“... Eu coloquei um feitiço em você
Porque você é meu...”
Me olhei novamente no espelho ajustando o espartilho em minha cintura quando papai entrou no quarto soltando um assobio baixo.
- Uau. Você está linda querida.
- Hum. Você está ótimo também, Henrique. – respondi analisando sua fantasia de drácula.
- Filha, você não vai tentar fugir não é?
- Alfonso me acharia.
- É ele acharia. – olhei para papai no momento certo em que ele levantava uma sobrancelha, algo que ele fazia quando estava tentando entender alguma coisa
- Eu não queria estar aqui, mas sempre gostei de participar do halloween. Apenas hoje, vou esquecer que não estou aqui por vontade própria.
Voltei minha atenção para o espelho finalizando minha maquiagem de Jockey quando papai suspirou e se aproximou se sentando em minha cama.
- Eu fui tão ruim assim para você, filha? – larguei o pincel na minha mesa evitando encarar meu pai, ele realmente conseguia pegar a gente de surpresa quando queria – Ah, Any... minha doce menininha dos olhos esbugalhados..... eu tentei. Desde que você era do tamanho de uma ervilha eu quis o melhor para você. Te criar sozinho, em um mundo diferente do que eu desejaria para você foi meu maior desafio. Talvez tudo o que eu fiz não tenha sido o suficiente... me perdoe. Por falhar.
- Henrique...
- Eu fiquei muito frustrado quando você começou a me chamar assim. Henrique... nunca doeu tanto ouvir meu nome nos lábios de alguém. – me encolhi quando ele se levantou me olhando de relance uma última vez antes de se virar novamente para a porta – Olha, depois de hoje, se você não quiser mais ficar, tudo bem. Pode ir. Volta para sua vida, eu não vou mais te segurar. Tenha um bom Halloween, filha.
....
- E você vai?
- Eu não sei May.
Suspirei, olhando para minha melhor amiga que agora estava seria me encarando. Maitê estava com uma maquiagem básica de caveira mexicana, maravilhosamente linda, eu diria, para quem não iria nem ao menos sair da base.
- Não queria que você fosse, tenho certeza que Henrique também não.
- Vamos falar disso quando eu voltar?
- Amanhã de manhã você vai estar aqui para discutir, ou vai fugir antes que eu consiga dizer: ANAHÍ?
Suspirei revirando os olhos
- Eu vou estar aqui.
- Então vamos discutir isso amanhã, agora você vai lá para cima, antes que Alfonso venha te buscar, e eu vou beber um copo de tequila e dançar até você voltar. E caso eu não esteja aqui...
- MAITÊ!
- Ai, tá bom, tá bom. Santa do pau oco.
Revirei os olhos novamente, só que dessa vez rindo e me levantei da bancada.- O refeitório estava transformado, sem as mesas no centro, contendo apenas a bancada aonde estávamos. O salão estava com luzes escuras, e diversos enfeites em formatos de abóboras, caveira, morcegos e bruxas. Além de um palco recém montado no lado direito do salão.
Havia me esquecido do quanto eu amava isso. Essa época do ano.
Esse lugar.
...
O Club estava lotado, e foi difícil sair dele sem chamar a atenção, e me dirigindo para os fundos, pude ver cinco Jeep blindados e pretos parados a nossa espera. Alfonso conversava com um dos soldados, ao que aparentava estavam todos ali, e ele estava divino.
Ele estava com uma mascara de caveira que cobria sua face apenas abaixo de seus olhos, usava terno e seus cabelos estavam lindamente ajeitados para trás com gel.
Me aproximei sendo percebida por ele que se virou me atravessando com seus imensos olhos verdes. Sorri parando na sua frente.
- Doces ou travessuras, Herrera?
- Chefe, vamos? – sem resposta, algum dos soldados de Alfonso chegou por trás de mim perguntando, Alfonso confirmou com a cabeça, ainda me encarando e me oferecendo o braço, que aceitei por educação, e então me guiou até o carro mais próximo.
- Você é minha acompanhante essa noite. – disse enquanto prendia o sinto e pegava algo do seu lado, me entregando em seguida uma arma carregada – Sem gracinhas, querida.
- Eu não sou sua querida. Mas obrigada, usarei com cuidado.
E sob o olhar atento de Alfonso subi meu vestido até a coxa encaixando a arma na minha cintura e abaixando o vestido lentamente em seguida.
- E então Herrera, vamos?
E com um sorriso malicioso ele acelerou.
Que a diversão comece.
....
10 soldados permaneceram ao lado de fora, Alfonso, papai e eu fomos uns dos outros dez que entramos. Alfonso se agarrou a minha cintura quando passamos do portão principal para dentro do clube, a música estava alta e ele estava bem enfeitado para o Halloween também. O local tinha dois andares, sendo o segundo um motel barato.
De longe uma concorrência digna para o Club de papai.
- Qual o plano?
- Não temos. Está vendo o cara vestido de coringa bem ali? – respondeu sussurrando em meu ouvido, sua voz saiu abafada por conta da máscara – o nome dele é Denny. Ele é o chefe da máfia, ele era sócio do seu pai, roubou bilhões e desapareceu. Tentou nos entregar a polícia duas vezes. Não vamos ter piedade.
- Posso tentar seduzir ele.
- E se expor? Acredito que não.
- Alfonso isso não foi um pedido. Pensa, vai ser mais fácil se formos para o andar de cima, você me espera no quarto, quando eu entrar com ele o cercamos.
- E você mataria ele?
- Ela não mata, Alfonso. – ouvi meu pai dizer atrás de mim – mas você sim. Eu quero ele morto, e essa espelunca em chamas. Achei que tinha sido claro.
- Então podemos trancar ele no quarto, e colocamos fogo aqui. Não necessariamente morreria nas nossas mãos. E as outras pessoas não precisam morrer também. – continuei
- E você insiste em dizer que não faz parte desse mundo. Querida Anahí, Você honra muito bem o seu sobrenome.
- Não gosto de traidores. Sim ou não Henrique?
- Vá em frente. Se algo ser errado você conhece o sinal.
Me infiltrei no meio das pessoas, até chegar ao lado de Denny, e sorri para ele, me aproximando do bar. Em troca ele deu uma palmada para espantar a garota que estava no seu colo, e se aproximou de mim sorrindo com seu copo de cerveja na mão.
- Nos conhecemos, docinho?
- Acredito que não. – olhei em volta achando Alfonso perto das escadas me encarando, pisquei para ele que confirmou com a cabeça subindo
- Está acompanhada? – senti ele apalpar minha bunda e engolindo a vontade de socar sua cara me esquivei delicadamente e sorrindo
- Não...
- Ah, que pecado. Vou te acompanhar está noite então. – ele voltou a se aproximar e eu andei para trás engolindo em seco.
- Querido, não gosto de exposição. Que tal lá em cima?
Não esperei resposta, correndo para as escadas, senti Deny atrás de mim , me acompanhando, e então ao chegar no topo me dei conta que não sabia em que quarto Alfonso estava, e era tarde para pensar, Denny já havia me agarrado por trás, abrindo a primeira porta a direita e me jogando para dentro do quarto.
Olhei em volta não achando Alfonso no quarto, e apertei a arma em minha cintura, o que foi uma erro notado por Denny que me agarrou novamente subindo meu vestido e pegando a arma, para em seguida a jogar longe.
- Não vai precisar disso, docinho.
Por um pequeno momento pensei em colocar tudo a perder, meu cérebro girou, e me senti enjoada quando Denny me segurou com os cabelos puxados para trás, me imobilizando, e rasgando minha calcinha no meio, senti seus dedos acariciando a pele sensível a mostra e me retorci fazendo com que ele apenas me segurasse mais forte, pensei em gritar, bater, xingar, mas estava completamente imobilizada, pelo toque não permitido e pelo erro de iniciante que cometi, talvez eu merecesse aquilo.
Senti quando Denny apertou meus seios por cima da blusa, recuei quando ele se abaixou e os mordeu, eu estava me debatendo, até que ele caiu, e puxei meu vestido para baixo novamente caindo também no chão ao lado de Denny
- ANAHÍ.
Denny estava morto.
Precisei de uns minutos para fazer meu cérebro voltar a raciocinar, e então levei a mão ao meu estômago completamente enjoado, e vomitei em cima do cadáver de Denny.
- Ok, esse aí teve um fim digno. Você está bem? – Alfonso estava ao meu lado agora, me levantando e me levando ao banheiro do quarto para me limpar.
- Estou. Esquecemos de combinar os quartos. – respondi lavando a boca.
- É eu percebi. Mas por sorte seu pai a seguiu.
- E agora? Denny está morto.
- Já jogamos Álcool aqui em cima, é questão de minutos para o fogo se espalhar quando jogarmos o fósforo, vem vamos descer. – Alfonso pegou uma caixa de fósforo, e eu a tomei de suas mãos, fazendo com que ele me olhasse. Olhei para fora do banheiro vendo meu pai jogar álcool em cima do Denny. Abri a caixinha pegando um fósforo e acendendo ele, e me aproximei de Denny quando papai se afastou indo para porta, senti Alfonso me seguir como uma criança.
- Não precisa fazer isso.
O ignorei, olhando Denny e sentido um ódio incomum me invadir. Ele ia me estuprar. Se Alfonso não tivesse chegado... se Henrique não tivesse atirado, ele iria ter me estuprado. Eu era fraca até minutos atrás, e agora ele iria queimar
E eu sou uma Portilla, e um Portilla não perdoa quem lhe causa danos.
- Nos vemos no inferno, Denny.
Soltei o fósforo que queimou ao meus pés, Alfonso me puxou, me afastando do fogo que se alastrou rápido pelo quarto, me fazendo perder o corpo de Denny de vista. Descemos as escadas como se nada tivesse acontecido.
Mas aconteceu.
E a adrenalina ainda não havia deixado meu corpo quando senti o vento gelado me atingir do lado de fora.
- Entra no carro, nos vamos dar uma volta.
- Acho que quero voltar para Cede Alfonso.
- Apenas entre Anahí.
Obedeci, ignorando o olhar de meu pai as minhas costas.
- Vou conversar com ela. – ouvi Alfonso dizer, para em seguida entrar no carro, e dar partida.
- Eu não quero conversar.
- Você não matou ele.
- Mas queimei o corpo. Isso não me torna diferente de um assassino. Eu não quero conversar.
- Porque está com medo?
- Porque eu não me arrependo Alfonso. Eu não me arrependo de ter queimado Denny. Não me arrependo de ter acendido a faísca. Satisfeito?
Suspirei, me encostando no banco, quando Alfonso parou o carro no meio da estrada e se encostou no banco também.
- Travessuras.
- O que?
- Você me perguntou mais cedo, se eu queria doces ou travessuras. Eu quero travessuras, então seja travessa, Anahí.
Mordi o lábio inferior olhando por um momento Alfonso, para então soltar o sinto e pular para o seu colo. Senti o volante incomodar minhas costas e me inclinei mais para o rosto de Alfonso ainda coberto pela máscara, deixando meus seios na altura de onde seria sua boca, se a máscara não a estivesse tampando.
Desejei que não estivesse.
- Tenho um segredo para te contar, - sussurro em seu ouvido, sentindo as mãos de Alfonso deslizar pela minha coluna – Denny arrancou minha calcinha.
- Ele a tocou?
- Por muito pouco não.
Alfonso agora acariciava meu traseiro coberto apenas pela fina renda do vestido. Me esfreguei sobre ele o fazendo grunhir e sorri com a provocação.
- Tenho outro segredo, - dessa vez eu puxei sua máscara a jogando no banco de trás e me aproximando para sussurrar nos lábios de Alfonso – Não iremos transar.
E dito isso, me soltei de Alfonso, voltando
Para o banco dos passageiros e ignorando sua excitação eminente na calça justa que usava. Demorou um tempo para ele voltar a reagir, e então dando partida no carro ele me ignorou.
Demorou cerca de 25 minutos até chegarmos a cede novamente, Alfonso parou na frente do Club, um pouco mais vazio pelo horário, e então saiu do carro e deu a volta abrindo a porta para mim para me puxar para si me abraçando de modo que sua mão ficasse em minha cintura e sua boca no pé de meu ouvido. Senti sua excitação me incomodar, sabendo que ele fez isso propositalmente, fechei um pouco mais as pernas sentindo meu ventre reagir a sua provocação e latejar excitado.
Merda Herrera.
- Feliz Halloween, Anahí.
- Feliz Halloween, Herrera.
E então ele se soltou de mim entrando no clube sem olhar para trás.
“...Você me escuta?
Eu coloquei um feitiço em você
Porque você é meu.” 🎶
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Atualizado até capítulo 35
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