Melhores amigas

— É, você me deixou surpreso, Amelie.

Sorri ao beber mais um gole da minha cerveja. Conrad se sentou ao meu lado, e eu continuei sem encará-lo, apesar de saber que seus olhos estavam atentos a cada movimento meu.

— Surpreso? Por quê, querido? Você não achou que eu iria ficar trancada lá embaixo, não é? Eu também gosto de um pouco de diversão.

— Você gosta de chamar a atenção. Isso é diferente de querer se divertir.

— Se julga tão inteligente… eu tenho pena de você, Conrad.

Me levantei, dando as costas, mas em um movimento rápido ele me puxou para perto. Tão perto que eu conseguia sentir o cheiro do whisky em sua pele. Me segurando firme, ele se aproximou mais, e eu senti o calor que emanava dele. Eu queria aquilo… mas não tão fácil. Quando ele se aproximou para me beijar, desviei no último segundo.

— Ah não. Que foi? Vai me dizer que está surpresa por eu tentar te beijar?

— Não. Não estou surpresa por você tentar me beijar, estou surpresa por você achar que eu iria corresponder.

Com um sorriso de vencedora, me soltei de Conrad, deixando-o completamente frustrado.

Ponto para você, Amelie.

 

— Até quando você vai me ignorar? — perguntei entrando no laboratório sem pedir licença e parando ao lado de Maitê.

Maitê nem se mexeu, continuando a folhear os documentos em mãos, o que me fez revirar os olhos.

— May, é sério. Não podemos superar isso? — Supliquei.

— Não.

— Você é impossível, sabia? Eu sinto tanto a sua falta…

Maitê suspirou, largando os documentos na mesa, cruzando os braços e me encarando com aquela expressão intensa.

— Eu também sinto sua falta. — Confessou —Mas sei que, na primeira oportunidade, você foge daqui como um rato.

— E você me odeia por isso?

— Odeio você por não me contar o que está sentindo. Odeio você por ter ido embora sem avisar. Achei que éramos parceiras.

— E somos. Juro. Olha… — mostrei meu pulso para ela, onde ainda estava nossa pulseira da amizade, de prata, com duas pequenas algemas como pingente e vi seus olhos brilharem com lágrimas se reconhecimento — Parceiras nos crimes, lembra? Sempre juntas. Eu nunca tirei, nem vou tirar. Eu sei que errei com você, me desculpa. Eu sinto sua falta, May.

— Eu também não tirei. — ela puxou a própria pulseira para cima, levantando a manga da blusa — Eu te odeio, sabia?

Dito isso, ela correu para me abraçar. E naquele instante soube que estava tudo bem. Maitê podia ser difícil, mas era extremamente sentimental, e era minha melhor amiga. Já havíamos passado por tantas coisas juntas, e ela era uma das poucas pessoas que me conheciam por inteiro.

Sorri para ela quando nos separamos, e ela começou a me atualizar sobre tudo o que aconteceu enquanto estive fora. Sentei a uma distância confortável, prestando atenção a cada palavra. Percebi que uma pequena parte de mim estava feliz por estar de volta… por poder conversar com Maitê novamente.

E por Deus, eu não havia percebido o quanto sentia falta dela.

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