O casamento

“Elena”

Vi meu filho subir a escada e espero que o plano do Marcos para aproximar Clara de Edu dê certo, porque eu não aguento mais ver meu filho se destruindo desse jeito, e parece que a Clara não está diferente.

Meia hora depois, eu achei que ia ter que subir para buscar meu filho, mas ele desce parecendo que está indo para um velório.

-Dá um sorriso senão você assustará a noiva.

Edu faz uma careta e me diz:

-O que me diz? Parece o sorriso do Drácula?

-Vamos embora, Drácula, e vê se não morde ninguém, senão terei que te pôr uma coleira. E lembre-se: Maria está casando com um filho de um sobrinho meu, um parente.

-Distante mãe, bem distante.

-Mas um parente.

Edu deu uma rosnada para mim e buscamos a Maria. Chegamos à casa da moça, ela veio e entrou no carro, Edu nem se atreveu a olhar para trás, chegamos à igreja, Edu entrou e agora é por conta de Marcos.

“Edu”

A igreja está lotada, eu já ia esperar do lado de fora. Marcos levantou-se, me dando o lugar dele, ao lado de Clara, que nem me olhou, parecia nervosa, tensa, o que será que está acontecendo?

Quando a marcha nupcial começou a tocar, Clara começou a chorar e, quanto mais a noiva entrava na igreja, mais alto Clara chora. Quando a noiva passou perto de onde estávamos, não aguentei e comecei a rir, da situação e não de Clara, mas ela interpretou errado.

Me olhou chorando, como se o mundo fosse acabar em lágrimas, e disse:

-Ri mesmo, pode rir, onde já viu uma pessoa adulta não ter controle e chorar assim em um casamento?

-Clara, não é de você que estou rindo e da situação ridícula.

-Deixa-me passar, falei para minha mãe que isso não ia dar certo, eu não estava pronta, estraguei o casamento de meu primo.

Encostou em meu braço e parece estar em transe, falou:

-Ursinho.

-Não brinca com coisa séria, Clara.

Clara passou pelo outro lado e saiu sem me dar uma explicação, a mãe dela me disse.

-Vai atrás dela, eu tenho uma coisa para fazer aqui, não dá para ir atrás dela agora.

-Saí e fui, a igreja tem uma escadaria enorme na frente e Clara foi descer sem olhar e errou o primeiro degrau, eu cheguei rápido e a segurei, ela ficou na mesma posição que Carol no dia da morte.

Eu segurando o tronco e as pernas já caídas no chão, só tem uma diferença: Clara está muito viva.

Ergue a mão, como Carol fez, e me diz de novo:

-Ursinho, não esquece que eu te amo.

Perdi a direção, sentei nas escadas e trouxe ela para meu colo.

-Do que você me chamou?

-Edu, o que você está fazendo?

-Não, você não me chamou de Edu, por favor, do que você me chamou?

-Eu não sei, do que eu te chamei?

Toquei o rosto dela, que ainda tem lágrimas escorrendo e atrai para mim, e beijei.

Clara saiu do meu colo e me deu um tapa.

-Quem você pensa que é para me agarrar assim? Fica um mês afastado de mim, nem me procura e agora simplesmente acha que pode me beijar sem pedir permissão?

-Desculpa, Clara. Mas você estava tão vulnerável que achei que assim ia te ajudar.

-Não ajudou, só complicou ainda mais, porque agora você levanta daí e vai lá se fechar no seu luto eterno e eu que me vire com meus sentimentos.

-Você tem sentimentos por mim?

-Tenho! Raiva, Nervoso, coisas que eu nunca tinha sentido antes, você consegue me tirar o controle que eu sempre tive.

-Minha Princesa, vou te pedir em namoro para seu pai.

-Você não ouviu nada do que falei, você é irritante, mandão e eu não quero namorar você.

-Vamos “ficar”, então, somos modernos, o que você acha?

-Já entendi a piada, eu não vou “ficar”com você.

-Então, vai namorar, ou vou te beijar sem permissão de novo.

-Você nem me conhece direito, sempre fez questão de se manter distante, e agora do nada quer namorar comigo?

-Conheço, sim, praticamente te vi nascer. Fui a terceira pessoa a te pegar no colo quando você nasceu.

-Depois disso, me viu quando eu tinha sete anos e na minha formatura da faculdade.