Capítulo 16: Ecos da Verdade Escondida
O grupo retornou à superfície de Velandria com os corpos e espíritos exaustos. As cicatrizes da batalha no Coração dos Portões estavam presentes em cada um deles, mas o que mais preocupava Mizum era o vazio deixado pela perda da Chama Primordial. Apesar da vitória, ele não podia ignorar a sensação de que algo ainda estava errado.
Ao redor deles, o cenário era de um mundo em recuperação. As criaturas de sombra haviam desaparecido, e os campos antes devastados começavam a florescer novamente. No horizonte, a capital, Eldoria, brilhava sob o céu límpido, mas algo na calmaria parecia... artificial.
“Finalmente, paz,” disse Kael, olhando para o grupo. “E nós ainda estamos de pé.”
Dren riu, embora claramente exausto. “Acho que essa é a maior surpresa de todas.”
Lyra colocou uma mão no ombro de Mizum. “Você conseguiu. Velandria está segura, graças a você.”
“Será mesmo?” Mizum perguntou, com a voz pesada. Ele olhou para suas mãos, esperando sentir o calor da Chama Primordial, mas tudo o que encontrou foi um vazio silencioso. “Algo ainda não parece certo.”
Erya franziu o cenho. “Você selou o Coração dos Portões. O Dark King foi derrotado. O que mais poderia estar errado?”
Mizum hesitou antes de responder. “Aquela voz no Coração... O Guardião. Ele disse que isso era apenas o começo.”
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De volta a Eldoria, o grupo foi recebido como heróis. A praça central estava lotada, com cidadãos vibrando de alegria e agradecimento. Bandeiras foram hasteadas, e canções foram entoadas em sua honra.
No entanto, Mizum não conseguia se sentir parte da celebração. Enquanto os outros recebiam os louros da vitória, ele se afastou, encontrando um canto tranquilo na borda da praça. Lyra percebeu e o seguiu.
“Por que você está tão distante?” perguntou ela, sentando-se ao lado dele.
“Não me sinto como um herói,” respondeu Mizum. “Eu perdi o poder que me trouxe até aqui. Agora, sou apenas... um peso para vocês.”
“Você não é um peso,” disse Lyra, com firmeza. “Você é o coração deste grupo, Mizum. Não é a Chama Primordial que faz de você um herói, mas sim sua coragem e sua determinação.”
Ele suspirou. “E se eu estiver errado? E se o Dark King ainda estiver lá fora, esperando por sua chance?”
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Naquela noite, durante o banquete em sua homenagem, um visitante inesperado chegou. Era uma figura encapuzada, sua presença emanando um ar de mistério. Os guardas hesitaram em deixá-lo entrar, mas ele apenas ergueu a mão, revelando um símbolo antigo: uma marca semelhante ao emblema da Chama Primordial.
Mizum levantou-se imediatamente. “Quem é você?”
O homem retirou o capuz, revelando um rosto marcado pelo tempo, mas com olhos brilhando de sabedoria.
“Meu nome é Tharion,” disse ele. “Sou o último guardião da Biblioteca de Velandria, e trago respostas que você busca.”
O salão ficou em silêncio. Até mesmo os companheiros de Mizum pareciam confusos.
“Biblioteca?” perguntou Erya. “Achei que ela tivesse sido destruída há séculos.”
“Assim como muitas coisas neste mundo,” disse Tharion, “a verdade foi enterrada para proteger os segredos que poderiam destruir Velandria. Mas agora, esses segredos precisam ser revelados.”
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Curioso e inquieto, Mizum seguiu Tharion, junto com o restante do grupo, para um local escondido nos arredores da capital. O caminho era longo e sinuoso, levando-os a uma entrada oculta em uma montanha.
Dentro, a Biblioteca de Velandria era um espetáculo. Estantes se erguiam até o teto, cheias de livros e pergaminhos antigos. Luzes mágicas flutuavam pelo espaço, iluminando o ambiente com um brilho suave.
“Por que nos trouxe aqui?” perguntou Mizum, admirado.
Tharion caminhou até uma mesa central, onde colocou um pergaminho que parecia tão antigo quanto o próprio mundo. “Porque há algo que você precisa saber sobre a Chama Primordial e o Dark King.”
Ele abriu o pergaminho, revelando um mapa antigo de Velandria. No centro, o Coração dos Portões estava marcado com um símbolo de equilíbrio, rodeado por figuras de luz e escuridão.
“A Chama Primordial não é apenas uma fonte de poder,” explicou Tharion. “Ela é parte de um ciclo eterno. Luz e trevas, criação e destruição. Selar o Coração dos Portões desequilibrou esse ciclo.”
“O que isso significa?” perguntou Lyra, preocupada.
“Significa,” disse Tharion, “que o Dark King não foi destruído. Ele foi temporariamente disperso, mas a escuridão sempre encontrará um caminho para retornar.”
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Mizum sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele olhou para o mapa, tentando compreender a magnitude do que estava ouvindo.
“Então o que devemos fazer?” perguntou ele.
Tharion apontou para uma área no mapa, marcada com um emblema semelhante a uma lua negra. “Há um segundo foco de poder, escondido nas Terras Sombrias. É lá que o equilíbrio precisa ser restaurado.”
Erya cruzou os braços, desconfiada. “E como sabemos que isso não é uma armadilha? Quem garante que você está dizendo a verdade?”
Tharion olhou para ela com uma expressão calma. “Você não sabe. Mas o tempo está contra nós. Cada momento que hesitamos é uma oportunidade para a escuridão crescer novamente.”
Kael colocou a mão no ombro de Mizum. “Você confia nele?”
Mizum olhou para Tharion, depois para seus companheiros. Finalmente, assentiu. “Não temos escolha. Se há uma chance de impedir o retorno do Dark King, precisamos arriscar.”
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A jornada para as Terras Sombrias seria longa e perigosa. O grupo começou a se preparar imediatamente, abastecendo-se com suprimentos e armas. Apesar de estarem acostumados com desafios, o peso desta missão parecia diferente.
Na noite anterior à partida, Mizum sentou-se sozinho na varanda de sua hospedagem, olhando para as estrelas. Ele pensou em tudo o que havia sacrificado, tudo o que ainda estava por vir.
Lyra apareceu, silenciosa como sempre, e sentou-se ao lado dele.
“Você está pronto para isso?” perguntou ela.
“Não,” respondeu Mizum, com um sorriso triste. “Mas quando eu estive?”
Ela riu suavemente. “Você pode não perceber, mas é mais forte do que pensa. Com ou sem a Chama Primordial, você ainda é o herói que este mundo precisa.”
“Obrigado, Lyra,” disse ele, olhando nos olhos dela. Por um momento, o tempo pareceu parar, e ele se perguntou o que realmente queria para o futuro.
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Na manhã seguinte, o grupo partiu, com Tharion liderando o caminho. Enquanto se afastavam da capital, Mizum olhou para trás uma última vez, sentindo uma mistura de medo e determinação.
Ele sabia que a estrada à frente seria sombria e cheia de perigos, mas também sabia que não estava sozinho. Seus companheiros estavam com ele, e juntos, enfrentariam qualquer desafio que surgisse.
O destino de Velandria ainda estava por ser decidido, e Mizum estava determinado a lutar até o fim.
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Atualizado até capítulo 20
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