Maya
Eu cheguei aqui há duas horas e vim direto para o Central Park. Me sentei aqui para colocar meus pensamentos em ordem ainda não assimilei muito bem as últimas horas da minha vida. Perdi meus pais, perdi a empresa da família que valia bilhões, perdi minha casa e não posso usar minha conta bancária.
Tenho duas malas e uma mochila que está com meus documentos e vinte mil dólares. Eu não tenho emprego e nem um lugar para morar, esse dinheiro não vai durar para sempre e não tenho noção de onde começar a procurar por um emprego, as pessoas aqui não confiam muito em brasileiros.
Para ser sincera não os culpo. Como você vai confiar em alguém que veio de outro país? Pode ser um assassino, um molestador, alguém que só veio para cá para fazer mal. Não posso culpá-los
Tenho que encontrar um lugar barato para alugar e que pelo menos seja por aqui. Dou uma volta pelo lugar e tudo por aqui custa mais de 100 dólares e se eu quiser que esse dinheiro renda não posso gastar muito.
Deus, vamos bater um papo: eu perdi meus pais e minha vida no Brasil, então, por favor, me ajuda nesse momento… é tudo que eu te peço. Não precisa ser muito não, apenas um empurrãozinho, ok?
Estou lá novamente sentada no banco e falando sozinha até que escuto uma garota gritar com uma amiga que está engasgando, meu Deus, ela vai sufocar preciso ajudar. Corro até elas toda atrapalhada com as minhas malas.
— Não bate nas costas dela, isso não vai ajudar. — abraço a garota ruiva por trás e aperto minhas mãos na altura do estômago dela impulsionando para cima e na quarta vez a garota cospe longe um enorme pedaço de croissant. Sem ar ela diz seu nome:
— Oi, eu sou a Emma.
E a outra mulher também:
— Como vai? Me chamo Hilary, e você? — eu por final me apresento também:
— Me chamou Maya, fico muito feliz em ajudar. Precisa ter mais cuidado, Emma. — Hilary acaba rindo e me agradece:
— Obrigada, Maya. Eu já falei para ela comer pedaços menores, mas essa gulosa não tem jeito.
— Obrigada por salvar minha vida, Maya. Eu sou gulosa mesmo, mas vou tomar mais cuidado, prometo. — Emma aperta minha mão dando uma risadinha.
— Está tudo bem, meninas. Agora eu preciso ir, não quero atrapalhar vocês. — dou alguns passos de distância até que Hilary fala:
— Estou achando que precisa de um lugar para ficar. Se quiser pode vir morar com nós duas.Tem um quarto sobrando, não é grande, mas suponho que é melhor que ficar sentada naquele banco, você pode ajudar no aluguel e comida.
Essas duas estranhas estão me convidando para morar com elas? Não sabem quem eu sou ou o que posso fazer e estão me convidando para morar com elas?
— Você acabou de salvar minha vida no nosso dia de folga, então não pode recusar. — Emma fala agradecida e animada.
Elas nunca assistiram “Vivendo Com o Inimigo”? Como essas duas convidam uma estranha para morar na casa delas?
Ok, sei que pedi uma ajuda para Deus agora pouco, salvei a vida da Emma… Mas tudo isso é estranho, duas almas boas num mar de coisas ruins? Aceito ou não?
— Vocês não tem medo de colocar uma estranha na casa de vocês? — uma olha para a outra e responde ao mesmo tempo:
— Não!
— Vocês são muito gentis, só que mesmo que eu aceite não vou poder ajudar por muito tempo, ainda preciso encontrar um emprego e como sou brasileira acho que isso vai ser um pouco difícil por aqui. — confesso.
— Nós trabalhamos na empresa MakeUp Seduction e parece que você deu sorte, porque está tendo um processo seletivo lá para assistente de escritório. — Hilary fala me puxando pelo braço.
— Podemos te ajudar colocando seu nome lá e fazer um currículo também, o resto é com você. — Emma cruza os dedos torcendo por mim.
Deus, o que é isso? Está querendo me compensar pelo que fez comigo no Brasil? Pergunto em pensamento olhando para o céu.
— Mas não tenho experiência nesse cargo, apesar que sou formada em Harvard em administração de empresas… — Hilary corta minha frase e fala:
— Então você já tem boa parte do que é preciso. E não se preocupe com a experiência, não é uma das exigências para o cargo, mas sim dinâmica e eficiência.
— Hil, vamos ajudá-la com as malas. Temos até amanhã às nove horas para tirar o medo e a insegurança dela.
— Mas vocês nem me conhecem, por que estão me ajudando? — isso é uma pegadinha? Ou elas que são as assassinas?
— De todas as pessoas passando à nossa volta quantas você viu parar e nos ajudar quando a Em estava engasgada? — Hilary pergunta.
— Só você veio ajudar. Então por que não retribuir? Você nos ajudou, então ajudamos você. E nós gostamos de você.
Estou impressionada com o altruísmo dessas duas. Realmente ajudei a Emma, elas devem mesmo estar querendo me ajudar a construir uma vida aqui.
— Obrigada, por tudo. — falo um pouco emocionada.
Quando chegamos no apartamento delas conto minha história enquanto arrumo minhas coisas no pequeno quarto, porém aconchegante e elas ficam de boca aberta com tudo.
— Como assim seu tio matou seus pais e roubou tudo que era seu? A polícia não fez nada? — Hilary questiona indignada.
— Se fosse aqui seu tio já estaria preso e sem possibilidade de condicional. — Emma fala num tom descontente.
— Ele não sujou as belas mãos, então não dava para incriminar. — olho para a carta que meus pais me deixaram, mas ainda não estou pronta para abrir e ler.
— Isso é algo importante? — Hilary indaga.
— Parece ser algo importante, ela tem lágrimas nos olhos, Hil. — Emma parece se emocionar.
— Sim, meninas... É dos meus pais só que não posso ler agora. Ainda não estou pronta para isso. — falo com a voz embargada.
Guardo a carta em uma gaveta na mesinha ao lado da cama. Me jogo na cama que por mais que seja de solteiro é grande. As meninas se jogaram também e ali conversamos para nos conhecer melhor e me deram praticamente uma aula sobre tudo na empresa.
Será que conseguirei o trabalho?
Depois que elas foram para os quartos delas não resisto, a saudade e o luto me sufocam. Acabo pegando a carta para ler e o que estava escrito finalmente me faz chorar dolorosamente.
"Minha querida Maya,
Quando você ler esta carta, nós já não estaremos aqui para abraçá-la, mas nosso amor permanecerá vivo em seu coração. Nossa decisão de deixá-la partir para os Estados Unidos foi a mais difícil que já tomamos, mas sabemos que foi necessária para protegê-la das garras de Vinícius.
Você sempre foi nossa luz, nossa alegria e nosso orgulho. Cada sorriso seu iluminava nossos dias, cada abraço nos enchia de vida. Você é a essência do nosso amor.
Vinícius nunca entenderá o valor de uma alma pura como a sua. Ele nunca saberá o quanto você é capaz de amar e ser amada. Mas nós sabemos. E queremos que você viva plenamente, longe de suas manipulações.
Não nos odeie por isso, nossa filha. Entenda que nossa decisão nasceu do amor infinito que sentimos por você. Queremos que você seja feliz, que encontre seu caminho, que viva sem medo.
Lembre-se de que você é forte, corajosa e capaz. Você é a continuação de nosso legado. Nunca permita que alguém apague sua luz.
Nosso amor por você é eterno. Nos encontraremos novamente, mas até lá, leve nosso coração consigo.
Para sempre,
Mamãe e Papai."
Por que eu li essa carta? Por que fiz isso comigo? Saber o tamanho do amor deles por mim só me fez querer estar com eles num abraço apertado e quentinho. Me jogo no travesseiro e choro.
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Atualizado até capítulo 65
Comments
Patrícia Barbosa Ferrari
Quanto sofrimento a Maya está passando,ainda bem ❤️🩹 que ela conheceu dois anjos 😇😇 que são a Emma e a Hilary e que vão dar um grande apoio a ela nesse momento
2025-02-28
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Silvia Pereira
carta de despedida dos pais linda, parece que eles já sentindo que ia acontecer alguma coisa
2024-12-23
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Silvia Pereira
quero ver quando esse tio dela descobrir que a Maya foi embora
2024-12-23
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