Capítulo 8: Quebrando Barreiras

Nos dias que se seguiram, Anny percebeu que algo havia mudado na dinâmica da casa. Mateus ainda era reservado, mas parecia menos frio em relação a ela e às crianças. Ele começou a observar de longe enquanto Anny interagia com Gabriel, Alice e, especialmente, Malu.

Uma noite, durante o jantar, Mateus chegou à mesa mais cedo do que o habitual. As crianças pareciam surpresas, mas animadas.

— Papai, você vai jantar com a gente? — perguntou Alice, com os olhos brilhando.

— Só hoje — respondeu ele, pegando um prato.

Anny observou em silêncio, percebendo como aquele simples gesto significava muito para as crianças.

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Uma Conversa Difícil

Depois do jantar, enquanto as crianças brincavam na sala, Anny começou a recolher os pratos. Mateus, para sua surpresa, apareceu na cozinha para pegar um copo d'água.

— Parece que elas gostaram da sua presença no jantar — comentou Anny, tentando quebrar o silêncio.

— Não deveria ser algo tão especial. Sou o pai delas — disse Mateus, com um tom amargo.

Anny parou o que estava fazendo e olhou para ele.

— Às vezes, pequenos gestos fazem uma grande diferença.

Mateus a encarou por alguns segundos, mas não respondeu. Ele parecia estar lutando contra seus próprios pensamentos.

— Eu só... não sei como ser o que elas precisam — admitiu ele, baixando a voz.

Anny ficou surpresa com a honestidade, mas decidiu não pressioná-lo.

— Talvez seja mais simples do que você pensa. Comece estando presente.

Mateus não disse nada, mas Anny notou que suas palavras o fizeram refletir.

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O Projeto de Malu

No dia seguinte, Anny encontrou Malu na biblioteca, mergulhada em um novo projeto. A menina estava cercada de papéis, livros e diagramas, completamente concentrada.

— O que você está planejando agora, Malu? — perguntou Anny, curiosa.

— É um sistema solar em miniatura. Quero apresentar na feira de ciências da escola.

— Isso é incrível! Você precisa de ajuda?

Malu hesitou, claramente dividida entre aceitar ou não.

— Talvez. Preciso de materiais que não tenho aqui.

— Podemos pedir ao seu pai. Tenho certeza de que ele ficará impressionado com o que você está fazendo.

— Ele não tem tempo para essas coisas — disse Malu, com um tom de decepção.

Anny sabia que esse era o momento de tentar mudar essa perspectiva.

— Por que não mostramos a ele? Ele pode surpreender você.

Malu bufou, mas não rejeitou a ideia.

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Mateus e o Sistema Solar

Naquela noite, Anny encontrou Mateus no escritório e decidiu arriscar.

— Senhor Cavalcanti, posso falar com o senhor um momento?

Ele olhou para ela, claramente cansado, mas assentiu.

— Malu está trabalhando em um projeto incrível para a feira de ciências, mas precisa de alguns materiais. Achei que seria uma boa oportunidade para você se envolver.

Mateus suspirou, passando a mão pelo cabelo.

— Ela nunca me pede nada diretamente.

— Talvez porque ela não saiba como. Mas se o senhor der o primeiro passo, pode ser o começo de algo.

Mateus ficou em silêncio por um momento antes de se levantar.

— Vamos ver o que ela está fazendo.

Anny sentiu uma onda de alívio e o seguiu até a biblioteca.

Quando Malu viu o pai entrar, ficou surpresa, mas tentou esconder.

— O que você está fazendo? — perguntou Mateus, olhando para os papéis espalhados.

— Um sistema solar. É para a feira de ciências — respondeu ela, sem entusiasmo.

Mateus examinou os desenhos e diagramas.

— Parece bem avançado. Você pensou em como vai fazer a rotação dos planetas?

Malu ergueu os olhos, surpresa com a pergunta.

— Ainda não.

— Podemos usar pequenos motores. Eu tenho alguns no meu escritório.

Anny observou a interação com um sorriso. Pela primeira vez, Mateus e Malu pareciam estar se conectando.

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Uma Noite Diferente

Os dois passaram horas discutindo o projeto. Gabriel e Alice, curiosos, também apareceram na biblioteca para ver o que estava acontecendo.

— O que é isso? — perguntou Gabriel, olhando os desenhos.

— É um sistema solar! — respondeu Alice, animada.

— Podemos ajudar? — perguntou Gabriel.

Malu, que normalmente preferia trabalhar sozinha, hesitou antes de responder.

— Acho que sim. Mas não estraguem nada.

A biblioteca se transformou em um pequeno laboratório, com todas as crianças e Mateus envolvidos no projeto. Anny ficou à margem, apenas observando a cena com satisfação.

Quando finalmente terminaram por aquela noite, Malu olhou para o pai.

— Obrigada por ajudar.

Mateus pareceu surpreso, mas deu um leve sorriso.

— Foi divertido.

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Reflexões Noturnas

Mais tarde, Anny estava na cozinha, tomando um chá, quando Mateus apareceu.

— Obrigado por insistir para que eu falasse com Malu. Acho que você estava certa.

Anny sorriu.

— Eles só precisam de você, senhor Cavalcanti. Pequenos momentos podem criar grandes memórias.

— Eu não sou bom com essas coisas, mas vou tentar.

— Isso já é um ótimo começo.