O cachorro quente

“Edu”

Estou ansioso, parece que verei minha namorada, meu coração não sossega. Fiz de tudo para evitá-la todos esses anos, sempre que via ela na firma tinha vontade de chegar perto e conversar, mas nunca fiz porque não acho justo envolvê-la em minha vida sem sentido só servirá para machucá-la.

Desci e minha mãe já está me esperando. Hoje coloquei um terno que há muito tempo não colocava, ele é cinza-claro, vi no olhar de minha mãe que ela ficou admirada com minha escolha.

-Você não colocou o terno preto?

-Por quê? Não fiquei apresentável?

-Você está lindo, meu filho, é que você vive em um eterno luto que estranhei sua escolha.

-Vamos antes que eu mude de ideia.

Chegamos ao salão onde será a cerimônia e logo encontrei nossos amigos. Clara está linda em um vestido bordô justo que vai até os pés.

Quando nos viu, abriu um sorriso inebriante e veio até nós.

-Que bom que vocês vieram.

Eu estava tão encantado por Clara que não respondi, minha mãe me deu um beliscão na cintura que vi estrelas e voltei ao mundo real.

-Eu te trouxe uma lembrança.

Entreguei a caixa que Clara abriu imediatamente, pegou a pulseira na mão e me agradeceu.

-Muito obrigada, é linda, me ajuda a colocar?

Peguei a pulseira das mãos dela e coloquei no pulso. Cada vez que meus dedos encostam na pele dela, parece que levo um choque. Demorei mais que o necessário para colocar a pulseira e, num impulso, beijei em cima.

Quando olhei nos olhos violeta de Clara quase que puxei ela para meus braços, a vontade é tanta que tive que me controlar para não fazer.

Marcos chegou, pegou a mão de sua filha e foi com ela até onde ela vai ficar até subir ao palco. Clara é uma das oradoras da formatura.

Toda formatura é chata, mas estou tão absorto olhando Clara que nem vejo o tempo passar, todos estão acostumados que sou excêntrico, então se fico calado, ninguém tenta falar comigo.

Quando a formatura acabou, os pais de Clara fizeram uma recepção só para os íntimos, fomos para uma sala reservada e vi Clara sentar e ficar absorta em seu mundo, parece perdida em pensamentos.

Fui até ela e falei:

-Você não vai se divertir com seus amigos?

-Não sei você, mas tem horas que acho que nasci no lugar errado, parece que não me encaixo nesse mundo. Esse barulho e bebidas não é para mim, minha mãe disse que sou uma velha em corpo jovem.

E como sempre parece que perco o juízo perto dela, pergunto:

-Tenho a mesma impressão, quer sair daqui?

-Quero! Estou faminta.

Saí com Clara do salão, largando os amigos dela lá se divertindo e fui até meu carro, falei em um impulso agora não sei o que fazer.

-Para que lugar você quer ir?

Pensei no que dizer porque não é em qualquer lugar que consigo comer, preciso de um lugar onde posso montar meu lanche sem parecer louca. Na barraca do seu José consigo montar meu cachorro-quente, vou falar, vejamos se ele topa.

-Acho que você vai me achar esquisita, mas quero comer um cachorro-quente na barraquinha do seu José.

-Você conhece seu José?

-Conheço, vou sempre lá com meu pai, não imaginei que um homem como você conhecesse!

-Eu ia sempre lá com uma pessoa muito importante para mim, mas faz algum tempo que não vou.

Vi que ela perdeu o brilho devido neh comentário e recuou.

-Deixa isso para lá, vamos em outro lugar, eu não quero que você fique triste.

-Não ficarei, é hora de criar novas memórias.

“” O que estou fazendo? Estou indo ao lugar onde eu e Carol íamos quase toda semana, e ainda disse que preciso criar novas memórias””

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