso impedir isso."
O Guardião permaneceu em silêncio por um momento, antes de erguer sua enorme mão de pedra. "Se é verdade que você é o portador, prove seu valor. Mostre-me que é digno de acessar os Portões."
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Antes que Mizum pudesse responder, o Guardião atacou. Ele golpeou o chão com seu punho, criando uma onda de choque que lançou o grupo para trás.
"Ele não está brincando!" gritou Kael, levantando-se e brandindo sua espada.
Erya já estava conjurando feitiços, lançando rajadas de energia que atingiram o Guardião, mas apenas o fizeram recuar ligeiramente.
"Precisamos trabalhar juntos!" gritou Lyra, enquanto criava um campo de proteção ao redor do grupo.
Mizum sentiu a Chama Primordial pulsar com força dentro dele. Ele sabia que este era o momento de usá-la, mas precisava de uma estratégia.
"Kael, distraia-o! Erya, mire nas pernas dele!" Mizum gritou, assumindo a liderança instintivamente.
Kael correu em direção ao Guardião, sua espada brilhando à luz do magma que escorria do corpo da criatura. Ele golpeou repetidamente, atraindo a atenção do Guardião e desviando seus ataques.
Enquanto isso, Erya lançou uma série de feitiços direcionados às pernas do Guardião, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio momentaneamente.
Mizum aproveitou a abertura para concentrar sua Chama Primordial, criando uma esfera de energia ardente em suas mãos. Ele a lançou contra o peito do Guardião, que gritou em dor e recuou.
"Está funcionando!" gritou Erya, mas sua alegria foi curta.
O Guardião ergueu-se novamente, mais furioso do que antes. Ele abriu a boca, liberando uma torrente de fogo que forçou o grupo a se dispersar.
"Esse cara é impossível de derrotar!" gritou Kael, ofegante.
"Não, ele tem um ponto fraco," disse Lyra, observando cuidadosamente. "O núcleo dele. Está no peito, onde Mizum o atingiu antes. Precisamos focar lá!"
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Com essa informação, o grupo ajustou sua estratégia. Enquanto Kael e Lyra distraíam o Guardião, Erya e Mizum concentraram seus ataques no núcleo.
Mizum canalizou toda a energia da Chama Primordial, sentindo-a crescer até quase transbordar. Ele sabia que era arriscado, mas não havia outra escolha.
"Agora!" gritou Lyra, criando uma barreira que segurou o Guardião por tempo suficiente.
Mizum lançou um último ataque, uma rajada de fogo azul que atingiu o núcleo do Guardião com força total. A criatura rugiu, seu corpo começando a desmoronar.
"Conseguimos!" gritou Kael, enquanto o Guardião caía de joelhos, sua forma se desfazendo em pó.
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Quando a poeira baixou, o grupo percebeu que o Guardião não havia desaparecido completamente. Em seu lugar, restava uma figura menor, humanoide, feita de luz.
"Você provou sua força, portador da Chama Primordial," disse a figura, sua voz agora mais suave. "Os Portões Celestiais estão abertos para você. Mas lembre-se: com grande poder vem grande sacrifício. Escolha sabiamente."
Com essas palavras, a figura desapareceu, e o grupo viu que uma passagem havia se aberto no chão, revelando uma escada que descia para a escuridão.
"Estamos perto," disse Lyra, olhando para Mizum.
"Sim," respondeu ele, sentindo a responsabilidade pesar sobre seus ombros. "Mas ainda não acabou."
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O grupo começou a descer as escadas, cada um sentindo que estava entrando em algo muito maior do que imaginavam. Mizum segurava o mapa em uma mão, enquanto a outra estava no punho de sua espada.
Os Portões Celestiais estavam logo à frente, mas o que eles encontrariam lá — e que escolhas seriam forçados a fazer — ainda era um mistério.
E assim, o destino de Velandria estava prestes a ser decidido.
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Atualizado até capítulo 20
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