Capítulo 6

Leon

Aquela diaba filha de uma... Ela deitou na minha cama e terei que dormir no sofá mais uma vez. Eu sei que vamos nos casar logo, mas é um casamento falso. Não seremos obrigados a dormir juntos, o que aconteceu na noite passada foi apenas uma troca de reações humana.

Acredito que terei que voltar para o meu apartamento no centro, o apartamento que o meu pai me deu de presente. Lá tem dois quartos e essa diaba não vai roubar a minha cama todas as noites. Vou fazer essa mudança assim que amanhecer.

— Ei... — sinto algo cutucar o meu rosto — Estou com fome e quero comer algo francês.

Annandy acordou, me acordou reclamando de fome. Estou irritado, pois meu corpo está dolorido por culpa dela e agora ela me acorda.

— Miranda, tem pão de forma no armário, tem queijo e presunto na geladeira e manteiga de qualidade... Faça um misto quente e tome o que quiser. Agora vou tomar um banho, temos muito o que fazer já que serei obrigado a te aturar.

— Para de me comparar com aquela mulher do filme, já falei para você que não gosto! E tem outra coisa, não sei fazer nada na cozinha além de pegar uma garrafa de água na geladeira.

Coloco as mãos no rosto e depois subo para a cabeça bagunçando meus cabelos. Não queria todo esse problema, mas agora não posso retroceder porque o meu sonho está em jogo.

— Ok! Depois do banho te levo para a Starbucks que tem aqui perto. Mas já vou avisando que vou ensiná-la a cozinhar. Nesse relacionamento falso não serei seu empregado.

— Ingrato! Te pago bem.

— Na editora sim, mas aqui seremos iguais.

Após estarmos prontos contratei uma equipe para fazer a nossa mudança enquanto tomamos café na Starbucks. Para irmos até à editora tivemos que ir nos nossos carros separados e ela não entendeu nada.

Assim que chegamos na sala dela Kaique já entra feito um furacão e pergunta rudemente:

— Para onde devo enviar o restante do seu lixo que ficou na minha casa? Não quero aquelas coisas incomodando a minha gostosa noiva e futura esposa. — ele piorou o meu humor que já não era dos melhores.

Anoto num pedaço de papel o endereço que não fica longe dali e entrego para ele ao dizer:

— Pode entregar tudo que pertence a minha noiva nesse endereço! Se tiver algo danificado vou até à delegacia dar parte de você... Acredito que isso pode prejudicar o divórcio, né? Ah! Pode sim. — falo sarcasticamente.

— Tanto faz, ela já está fudida mesmo só em se casar com um Zé-ninguém igual a você. — ele fala rancoroso.

— Se você soubesse o que esse Zé-ninguém faz na cama, pediria aulas para segurar a sua vadia novinha. — Annandy fala encarando Kaique.

Depois que ele sai parecendo uma pimenta vermelha pegando fogo dou algumas gargalhadas. Annandy curiosa pergunta:

— Você deu o seu endereço para o Kaique?

— Dei o nosso novo endereço para ele, não vou dormir no sofá até esse casamento acabar. Você terá o seu quarto e eu o meu. E um aviso, não entre no meu quarto depois das nove, gosto de dormir nú.

Ela se engasga com a saliva e começa a tossir, acho engraçado, mas tento focar no trabalho e não pensar no fato de que terei que voltar para casa no final do dia e ainda ter que olhar para essa diaba.

— Leon? — ela me chama enquanto confiro seus últimos capítulos — Seu sobrenome me lembra algo.

— O meu sobrenome é comum, seja lá o que for eu não ligo. Agora me deixe trabalhar.

— Grosso! Imbecil... Eu só achei interessante porque seu sobrenome é Castilho e conheço uma editora chamada Editora Casteliana.

— Também já ouvi falar, parece ser uma editora maravilhosa... O que me faz perguntar o que estou fazendo aqui. — ela bate no meu ombro e diz:

— É claro que é porque aqui é melhor!

Voltamos a trabalhar, ela consegue terminar o seu livro, mas temos problemas. Ela separou os protagonistas no final do livro depois do lindo romance entre eles desde o início.

— Annandy, está ficando maluca? Não podemos entregar esse final! Não faz sentido, vai decepcionar seus fãs, seus leitores.

— O amor não existe, é apenas algo que os seres humanos usam para usar as pessoas. Quero esse final e pronto.

— Sei que está passando por algo difícil, vou pedir mais 15 dias para você entregar o final do livro... Não faça nada com a cabeça quente. Quer mesmo que o Kaique te humilhe por entregar um final ruim?

Ela me olha por um tempo e depois sai da sala e fica um tempo fora, sei o que ela foi fazer. Sempre que está no seu limite ela pega uma garrafa de vinho e um maço de cigarros e vai para o terraço.

— Por que veio atrás de mim? Sabe que quando venho para cá é porque quero ficar sozinha. — ela fala sem olhar para trás.

— O que está fazendo só vai matá-la mais rápido. Ao invés de fumar coma doces com baixo teor de açúcar, ao invés de tomar vinho tome suco concentrado de uva... Logo irá largar o vício.

— E por que você se importa? Vive me chamando de diaba e outros nomes... — de repente ela coloca a mão na testa e começa a chorar — Como vou contar para os meus pais tudo o que aconteceu? Eu sou uma iludida infeliz.

— A diaba que eu conheço iria aprontar todas com o Kaique e a Bruna para fazer eles desejarem ir logo para o inferno. Não iria se preocupar com o que os seus pais vão pensar porque eles lhe amam.

Ela enxuga o rosto e apaga o cigarro, a garrafa de vinho é deixada de lado e parece pensativa até dizer:

— Kaique tem razão... Eu pensei que já tinha tudo e não precisava mais lutar por nada e olha como estou agora? Ainda dá tempo de mudar, o nosso casamento falso vai parecer tão verdadeiro que eles vão desejar ser nós dois.

— Espera... Annandy, não foi o que eu quis dizer. — ela saiu me puxando de volta para a Editora e eu fico sem entender o que essa diaba vai fazer.

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