Sparks - A Filha da Máfia
10:51
Suspirei enquanto segurava minha taça de vinho perto dos lábios, o cheiro do álcool adentrando minha mente.
- Está nervosa, Docinho?
Desviei o olhar para o homem em minha frente. Ele me enojava. Sorri docemente, enquanto saboreava o terrível vinho em minhas mãos. Uma vergonha para o lugar tão fino.
- Nunca. -estalei a língua dando ênfase em minha resposta.
Apertei as coxas sentindo a arma me pinicar, e sorri. Todos sempre caiam, e as coisas nunca eram tão emocionantes como deveriam ser.
A arma não saia de debaixo do vestido.
Frustrante.
- Então, ainda não me disse seu nome.
- É tão importante assim?
- Sinceramente? Não.
Olhei o movimento no restaurante, cinco mesas com cinco agentes esperando meu sinal. Todos olhavam pelo rabo do olho. Outras mesas mais afastadas com pessoas que iriam correr no primeiro sinal de perigo. Se tudo ocorresse como o planejado.
A adrenalina de ser uma agente da FBI era a coisa que deixava minha vida mais interessante. Tirando, é claro, que eu era filha do chefe da máfia mais procurada pelo Estados Unidos.
O que me fez ter uma puta dor de cabeça com o interrogatório que fui sujeita quando me candidatei a vaga de agente.
Era tudo uma questão de máfia. Sempre. O FBI não era tão diferente Se qualquer mafioso por aí, Se você souber a quem se aliar e quando o fazer, você daria as cartas.
- Podemos subir... - propôs. Tão típico.
- Tão rápido?
- Acha que estamos acelerando as coisas, Docinho? O que quer afinal?
- Deixe-me saber mais de você... - comecei
- O que quer saber? - o homem de cabelos grisalhos e muito bem arrumado eu diria, me analisou, pumba. Está desconfiado.
Me inclinei sobre a mesa para lhe responder
- Algo que eu já não saiba, Docinho. -provoquei
- Quem é você?
- Não arrisca, Jorge? - sorri - deixa-me lhe dizer meu pequeno dossiê que recebi pela manhã: Jorge Alcara, 45 anos. Chefe da máfia e tráfico de Amsterdã. Liderou o roubo de mil e duzentas armas do governo de Seattle. Dono de vinte casas noturnas, em Amsterdã e Nova York. Me corrija se eu estiver errada, você tem uma filha também não é? Cinco anos, cabelos castanhos. Como se chama mesmo? Hm, algo como... Emily?
- Deveria ter percebido... a vadia do FBI, Anahí Portilla. - rebateu sorrindo - Vai ser um milagre se sair daqui com vida, Cadela.
- Ah, não seja descortês, Jorge. - sorri docemente - Seus homens foram desarmados, e presos. Á homens do FBI aqui neste exato momento. Quer me matar? Ah, Docinho... eu iria adorar vê-lo tentar. - sorri, enquanto bebericava novamente meu vinho - agora, se colaborar, poderei ser boazinha com você.
- Colaborar? - Jorge gargalhou - você é só um peão para eles Anahí. Ninguém aqui confia de verdade em você, se traiu os seus quem dirá os outros. - rosnei e Jorge sorriu - Diga o que eles querem.
- Informação. Você sabe onde é a base de meu pai, e queremos a localização exata. Em troca a sua pena diminui, assim que alegarmos que você colaborou. Ou apodrece na cadeia.
- Henrique deve ter muita vergonha mesmo. Ter uma vagabunda como você, como herdeira. Eu teria enfiado uma faca nessa sua língua na primeira traição. - fechei a cara ao ouvir o nome de meu pai, o que fez Jorge sorrir e pegar sua taça despreocupadamente.
- Any? -revirei os olhos, ouvindo a voz de Christopher me chamando pela escuta.
- Alguém aqui não quer colaborar. -respondi
- Então deixe para que eu resolva a partir de aqui.
- Eu dou conta. - Rebati
- Isso não foi um pedido.
Suspirei me levantando sob o olhar atento de Jorge. Deitei a cabeça para o lado o encarando
- Um pequeno ditado disse: Se não vai pelo amor, então irá pela dor. Boa sorte, - sorri - docinho.
Atravessei irritada pela porta da frente, a coisa iria pegar fogo e novamente eu não iria participar.
Frustrante.
- Parada. - meu sangue ferveu ao ouvir o comando da voz grossa atrás de mim
- Eu já larguei o caso, o que mais você quer? - rebati, agora distante da boate e ignorando completamente a ordem de me manter parada.
- Eu mandei você parar, Anahí.
Respirei fundo obedecendo desse vez, ainda de costas.
- Só porque sou filha do Portilla não significa que vocês não possam confiar em mim. Porra Christopher eu estou com vocês à mais de 4 anos. Eu disse tudo o que sabia no interrogatório, tudo! O que custa confiar em mim?
- Eu confio em você, Annie. É só que... ele é um amigo próximo de seu pai. Você sabe bem que estavam me pressionando, tente me entender...
- Entender? - me virei parar encara-lo - Entender Christopher? EU TRABALHO COM VOCÊS. COM TODOS VOCÊS. - gritei - E se eles, se VOCÊ não confia em mim, Então porque eu contínuo? Porque eu ainda estou aqui Christopher?
Eu queria me afastar, eu queria correr e bater nele. Eu sabia o quão tóxica era nossa relação, eu sabia que eu era mais um objeto, um prêmio, para ele do qualquer outra coisa.
A filha de Henrique Portilla.
A filha do mafioso mais procurado dos Estados Unidos. A filha legítima e traidora que trabalhava agora para o FBI.
Eu sabia de tudo isso, e mesmo assim eu não conseguia me afastar. Porra, eu estou tão quebrada por dentro que não podia me afastar.
Christopher se aproximou e puxou meu queixo me forçando a olha-lo.
- Vamos conversar sobre isso e resolver mais tarde, ok? Vá para casa, esfrie a cabeça e veja as coisas com mais clareza. Assim que eu terminar aqui irei procura-la. - senti uma onda de ódio me invadir, e quando ele encostou os lábios em minha testa para se despedir a vontade de enfiar a faca em seu abdômen cresceu.
Assisti ele se afastar, elegantemente. Era o homem mais charmoso que eu já tinha visto, alto, bonito e confiante. Eu poderia gostar dele, e gostar de tê-lo, mas isso não passava de desejo.
Arranquei os saltos caminhando sobre a pouca luz que havia na rua quieta em que meu carro estava estacionado. Mudei a rota assim que percebi que estava sendo seguida, o que foi um erro, quando por descuido entrei em um beco que continham três pessoas paradas.
Era uma armadilha.
Minha cabeça girou, e as coisas então aconteceram muito mais rápido, levantei a fenda do vestido arrancando a arma de lá e apontando para às pessoa em minha frente, antes que um pano cobrisse minha boca e eu fosse invadida por uma onda agonizante de enjoo e alucinação.
- Surpresa. - foi a última coisa que absorvi antes de desmaiar.
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Bem vindos a Sparks!
Espero que gostem dessa história tanto quanto eu estou amando escreve-la.
Votem e comente muito.
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Atualizado até capítulo 35
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