Capítulo 17

Annandy

Chegamos no hospital, apesar de ser invasiva com Leon, ele foi evasivo comigo. O seu olhar distante mostra preocupação, devo respeitar esse momento dele nem sei como estaria se a minha mãe estivesse no hospital. Apesar das minhas mil perguntas feitas terem apenas respostas curtas.

— Leon? — seguro o braço dele antes de entrarmos no quarto de hospital — E se eles não gostarem de mim? Sei que o nosso casamento é falso, mas eles não sabem.

Leon me olha cético e depois começa a rir, fico irritada. Cruzo os braços e olho para ele batendo o meu pé.

— Já terminou? — pergunto.

— Isso é sério? — ele pergunta tentando controlar a risada — Vamos lá... O nosso casamento não será falso, pelo menos não no civil. Você só não dormirá na nossa cama.

— Nossa cama? — pergunto, mas a resposta não vem.

Um senhor com um enorme sorriso simpático abre a porta do quarto e olha para nós dois.

— Leon, meu filho... Essa é a menina Annandy. — o senhor me puxa para um abraço reconfortante — Bem vinda a família, menina.

O abraço dele é tão genuíno e sincero que me faz querer abraçar de volta e assim faço.

— Senhor Castilho... — sou interrompida.

— Não, nada de senhor Castilho! Por favor, me chame de pai ou tio se for se sentir mais confortável. — Leon se parece com o pai até no sorriso.

— Annandy, esse é meu pai, Leôncio Castilho. — Leon nos apresenta.

— Você continua linda, menina. — o senhor Castilho fala.

— Obrigada, tio. — entramos no quarto.

Ao olhar para a mulher deitada na cama sinto carinho, ela é linda. Nem parece estar doente, a sua serenidade deixa qualquer pessoa calma. Antes as minhas pernas parecia mato alto quando a ventania bate, senti que iria cair de joelhos a qualquer momento... Mas agora não sinto mais.

A senhora olha para mim e abre um enorme sorriso, como alguém que vê uma pessoa que gosta muito.

— Senhora Castilho, eu... — ela não me deixa terminar a frase.

— Nada de senhora Castilho, minha linda nora. Me chame de mãe ou tia se for mais confortável para você, sem formalidades.

Ela me puxa para um abraço, esse abraço me transmite um sentimento como posso descrever como lar. Mas tenho isso com os meus pais também.

— Tia... Como está se sentindo?

— É apenas uma pneumonia, minha linda, vou melhorar. — ela fala calma.

— Annandy, essa é minha mãe, Elis Castilho. Como pode ver, os meus pais já lhe amam.

— Por que não iríamos amar? — o pai de Leon pergunta.

— Annandy estava preocupada com isso. — Leon fala rindo.

— Seu fofoqueiro! — bato no braço dele.

Ficamos ali por algumas horas até que os pais de Leon adormecem e ele diz que precisamos ir para casa descansar também.

— Mas vamos voltar? — pergunto olhando para a mãe dele.

— Sim, depois do café da manhã. — ele responde e segura a minha mão.

Voltamos para o apartamento, depois de um banho deito na cama, mas não consigo dormir. Me viro para lá e para cá, nada de sono.

Caminho nas pontas dos pés até o quarto de Leon, o seu corpo está parcialmente coberto e mesmo sabendo que ele deve estar nú embaixo daquele lençol me deito ao seu lado sem acordá-lo. Deixo ele com a sua privacidade sem tocar em nada além do seu braço com a minha cabeça.

Foi impressionante o quão rápido peguei no sono, o meu plano era dormir um pouco ali e sair antes que ele acordasse... Deu errado, deu tudo errado.

Acordei com ele deitado de frente para mim, me abraçando. O meu rosto estava no seu peito, isso me trouxe sentimentos que me deixam confusa. Quero continuar ali até Leon despertar, mas sei que preciso sair antes que ele acorde.

Feito minhoca no anzol começo a escorregar para baixo tentando sair do seu abraço caloroso, quando enfim consigo caio sentada de bunda no chão. Ele se movimenta na cama e eu deito no chão para que não me veja.

Em seguida vou engatinhando feito uma gata até a porta, abro, saio e fecho atrás de mim. Fico sentada ali sem acreditar na minha falta de sensatez ao deitar na cama de Leon sem ser convidada por ele.

Me levanto e vou para o meu quarto, ligo para Lari e confesso para ela o que não confesso nem para mim... Tenho sentimentos por Leon Castilho.

— "An, você precisa ser sincera com você e com ele!" — Lari fala.

— "Esse é o seu conselho? Lari, a minha sinceridade quer sentar no colo dele e não é para conversar!" — falo irritada.

— "Tenho certeza que não é só isso... Por que mentimos para nós mesmas?" — Lari pergunta.

— "Eu não... Não estou mentindo para mim!" — respondo com a voz quase sumindo.

— "Só você não se escuta." — Lari parece exausta.

Terminamos a conversa e me olho no espelho uma última vez antes de sair do quarto. Leon já está na sala com a mesa posta, sentado e lendo algo no seu notebook com uma xícara de café na mão.

— Bom dia, Annandy! — não consigo olhar para ele e me sento.

— Bom dia, Leon! — ele toma um gole do seu café e me olha por um instante.

— Teve uma boa noite de sono? — a pergunta dele vem com um olhar estranho.

— Tive... — limpo a garganta quando a voz falha — Tive sim! E você?

— Sabe qual é o problema do seu perfume? — congelo quando ele me pergunta — Ele fica onde a sua pele toca.

Enquanto Leon fala ele passa o seu nariz onde o meu pescoço ficou a noite inteira, mesmo por cima da roupa ele parece sentir o meu perfume.

— Eu não sei sobre o que você está falando, Leon... Vamos tomar café, para visitar a sua mãe.

— Não sabe? — ele pergunta — Vou refrescar a sua memória, nessa madrugada você entrou sorrateira no meu quarto e deitou ao meu lado na cama fazendo o meu braço de travesseiro... Até aí tudo bem. Mas acordei de manhã com você saindo do meu abraço como uma fugitiva, depois engatinhou até a porta e saiu sem falar nada. Me usou mais uma vez, Annandy?

Ele pergunta estreitando os olhos. Por que sinto como se eu estivesse num excitante perigo? Olhar para ele assim é como acender uma fogueira que por descuido incendeia uma floresta inteira. Como vou explicar porque dormi na cama dele, quando nem eu mesma sei?

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