Capítulo 15: As Linhas que Separaram Mundos

Capítulo 15: As Linhas que Separaram Mundos

Os dias que se seguiram ao jogo de Gabriel foram cheios de pequenos momentos que carregavam mais significado do que Anny e Mateus gostariam de admitir. Um olhar mais demorado, conversas que iam além do trivial e a presença constante um do outro estavam se tornando difíceis de ignorar.

Mas enquanto as crianças pareciam se acostumar com o clima mais leve na casa, Anny e Mateus lutavam com suas emoções.

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Uma Tarde Chuvosa

Na tarde de sexta-feira, uma chuva inesperada caiu sobre a cidade. Alice e Gabriel aproveitaram para assistir desenhos animados na sala, enquanto Malu estava no quarto estudando. Anny, por sua vez, preparava chocolate quente para todos.

— Está tudo muito tranquilo hoje — comentou Mateus, entrando na cozinha. Ele havia chegado mais cedo do trabalho por conta do tempo ruim.

Anny sorriu enquanto mexia a panela no fogão.

— Às vezes, a tranquilidade é boa.

Ele se aproximou, encostando-se no balcão ao lado dela.

— Você nunca para, não é?

— Tenho que cuidar de tudo por aqui, não tenho tempo para parar.

— Talvez você devesse tirar um tempo para si mesma. Fazer algo que gosta.

Ela deu uma risada leve.

— E o que seria isso? Ir ao cinema sozinha? Passear por aí sem rumo?

— Por que sozinha? — perguntou ele, em um tom quase desafiador.

Anny sentiu o coração acelerar, mas antes que pudesse responder, Alice entrou correndo na cozinha.

— Anny! O chocolate está pronto?

Ela agradeceu silenciosamente pela interrupção e rapidamente serviu a xícara da menina.

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Uma Ligação Inesperada

Mais tarde, quando Anny estava organizando as roupas das crianças, seu celular vibrou com uma ligação. Era sua mãe, ligando do Brasil.

— Oi, mãe! — atendeu ela, tentando soar animada.

— Anny, como você está, minha filha? Faz tanto tempo que não falamos direito.

— Estou bem. O trabalho tem me mantido ocupada, mas está tudo certo.

A mãe de Anny hesitou por um momento antes de continuar:

— Você parece feliz. Acha que encontrou seu lugar aí?

Anny olhou para a janela, onde a chuva ainda caía suavemente.

— Talvez. Mas ainda é cedo para dizer.

— Só quero que você seja feliz, Anny. Você merece.

As palavras de sua mãe ficaram na mente de Anny mesmo depois da ligação terminar. Ela sabia que estava começando a criar raízes na casa dos Cavalcanti, mas será que estava pronta para aceitar o que isso significava?

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Uma Noite de Revelações

Naquela noite, enquanto verificava se as crianças estavam dormindo, Anny encontrou Mateus sentado no sofá da sala, com um copo de vinho na mão e um olhar perdido.

— As crianças já dormiram? — perguntou ele, sem tirar os olhos da lareira acesa.

— Sim, estão todas quietas.

— Ótimo. Sente-se aqui comigo.

Anny hesitou, mas acabou obedecendo, sentando-se no sofá ao lado dele.

— Você já pensou no que faria se pudesse começar tudo de novo? — perguntou ele, virando-se para olhar para ela.

— Essa é uma pergunta difícil. Acho que só quero estabilidade, algo que não tive por muito tempo.

— E acha que encontrou isso aqui?

Anny olhou para ele, sentindo o peso da pergunta.

— Talvez. Ainda estou descobrindo.

Houve um longo silêncio antes de Mateus falar novamente:

— Eu tenho tentado lidar com muitas coisas, Anny. A perda da minha esposa, a responsabilidade de ser pai... E agora, esses sentimentos que não entendo direito.

Ela sentiu o coração parar por um instante, mas não disse nada.

— Eu nunca planejei me apegar a alguém novamente. Mas você... você tem algo que eu não consigo ignorar.

Anny desviou o olhar, lutando para controlar as emoções que estavam à flor da pele.

— Mateus, isso é complicado. Você é meu patrão, e eu estou aqui para ajudar sua família, não para...

— Eu sei — interrompeu ele. — Mas não posso fingir que isso não está acontecendo.

Anny respirou fundo, sentindo-se dividida entre o desejo e a razão.

— Talvez devêssemos dar um passo para trás.

Ele assentiu lentamente, embora a dor em seus olhos fosse evidente.

— Se é isso que você acha melhor...

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O Peso das Palavras

Naquela noite, Anny não conseguiu dormir. As palavras de Mateus ecoavam em sua mente, e ela não sabia como lidar com os próprios sentimentos.

Ao mesmo tempo, Mateus estava no escritório, encarando a foto da esposa mais uma vez. Ele sabia que precisava respeitar o espaço de Anny, mas também sabia que estava chegando a um ponto em que seria impossível negar o que sentia.

Ambos estavam em uma encruzilhada, e o caminho que escolheriam poderia mudar tudo.

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