Capítulo 10

Henrique?

Bati na porta do escritório do meu pai, entrando em seguida e me assustando com o que vi.

O escritório estava destruído.

Estava tudo no chão, computador, armas, armários, livros... tudo. Exceto o porta retrato que ele tinha na mesa. Era uma foto minha, com uns 08 anos, sem os dentes da frente fazendo uma careta fofa para a câmera que papai apontava para mim.

- O que aconteceu aqui?

- Você ainda está aqui? Não ia embora?

Respirei fundo me aproximando de meu pai e me abaixando para ficar na altura dele que estava sentado no chão, olhei em seus olhos cheios de lágrimas me encarando e senti meu coração se apertar em meu peito.

Eu não queria ter deixado ele assim.

- Não, eu não vou. – suspirei - Não por enquanto... se estiver tudo bem para você...

- E como não estaria, Anahí? Aqui é seu lar. Por mais que você negue isso. Mas tenho certeza que não é por mim que você decidiu ficar.

- Não precisamos ter essa conversa... Na verdade, você precisa de um banho no momento, e de uma boa noite de sono. Vai lá para casa, eu arrumo essa bagunça para você.

- Eu amo essa foto. – ele disse ignorando meus pedidos e pegando o porta retrato da mesa – nessa época não haviam problemas que tirassem o sorriso do seu rosto. Você me recebia com abraços e beijos, e me chamava de “meu herói”. As vezes eu me pergunto onde foi que nos perdemos daqui...

- Não nós perdemos. Eu apenas cresci, e entendi que na verdade você não era o Batman que me salvava das coisas ruins, mas sim o Coringa que as causavam. As coisas mudaram quando você começou a mentir para mim. Você era tudo que eu tinha Henrique, e agora é tudo o que eu não queria ter.

- Você é tudo o que eu tenho Anahí. – rebateu e engoli o nó que se formou em minha garganta

- Olha eu vou chamar alguém para vir te ajudar a limpar essa bagunça, Está bem? Vou pedir para Alfonso cancelar seus compromissos por hoje também, acredito que pela sua cara você não dormiu nada essa noite. Com licença.

Me levantei querendo sair dali o mais rápido que eu poderia, Henrique nem ao menos contestou, e quando fechei a porta senti as lágrimas me invadirem. Eu não queria causar mal ao meu próprio pai, mas agora havia uma barreira entre nós, e por mais que eu quisesse quebrar ela não era tão fácil assim...

...

- Annie!

Olhei para porta do meu quarto vendo Chloe ali e sorri para ela, estendendo o braço para ela vir me abraçar.

- Oi princesa. Que saudades... – brinquei enchendo ela de beijo o que a fez rir

- Annie, você não vai embora, não é?

Olhei para porta vendo Alfonso ali, apoiando na batente nós encarando atentamente com um sorriso maroto nos lábios, neguei com a cabeça vendo que já estava virando costume ele me espionar

- Humm, não sei... Você iria sentir saudades?

- Sim! Muita, Muita! Assim ô, - ela abriu os braços mostrando

- Nossa! Então não podemos deixar isso acontecer não é?

- Então você vai ficar, Annie?

- Humm, deixa eu pensar...

Olhei para Alfonso que agora me encarava sério. Vira-lata! Ele estava tentando me chantagear a ficar usando a carinha fofa da irmã dele.

- Eu fico! Mas só se você tirar essa cara feia do rosto Alfonso... – falei rindo ainda com Chloe no colo

- É!! Tira essa cara feia, Poncho!!!

Alfonso negou com a cabeça rindo e se aproximando de mim.

- Assim está bom?

- Está bem melhor, mas bom bom não está não.

Agora foi a vez de Chloe rir e a coloquei no chão olhando Alfonso um pouco constrangida dessa vez.

- Não vi você sair... – sussurrei assim que Chloe se afastou para brincar com uns ursinhos que eu mantinha no canto do quarto

- Não podia deixar Chloe sozinha por tanto tempo... E você estava dormindo, não quis te incomodar.

- Quem cochicha o rabo espicha, poncho e Annie! – brincou Chloe nos fazendo rir

- Ok, tudo bem, não vamos mais cochichar! Não é Annie?

Concordei voltando a olhar para Chloe como desculpas de desviar os olhos dos dele.

- Estava chorando?

- Não.

- Henrique ficou feliz que você decidiu ficar.

- Não duvido.

- Você é um pouco dura com ele...

- Alfonso... Você não sabe. Olha... eu não quero que se intrometa nisso. Por favor. Se eu quiser uma opinião ou concelho eu peço. – rebati irritada

- Tudo bem. Me desculpa. – olhei para ele que agora estava com a postura mais tensa e me repreendi por ter sido tão estúpida. – preciso levar Chloe para a escola.

- Tudo bem.

- Nos vemos, então..

- É.

E então ele chamou Chloe com a mão e após me dar um abraço ela correu para o irmão e ambos deixaram meu quarto, e minha casa mas rápido do que entraram.

E eu ao queria poder arrancar na unha cada borboleta que sentia voar em meu estômago. Eu não podia, eu não queria me apaixonar por Alfonso Herrera.

Foi apenas uma noite e não vai passar mais nada. A tensão acabou.

Então porque eu me sinto tão estúpida por ignorar o efeito que ele causa em mim? Porque de repente eu enxergo os olhos verdes e penetrantes de Alfonso Herrera nos meus sonhos ?

Só podia ser porque ele havia me deixado obcecada, porque me apaixonar por Alfonso Herrera estava fora de cogitação.

Mil vezes não.

 

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!