Me apelidaram de Drácula

Segui Maria com o olhar e vi uma menina vestida de Emília vir em nossa direção, dar um abraço em minha mãe e me encarar. Fiquei hipnotizado por aqueles olhos que me parecem tão familiares.

-Boa noite, seu Eduardo.

Esticou a mão para me cumprimentar, peguei a mão dela e senti uma corrente elétrica passando por mim.

-Boa noite, Clara, parabéns, eu ia te trazer uma boneca e minha mãe mandou eu te perguntar o que você ia fazer com ela.

-Eu não gosto de bonecas, mas se o senhor insistir em me dar, tenho uma amiga para quem eu queria dar a boneca.

-Me diz o que você quer de presente e eu compro uma boneca para sua amiga também.

-Eu não quero nada, só sua presença já me fez feliz.

-Mas quero te dar um presente.

-O senhor é meu presente.

Saiu parecendo brava comigo porque insisti em lhe dar um presente.

Maria me viu olhando para onde Clara estava.

-Ela é diferente, parece mais velha do que realmente é, sabe o último rótulo do seu vinho? Foi ela quem desenhou.

-Ela fez o rótulo?

-Sim. E pergunta de você todo dia para o pai dela. Cada vez que ele fala que você continua triste, ela chora.

-Comprarei uma boneca e vou te mandar, por favor, entregue para ela dar para a amiga.

-Entrego, sim, Edu.

-Como que ela saiu com os olhos com essa cor?

-Os médicos não conseguem explicar, é um fato raro.

Ficamos na festa até cortar o bolo e depois viemos embora e, por incrível que pareça me sinto bem, aquela menina parece me fazer lembrar quem sou de verdade. Chegamos e Sarah veio de encontro, coloquei ela fora da casa e mesmo assim ainda me cerca, como uma serpente esperando para me dar um bote. Não sei como não reparei antes o tanto que ela é manipuladora. Por mim, ela já tinha sido dispensada, mas minha mãe tem dó porque os pais dela trabalharam para a família a vida toda e a mãe é viúva, então ela vai ficando, mas tenho uma sensação ruim cada vez que ela chega perto, não sei explicar.

Eu me tornei um homem recluso e sei que sou chato e todos têm medo de mim, menos é claro minha mãe, que sabe que tudo isso é uma fachada que criei para não me relacionar com ninguém.

Minha mãe até tentou trazer a filha de uma de suas amigas para passar alguns dias na casa, achando que assim a moça ia conseguir me conquistar.

Ela era até bonitinha, mas sem cérebro nenhum, queria ser modelo, o que tinha de beleza física tinha de cérebro a menos, me cansei dela na primeira refeição.

-Mãe, manda essa moça para a casa dela antes que eu perca a paciência e mostre para ela o Drácula.

-Para com isso, Edu, ela é minha convidada e você deve respeitá-la.

-Mantenha-a longe de mim, só o que ela quer é que eu invista na carreira de modelo dela, e não acontecerá.

-Só porque ela falou que quer ser modelo internacional não significa que quer te pedir dinheiro.

-Mãe, ela só falou disso o jantar inteiro, tudo bem, deixarei acontecer só para a senhora ver que estou certo.

-Se ela te pedir dinheiro, eu não tento colocar mais ninguém na sua vida, só queria te ver feliz.

-Mãe, eu nunca terei outra mulher, eu te falei no dia que enterrei minha Carol, meu coração foi com ela e sei que um dia ainda encontrarei minha princesa, nem que seja na eternidade.

-Meu filho, eu sofro essa dor com você todos os dias, mas respeitarei sua decisão.

-Então, vamos à sala aturar as conversas de passarela que aquela sua amiga acha que conhece.

-Não seja rude com a moça, eu sou muito amiga da mãe dela.

-Então, por que a senhora não investe na carreira dela e me deixa fora dessa história?

-Porque ela pediu para te conhecer, eu achei que era por outros motivos.

-Vamos descobrir os motivos dela.

Minha mãe é uma boa pessoa, mas está na hora de ter o lugar dela, preciso viver minha solidão em paz. Vou construir uma casa ao lado da minha e assim ela continua morando comigo nas não dentro da minha casa.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***