Capítulo 5: O Enigma do Portão de Pedra
A paisagem diante do grupo começou a mudar drasticamente à medida que deixavam a densidade opressiva da floresta de Eldenwyn para trás. As árvores altas deram lugar a colinas cobertas por grama dourada que se estendiam até onde os olhos podiam alcançar. No centro daquele panorama, um imenso portão de pedra erguia-se, marcando a entrada para um desfiladeiro sombrio.
"Esse é o Portão de Vilgorn," explicou Lyra, observando a estrutura à distância. "Uma passagem crucial para Eldoria, mas também um local repleto de perigos."
Mizum estreitou os olhos para o portão, impressionado com sua grandiosidade. Ele era feito de uma pedra negra e polida, coberto por inscrições antigas que brilhavam em tons de azul e prata. Parecia ser uma obra mágica, não apenas arquitetônica.
"Por que um portão? Não poderíamos simplesmente dar a volta?" perguntou Mizum, ajustando sua capa enquanto caminhava.
"Não exatamente," respondeu Kael, com sua espada apoiada no ombro. "Vilgorn é cercado por falésias intransponíveis. Este portão é o único caminho, mas... nunca é tão simples quanto parece."
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Ao se aproximarem, a magnitude do portão tornou-se ainda mais evidente. Ele era imenso, com pelo menos trinta metros de altura, e parecia não ter guardas ou mecanismos visíveis para abri-lo.
Lyra parou e começou a analisar as inscrições com cuidado. "São runas de enigma. O portão só se abre para aqueles que provarem ser dignos."
Kael suspirou, apoiando-se em uma pedra próxima. "Ótimo. Mais uma prova. Isso vai demorar."
Mizum aproximou-se, curioso. "Como resolvemos isso?"
Lyra apontou para o centro do portão, onde uma inscrição maior brilhava com mais intensidade. "Essas runas parecem formar uma charada. Mas é escrita em uma língua antiga. Vou tentar traduzi-la."
Ela colocou as mãos sobre o portão, murmurando palavras em uma língua que Mizum não entendia. Lentamente, as inscrições começaram a se reorganizar, formando uma frase na língua comum:
"Aquele que deseja passagem deve mostrar equilíbrio entre luz e sombra. Prove seu coração."
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"Isso não me parece promissor," murmurou Kael.
Lyra ignorou o comentário e olhou para Mizum. "Você carrega a Chama Primordial, uma energia que representa tanto criação quanto destruição. Acho que esta prova foi feita para alguém como você."
Mizum deu um passo para trás. "Espera, você acha que eu tenho que resolver isso sozinho?"
Kael deu um sorriso encorajador, mas ligeiramente sarcástico. "É o seu momento de brilhar, herói."
"Ótimo..." Mizum suspirou, aproximando-se do portão.
Ele colocou as mãos contra a pedra fria e fechou os olhos, tentando sentir algo – um fluxo de energia, uma conexão. Para sua surpresa, sentiu uma leve pulsação, como um coração batendo dentro do portão.
Uma voz ecoou em sua mente, grave e profunda:
"Escolha: luz ou sombra."
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"Escolha luz ou sombra?" Mizum repetiu em voz alta. "O que isso significa?"
Lyra franziu a testa. "Provavelmente, você precisa decidir entre um caminho que represente luz, como compaixão, ou sombra, como força."
Kael balançou a cabeça. "Ou é uma armadilha. Se escolher um, pode significar que está rejeitando o outro. Este enigma quer equilíbrio, lembra?"
Mizum sentiu a pressão aumentar. "E como eu mostro equilíbrio?"
Ele respirou fundo e tentou pensar. A Chama Primordial dentro dele era instável porque representava duas forças opostas: criação e destruição. Talvez a resposta estivesse em aceitar as duas partes, em vez de escolher uma.
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"Eu não escolho apenas luz nem sombra," declarou Mizum, sua voz firme. "Eu escolho ambas. Porque uma não pode existir sem a outra."
Por um momento, nada aconteceu. Então, o portão brilhou intensamente, e as runas começaram a se mover novamente, formando um padrão diferente. A voz ecoou mais uma vez:
"Prove equilíbrio no espírito."
De repente, Mizum foi envolvido por uma luz ofuscante. Quando abriu os olhos, estava em um lugar diferente – um vazio branco infinito. Diante dele, duas figuras se materializaram: uma feita de pura luz, irradiando calor e conforto, e outra de sombra, fria e opressiva.
"Você deve enfrentar a si mesmo," disseram as figuras em uníssono.
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As figuras avançaram ao mesmo tempo. A luz lançou uma onda de energia radiante, enquanto a sombra se transformou em uma lança afiada que avançou rapidamente. Mizum instintivamente invocou a Chama Primordial, criando um escudo de fogo para se defender.
Mas ele logo percebeu que não podia lutar contra as duas ao mesmo tempo. A luz o cegava, enquanto a sombra drenava sua energia.
"Equilíbrio," ele murmurou para si mesmo. "Eu preciso equilibrá-las."
Mizum começou a mudar sua abordagem. Em vez de tentar bloquear ou atacar, ele focou em redirecionar os ataques. Quando a luz lançou outra onda de energia, ele a absorveu e a canalizou para a sombra, enfraquecendo-a. Quando a sombra tentou envolvê-lo, ele usou a energia para alimentar a luz.
A batalha continuou, mas, aos poucos, Mizum percebeu que as duas forças estavam diminuindo, equilibrando-se. Finalmente, ambas desapareceram, deixando apenas Mizum de pé no vazio.
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Quando voltou ao mundo real, Mizum estava de joelhos diante do portão. Ele respirava pesadamente, mas sentia-se diferente – mais forte, mais confiante.
As runas no portão brilharam intensamente, e ele começou a se abrir, revelando o desfiladeiro além.
"Você conseguiu," disse Lyra, sorrindo.
Kael aproximou-se e deu um tapinha no ombro de Mizum. "Não foi nada mal, garoto. Talvez você realmente seja o herói que precisamos."
Mizum levantou-se, olhando para o caminho à frente. Ele ainda tinha muito a aprender, mas, naquele momento, sentiu que estava um passo mais perto de se tornar o herói que o mundo precisava.
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Atualizado até capítulo 20
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