As Terras Sombrias e a Verdade Oculta

Capítulo 17: As Terras Sombrias e a Verdade Oculta

Os primeiros dias de viagem às Terras Sombrias foram estranhamente calmos. Mizum e seus companheiros estavam acostumados a emboscadas e perigos iminentes, mas agora era o silêncio que os deixava desconfortáveis.

Tharion liderava o grupo com uma confiança inabalável, carregando consigo o mapa antigo da Biblioteca de Velandria. As Terras Sombrias eram um território quase inexplorado, envolto em mistérios e histórias de aventureiros que nunca retornaram.

"Por que ninguém sabe muito sobre esse lugar?" perguntou Erya, quebrando o silêncio enquanto caminhavam por uma planície árida.

"Porque poucos se arriscam a entrar e, dos que entram, quase nenhum retorna," respondeu Tharion. "As Terras Sombrias são o lar de forças além da compreensão humana. Apenas aqueles com uma conexão profunda ao equilíbrio de Velandria podem navegar por elas."

"Ótimo," disse Dren, girando sua adaga. "Mais um lugar onde provavelmente vamos quase morrer."

"Foco, Dren," disse Kael, com um tom de advertência.

Lyra aproximou-se de Mizum, que estava na retaguarda. "Você está muito quieto. Está preocupado?"

"Estou," respondeu ele, olhando para o horizonte vazio. "Se o que Tharion diz é verdade, então isso é mais do que apenas derrotar o Dark King. É sobre restaurar algo que está além do nosso controle."

Ela colocou uma mão no ombro dele. "Você sempre encontrou uma maneira, Mizum. Desta vez não será diferente."

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À medida que avançavam, a paisagem começou a mudar. Árvores retorcidas e mortas surgiram, com galhos que pareciam mãos tentando agarrar o céu. O solo ficou mais escuro, quase como carvão, e uma névoa espessa envolveu o grupo.

"Estamos perto," disse Tharion, parando abruptamente.

"Como você sabe?" perguntou Kael, segurando sua espada com mais firmeza.

"O ar aqui é diferente," respondeu Tharion. "Vocês sentem isso? É como se algo estivesse observando."

Todos ficaram em silêncio, e Mizum percebeu que Tharion estava certo. Ele podia sentir uma presença ao redor, algo invisível, mas inegavelmente real.

De repente, um som rasgou a névoa — um uivo gutural que parecia vir de todas as direções.

"E lá vamos nós," disse Dren, sacando suas adagas.

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Criaturas começaram a emergir da névoa. Elas eram diferentes das sombras que enfrentaram antes; suas formas eram grotescas, como pesadelos materializados. Alguns tinham múltiplos braços, outros rostos torcidos em expressões de agonia eterna.

"Protejam Mizum!" gritou Kael, avançando contra a primeira criatura.

Lyra ergueu sua arma, criando uma barreira de luz ao redor do grupo enquanto Erya conjurava chamas para afastar os inimigos. Dren movia-se como uma sombra, atacando com precisão letal, enquanto Kael mantinha a linha de frente.

Mizum, porém, sentia-se impotente. Sem a Chama Primordial, ele era apenas um humano comum. Ele tentou lutar com a espada que Kael lhe dera, mas cada golpe parecia insignificante contra as criaturas.

Enquanto isso, Tharion estava parado no centro da confusão, murmurando palavras em uma língua antiga.

"O que ele está fazendo?" gritou Mizum, desviando de um ataque.

"Concentrando-se!" respondeu Lyra. "Confie nele!"

As criaturas continuavam avançando, mas, de repente, a névoa ao redor começou a se dissipar. Uma luz azul emanou do chão, formando runas brilhantes que cercaram o grupo.

As criaturas hesitaram, gritando em agonia antes de se dissolverem em fumaça.

"É isso," disse Tharion, ofegante. "Estamos no limiar das Terras Sombrias."

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Após a batalha, o grupo fez uma pausa para recuperar o fôlego. Mizum sentou-se contra uma árvore retorcida, observando as runas ainda brilhando no chão.

"Essas runas... o que são?" perguntou ele.

"São selos antigos," explicou Tharion. "Criados pelos primeiros guardiões para manter as forças das Terras Sombrias contidas. Elas nos protegeram desta vez, mas não podemos contar com elas para sempre."

Erya aproximou-se, cruzando os braços. "Você sabia que isso aconteceria, não sabia?"

Tharion encontrou o olhar dela, mas não respondeu.

"Claro que sabia," disse Dren. "E decidiu não nos contar."

"Se eu tivesse contado," disse Tharion calmamente, "vocês teriam hesitado. E hesitar aqui é a diferença entre vida e morte."

"Ele tem razão," disse Kael. "Não podemos nos dar ao luxo de dúvidas agora."

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Ao prosseguirem, Mizum começou a perceber que as Terras Sombrias não eram apenas um lugar físico, mas também uma manifestação de algo mais profundo. Cada passo parecia pesar mais, como se o próprio ambiente estivesse drenando sua força de vontade.

Tharion parou novamente, desta vez diante de uma grande porta de pedra incrustada com cristais negros.

"Chegamos," disse ele.

"Isso é...?" começou Lyra.

"O Santuário da Escuridão," respondeu Tharion. "O segundo foco de poder."

A porta parecia pulsar com energia. Mizum sentiu um calafrio ao se aproximar.

"Como abrimos isso?" perguntou Kael, examinando a superfície da porta.

"Com isso," disse Tharion, segurando um amuleto que tirou de seu manto. Ele o colocou no centro da porta, que começou a brilhar intensamente antes de se abrir lentamente.

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Dentro do santuário, o ar era ainda mais denso, e o silêncio era opressor. O grupo entrou em formação, com armas prontas.

No centro da sala, um altar brilhava com uma luz negra, como um eclipse. Sobre ele, uma esfera flutuava, girando lentamente.

"Aquilo é o foco?" perguntou Erya.

"Sim," disse Tharion. "Mas há algo que vocês precisam saber antes de tocá-lo."

Todos pararam, esperando sua explicação.

"O equilíbrio de Velandria depende tanto da luz quanto das trevas," explicou Tharion. "Para restaurar o equilíbrio, um sacrifício deve ser feito. Alguém deve aceitar a escuridão dentro de si para selar o foco."

Houve um silêncio pesado enquanto todos absorviam suas palavras.

"Isso significa..." começou Lyra, com a voz trêmula.

"Que alguém deve se tornar o portador das trevas," concluiu Tharion.

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Mizum deu um passo à frente. "Eu farei isso."

"Você não pode estar falando sério," disse Erya, chocada.

"Não há outro jeito," disse Mizum, olhando para ela. "Perdi a Chama Primordial. Sem ela, sou a escolha óbvia. Vocês ainda têm suas forças. Eu não."

"Isso não é verdade," disse Lyra, segurando seu braço. "Você ainda é importante para nós."

"Não é uma questão de importância," disse ele. "É uma questão de necessidade."

Tharion olhou para Mizum, sua expressão sombria. "Você entende o que está escolhendo? Aceitar a escuridão é um fardo que irá consumi-lo."

Mizum assentiu. "Eu entendo. Mas se isso significa salvar Velandria, então estou pronto."

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Com um peso no coração, Mizum caminhou até o altar. Ele estendeu a mão para a esfera, sentindo sua energia fria e pulsante. Quando a tocou, um turbilhão de sombras o envolveu.

Os gritos de seus amigos ecoaram ao longe, mas Mizum mal podia ouvi-los. Tudo o que sentia era a escuridão tomando conta de sua alma.

Quando a luz negra finalmente desapareceu, Mizum caiu de joelhos, ofegante.

"Mizum!" gritou Lyra, correndo até ele.

Ele olhou para ela, seus olhos agora tingidos de um brilho sombrio. "Está feito."

Mas no fundo, ele sabia que havia mais em jogo do que apenas o equilíbrio de Velandria. A escuridão dentro dele não seria facilmente contida.

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