Evans
Tudo aconteceu bem rápido, depois que sai do hospital, já fui encaminhando pela madrugada ao jatinho particular de Ricardo. Me sentia sonolento por causa dos sedativos que o médico aplicou, minhas pernas já se encontravam bem melhores.
Não dava para esperar menos de um dos hospitais mais caros, por mais que Ricardo já estivesse pagado a conta, só perguntei quanto custou para ter uma base. O valor iria se encaixar na minha dívida, logo que Ricardo não daria essa oferta para um endividado.
Olhei de canto, Ricardo estava ao meu lado, com um banco vazio no meio separando nós dois. Ele lia um livro, tentei ver qual era a capa e então notou meu movimento.
— O que tá fazendo?
Perguntou me olhando por cima do livro cruzando as pernas. Meu corpo gelou um instante por ter sido pego de surpresa.
— Só tentando ver qual livro você está lendo.
— Não seria mais fácil perguntar?
Levantou a sombrancelha esquerda.
— Você tá certo.
Me encostei no banco olhando para a porta do piloto na frente. Tentei ao máximo resistir ao sono, com esse tédio todo será impossível.
— Está melhor?
— Ho, sim. Me sinto bem.
Continuei olhando para frente quase fechando os olhos. Ricardo colocou o livro em frente ao meu rosto.
— Quer saber o que está escrito nele? Leia.
Peguei o livro de sua mão, a capa tinha uma textura bonita, o título era "Soldado das trevas" já combinava com ele. Senti interesse em ler, mas acabei caindo no sono.
Acordei em um cama escutando barulhos de carros, ao olhar em volta tinha somente eu e as malas no quarto de paredes brancas. Foi o que aconteceu, já chegamos na Áustria. Devo ter dormido muito para a viagem ter sido rápida.
Levantei da cama e o livro de Ricardo estava no outro lado encima do criado mudo. Talvez ele esteja se simpatizando comigo aos poucos, agora que estou bem comportado sem tentar fugir. Mas por um lado, seria uma ótima chance, essa cidade era grande, dava para despistar.
Fiz minha higiene matinal e saí devagarinho pela porta, me admirava não ter os homens dele aqui. Talvez ainda não tivessem chegado, Ricardo é um tipo de pessoa que não levaria os subordinados no jatinho particular. Minha liberdade estava tão perto que me causava arrepios.
Caminhei lentamente pelo corredor, em uma das portas que abri, esbarrei em alguém de corpo musculoso. Minha mão ficou por cima do peito descoberto sentindo a maciez da pele, quando levantei a cabeça para ver quem era, minha alma quase saiu do corpo.
Me deparei com a expressão confusa e fechada de Ricardo me olhando torto.
— Desculpa!
Quando pensei em correr dali, meu braço foi puxando com força arrastando-me para dentro do quarto. Fui jogado encima da cama com força sutil, mas a maciez do colchão amorteceu o impacto.
— Ei, eu já pedi desculpa!
Ricardo se aproximou lentamente me encarando. Eu não sabia se sentia medo ou o achava atraente sem blusa, apenas enrolado na toalha da cintura para baixo. Mas que merda eu estava pensando ultimamente.
Senti meu pau querer ficar duro, não era hora para isso. Sem contar que como eu iria desejar logo um mafioso que pode me matar a qualquer instante como agora.
— O que faz tão cedo fora do seu quarto Evans?
— Cedo — fico confuso — que horas são?
— Apenas 6:00 da manhã. Você dormiu por um dia inteiro no avião.
Isso explica achar a viagem tão rápida.
— Nossa dormi pra cacete. Eu saí para tomar um copo de água — Minto — Mas acabei entrando pela porta errada.
— Ha é mesmo? — ele sentou na ponta da cama — Pois eu imaginava que estivesse tentando fugir não vendo ninguém em volta.
— Como eu poderia sabendo que lá fora pode ter seguranças?
Sorri sem graça, tentando disfarçar minha intenção e o nervosismo que estava subindo. A cada centímetro que se aproximava me deixava agoniado e meu corpo sem controle.
— Verdade, você não seria tão burro a ponto de fazer isso né?
Balancei a cabeça para cima e para baixo. Quando ele vai parar de se aproximar?
Seu rosto estava poucos centímetros do meu, isso só poderia indicar que ele estava tentando saber se eu estava mentindo ou dizendo a verdade. Inclinou e encarou meu pescoço por alguns segundos.
A mão dele agarra meu pescoço bem rápido, me assustando um pouco.
— Larga!
Apertei o pulso dele tentando fazer com que me soltasse. Tentei ser até obediente para não ter que causar problemas assim, mas não adiantou.
— Não tenta mentir Evans, assim que olhei sua cara de que foi pego no flagra já sabia que tentaria fugir. Não me preocuparia tanto, por que meus homens estão lá fora, mas só em saber que nessa altura do campeonato você tentaria fugir de novo, não me faz pensar duas vezes em demonstrar que eu sou a porra do chefe. Você deve sair quando eu mandar, ser livre quando eu permitir. Ha caralho, você não colabora nem um pouco.
Assim que termino de escutar a mesma história, que sou apenas a porra de um baixa classe se tratando dele, que sou apenas um submisso inútil, quebrou meu ego. Isso não era diferente de ser escravo, menosprezado e maltratado. Nunca terei paz na minna vida!
— Porra Ricardo, desde aquele dia me comportei. Agora por que tentei de novo o que seria impossível você faz isso comigo? Se ponha no meu lugar, acha que é bom ser preso por alguém, um estranho que não se sabe nem quem é de verdade e da onde veio? A qualquer hora pode me matar? Vai se foder, me deixa voltar para o quarto, dispenso o café da manhã.
Pulei da cama, quando estava prestes a sair ele me puxou novamente.
— Você não vai comer?
— Eu falei que não!
— Então terei que força-lo, não posso deixar que fique doente enquanto eu estiver resolvendo meus assuntos.
As palavras dele me faziam querer gritar de tanto ódio.
— Se é assim, mande seus homens me acompanhar para mim comer fora então. Eu não vou ficar na porra desse hotel o tempo todo.
Se ele me deixasse sair, enganar um dos seus subordinados seria um pouco fácil, em um restaurante é recheado de pessoas, ainda mais se for um dos luxuosos. Não confio de tentar pedir ajuda, mas posso achar uma delegacia próxima e relatar tudo.
— Vou fazer o que disse — Ricardo começa a falar — Não é qualquer um que tenho empatia, me colocarei em seu lugar e o deixarei sair acompanhado de outra pessoa sem ser o Felipe, ele vai me acompanhar. Pode se divertir e ir onde quiser, mas um detalhe Evans.
Continuei a ouvir atentamente o que ele iria terminar.
— Darei um voto de confiança a você, então nem pense em fugir. Se isso acontecer, nem queria saber qual será o seu destino.
Melhor ainda, se ele me deixar andar pela cidade, poderei fugir sem que perceba. Pedirei algum dinheiro para embarcar em um metrô e dar o fora.
Concordei com tudo e pedi o dinheiro, falei o motivo que o convenceu. Não sei por que ele estava se pondo no meu lugar, talvez ele seja um pouco humano. Só que já era um pouco tarde para isso.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Tania Maria Rufino
Ta pedindo pra morrer garoto.
2024-12-08
12
doido por manhwa bl
esse cara que morrer isso eu tenho certeza
2025-03-17
1
Fujoshiseira_Ayla
a essa altura do Campeonato eu só pediria por um cllr pra falar com o melhor amigo kk kkkkkk e ficava tipo fds
2025-03-24
1