Capítulo 5

Annandy

Ódio, raiva, angústia, desprezo, decepção, orgulho ferido, traição e a dor de perder um amor, fui tola em pensar que essas seriam as únicas dores no meu ser até descobrir que o homem que amei nesses últimos nove anos também me roubou.

Agora sou apenas uma das escritoras da Editora Sol Nascente e uma mera sócia comum que só tem direito a um voto numa merda de reunião. Kaique acabou com a minha vida inteira em vinte e quatro horas e a imbecil aqui ainda está sofrendo por perder o seu amor.

Ele se sentindo o garanhão já pediu a biscate em casamento, não podia deixar passar essa, eu precisava devolver o golpe e disse que iria me casar com o idiota do Leon. Acabei bolando um plano e prometi algo para ele que não sei se posso cumprir, mas na guerra vale tudo.

O dia se encerrou e eu voltei para casa, estava indo tudo bem. Subi a escada e fui na direção do meu quarto com aquele infeliz, a cena era caótica. Kaique se pegando com a vagabunda na nossa cama enquanto as empregadas tiravam tudo o que era meu do closet e colocavam nas malas abertas por todas as partes.

— O que você pensa que está fazendo, Kaique?

— Já demos entrada no divórcio, já decidimos nos casar com outras pessoas... Então, não vejo necessidade de você continuar na minha casa incomodando a minha namorada gostosa. Quero você fora e nem ligo para onde vai. — ele volta a beijar aquela desgraça de mulher.

— Essa casa é nossa, ainda não somos divorciados e ela não pode ficar aqui! — sinto um nó na minha garganta e me sinto pequena.

Kaique empurra gentilmente Bruna para o lado e vem na minha direção com uma expressão sombria no rosto. Eu acabo batendo na parede, nem percebi que estava dando passos para trás.

— Você era muito gostosa, até completar vinte e cinco anos. Comecei a ver como já estava ficando velha e não despertou mais meu interesse sexual. Olhe para aquela deusa deitada ali... Vou foder com ela a noite toda. E essa casa está no meu nome, o que faz de você uma pessoa indesejada aqui. Coloquem ela para fora com as malas que estão arrumadas... O restante será mandado para onde ela estiver amanhã.

Ele volta para a cama e um dos seguranças me segura pelo braço e me coloca para fora. Quando sou jogada para fora da mansão nem o meu Porsche me entregam por estar no nome dele, sou obrigada a dirigir um Logan.

Foi difícil colocar as malas lá dentro, mas depois que fechei a porta soquei o volante algumas vezes e chorei. Fiquei rodando pela cidade por umas três horas e parei para abastecer algumas vezes até que observei a loja onde vende o meu vinho favorito.

Comprei trinta garrafas com o cartão do imbecil que ele esqueceu comigo, dou risadas devido ao valor que ele vai pagar. Um rapaz me ajuda a colocar as caixas dentro do carro que já não cabe praticamente nada e por milagre conseguiu.

Abri uma das garrafas e comecei a beber, ainda dirigindo. Até que me peguei com o carro estacionado na frente do edifício onde Leon mora... Não quero ficar sozinha hoje.

Paguei o porteiro para me ajudar a levar tudo para a porta do Leon até as minhas caixas de vinho. O gentil porteiro tocou a campainha enquanto eu me sentei no chão e terminei a minha garrafa de vinho.

— Ah, não! — Leon fala ao abrir a porta.

Mas não escutei nada após vê-lo de toalha. Ele é sexy e tem uma linda tatuagem de lobo no seu peitoral, e outras tatuagens menores que qualquer roupa cobre muito bem... Que filho da puta gostoso.

— Preciso de um lugar para ficar, Leon. — falo embriagada — Aquele desgraçado colocou a casa no nome dele, até meu Porsche rosa ele tomou de mim. Eu estou dirigindo um Logan, Leon... Que humilhação.

— Diaba, eu só tenho a noite para me livrar de você... Não pode aparecer na minha porta tarde da noite e pensar que devo deixá-la ficar! Vai para um hotel, você vai ter conforto e serviço de quarto. Eu mesmo posso ligar e reservar para você. — me levanto do chão e abraço ele enquanto choro.

— Ele estava com ela na cama que era nossa, me expulsou e maltratou na frente dela... Tirou o meu mundo e me chamou de indesejável. Eu não sou mais bonita e sexy... Por favor, Leon, não quero ficar sozinha hoje. E de qualquer jeito vamos nos casar.

— Deus, independentemente do pecado cometido por mim, quero dizer que exagerou no castigo. — sinto um aroma delicioso e o meu estômago ronca alto. — Meu Deus! A quanto tempo não come, Annandy?

— A última vez foi no almoço... Foi você que cozinhou?

— Sim... Vamos colocar essas malas aqui dentro logo.

Quando ele sai para pegar as malas acaba observando as caixas de vinho e me olha irritado ao dizer:

— Quer ter um coma alcoólico ô desgraça? Está pensando que é alambique?

Ele me ajuda a guardar tudo e depois vou para o banheiro tomar um banho, visto algo confortável e percebo a reação de Leon ao me ver enquanto ele arruma a mesa para jantarmos.

— Eu uso lingeries para dormir, mas prometo não me aproximar de você com desrespeito.

Jantamos calados, a lasanha estava uma delícia e foi a primeira vez que eu experimentei uma já que a minha refeição era normalmente feita por chefs renomados. Aquele maldito babaca me mimava.

Ele junta a louça e coloca na lava louças e diz que posso pegar roupa de cama no quarto para dormir no sofá. Mas ao olhar para a cama e saber que seria melhor que o sofá acabei deitando ali apenas para chorar um pouco sozinha.

Mas peguei no sono profundo, até consegui ouvir a voz de Leon falando:

— Annandy, a cama é minha, vai para o sofá ou te coloco lá.

Mas o ignorei e dormi, eu só queria apagar e não lembrar do dia terrível que tive. Não lembrar que meu mundo foi arrancado de mim.

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