Capítulo 12

Ricardo

Evans tinha dormido a viagem inteira, aos poucos eu estava até me sentindo confortável ao lado dele. Isso era estranho, parecia até que já nos conhecíamos antes.

Quando ele esbarrou em mim apenas de toalha, nunca senti tanta vontade de agarrar aquele corpo mesmo sendo masculino próximo ao meu. Sei que sou hétero, mas estou começando a duvidar.

Eu me considero hétero desde que nasci, mas houve uma época que alguém mesmo sendo homem fez meu coração acelerar. Em vez de trazer benefícios, me fez sofrer ainda mais.

A uns tempos atrás quando eu estudava no colegial, fui apaixonado por um garoto do primeiro grau quando eu estava já no terceiro. Chegamos a conversar, mas ele era tão ocupado com os amigos que mal trocamos algumas palavras.

Eu não tinha uma das melhores reputações na escola, todos sabiam que meus pais eram chefes de máfia. Uns faziam bullying comigo por ver que eu era apenas uma pessoa inocente e fraca, outros tinham medo de chegar perto. Esse garoto foi o que se atreveu a conversar comigo. Desde então, a cada dia, mesmo que fosse por um pingo de tempo, eu gostava de ter a presença dele e a atenção. Conseguia falar um pouco da minha vida drástica quando ele não preferia falar muito sobre si além do básico.

Na fase mais ruim da minha vida, quando fui espancando e presenciei minha mãe ser morta pelo meu próprio pai, tudo em mim ficou devastado, menos o sentimento por aquela pessoa. Fui forte ao máximo e tentei colocar um sorriso no rosto quando eu nem sorria, comprei um buquê de flores e chocolates, na esperança de que o garoto aceitasse meus sentimentos.

Foi aí que me enganei. Assim que me confessei, ele riu, tirou onda do que eu sentia e fui humilhado por todos naquela escola, até os professores riram de mim. Foi uma situação tão horrível que tudo em mim se acabou, olhei para o cara que me senti apaixonado pisar nas flores e dizer o quanto eu era imbecil de pensar que ele me amaria, só estava interessado em saber como eram as coisas na máfia e como eu vivia. Apenas isso, só parar tirar uma com minha cara.

A única coisa que fiz depois desse foi dizer o quanto ele se arrependeria amargamente no futuro e no mesmo dia matei o meu pai sem que ninguém soubesse a causa da morte. Me reprimi a tudo, as emoções afetuosas e amorosas que eu sentia bloqueei todas.

Nunca imaginava ter que relembrar o passado mas era preciso. O nome desse garoto que me humilhou da pior forma é o mesmo desse Evans. Sobrenome e data de aniversário se colidem, lembro de tudo.

O fato deu sentir um pingo de compaixão é por causa de uma parte minha que não bloqueou completamente os sentimentos por ele. Seria impossível sentir algo por mais alguém se não tratasse da mesma pessoa, as três pintinhas que vi no pescoço dele comprovava tudo. Me irritava não ter notado isso assim que o tornei meu prisioneiro.

Agora que sei quem Evans é, ainda mais que a pessoa causadora da minha dor e decepção, tentarei não levar a vingança em conta. Mas trouxe apenas uma alternativa aproveitando a reflexão das palavras em se por no lugar dele, se Evans fosse digno da minha confiança, uma chance de recomeçar as rachaduras do passado, eu poderia não deixar a vingança entrar na frente, mas se ele vacilar em relação a minha confiança, não terei um pingo de misericórdia. Destruirei por completo meus sentimentos por ele e farei o inferno da vida dele assim como fez da minha.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***