Capítulo 02

Suspirei ao encarar o teto rosa na minha frente, isso só poderia ser brincadeira.

Me sentei na cama olhando em volta e confirmando o que eu não queria: Eu estava no meu antigo quarto. Mantive o olhar duro quando me dei conta de que não estava sozinha.

Meu pai estava na minha frente.

- Senti saudades, querida. – ronronou

- Isso só pode ser uma piada.

- O que? Foi Você quem escolheu á decoração, mas se não gosta mais a gente pode dar um jeito...

- Henrique, Eu não estou brincando! O que você está fazendo? Porque eu estou aqui?

- Henrique? Olha garota, Você já teve mais respeito comigo. É papai para você. – rebateu divertido se sentando aos meus pés.

Uma coisa que eu não poderia negar era que Meu pai era o cara mais elegante e galanteador que eu já conheci. Era impossível não gostar dele, ou não cair em sua lábia. Talvez por isso ele era dono e chefe da maior máfia dos Estados Unidos.

- Henrique – Provoquei – isso é sequestro. Você tem noção do que está fazendo? Está mexendo com uma agente do FBI.

- Ah, Sim. Tinha esquecido desse pequeno detalhe. Sabe, Eu esperava mais de você, princesa. Quando você foi embora eu estive te monitorando, obviamente, e me decepcionei demais quando soube que você estava se deitando com aquele carinha lá, metido a policial. Qual o nome? Estiven...

- Christopher. O nome dele é Christopher. E ele é o Chefe dos detetives e policiais do FBI. Se lhe importa saber.

- Não importa. – ele dispensou com as mãos – Filha, Você brincou de casinha por tempo demais, não é? Estava na hora de abandonar a rebeldia e voltar para casa.

- Eu tenho uma vida, Henrique. Eu tenho trabalho, um namorado e um...

- Você chama aquilo de trabalho? – me interrompeu – eles nem ao menos acreditam em uma palavra do que você diz. – fechei ainda mais a cara pela verdade em suas palavras – Você gosta de adrenalina, emoção, é uma Portilla e está no seu sangue. O seu lugar princesa, é aqui.

- Não, não é. – rebati – Eles vão me achar, e eles vão pegar você.

- Ah vão? Se é o que você quer porque não deu minha localização para eles nos últimos 5 anos? – questionou divertido e eu não respondi – uma mentira cabeluda aquela de que eu nunca te deixei sair.

- Eu não me lembrava onde era.

- Não minta. Você sempre soube a localização, Anahí.

Me levantei jogando o lençol que me cobria o mais longe que consegui.

- Eu vou embora.

- Não você não vai. – respondeu meu pai se levantando – Pegamos todas ás suas coisas da sua antiga casa, elas já estão aqui. E assim que eles virem que não a mais nada seu por lá, irão supor que os traiu. Como eles já  esperavam que você em algum momento fizesse.

- Vai me manter trancada aqui, Então? Sou sua prisioneira?

-  Você conhece cada lugar da nossa cede, como a palma de sua mão. Então pode andar por ela, pode ir ver os amigos, e treinar se quiser. Mas não pode sair dela. Não mais. Isso já foi longe demais, 5 anos não foram suficientes? – rebateu, caminhando em minha direção – Está cada vez mais parecida com Tisha. Estou feliz por te ter de volta. Vai ter pudim para o jantar, espero te ver lá.

Encarei meu quarto quando me vi sozinha.

Eu estava presa.

Tentar fugir era inútil e eu sabia. Sabia que não havia maneiras de sair dali.

A cede da máfia era extensa, e se encontrava no subsolo de uma região isolada de Seattle.  Era completamente impossível de se achar. Se qualquer pessoa entrasse jamais saia.

Três andares, 108 cômodos. Sendo entre eles 10 de treinamentos para soldados, 2 refeitórios, 5 alas hospitalares, 4 locais reservados para pesquisar e análises e 2 para hackers. Haviam também os quartos para os soldados, os escritórios para os parceiros de meu pai e suas reuniões absurdas, e em cima do subsolo a casa noturna, Kiss, da qual meu pai era dono. Meu quarto, ou melhor minha ex- casa, ficava em uma área reservada da cede.

Era uma porta que levava á uma casa no subsolo onde continha 2 suítes, 1 banheiro, e uma cozinha americana com visão para sala.

Era uma cede gigante para um subsolo, não é mesmo? Mais essa era apenas a principal, havia mais 3 sedes espalhadas pelos Estados Unidos.

Andando pelos corredores ao lado de fora de minha “casa”, e subindo algumas escadas encontramos muitas portas, que são os quartos dos “soldados”. Os “soldados” da máfia são na grande maioria policiais corruptos ou órfãos que nasceram dentro de toda essa merda. 

Assim como eu.

Tentei raciocinar e achar uma solução cabível para sair daqui. Mais desisti, passar pelos soldados da máfia era impossível.

Sai de meu quarto dando de cara com a nostalgia de minha infância. A casa continuava a mesma de sempre. Sai dali antes que qualquer emoção viesse e me deixasse mole, precisava sair daqui. Dessa casa, desse lugar.

Agora.

...

- EU QUERO IR PARA CASA. -Gritei entrando no escritório de meu pai, ignorando a presença de um dos soldados por ali.

- Querida, você está em casa. – respondeu meu pai paciente atrás de sua enorme mesa de madeira maciça -  Alfonso, está é Anahí minha filha. Como você já sabe. Princesa, Este é o novo chefe dos soldados. Ele também foi o cara que conseguiu te trazer de volta, confesso, era uma coisa bem complicada com aquele projeto de policial te rodeando que nem urubu dia e noite.

- Quer que te dê um troféu?  -ironizei

- Ah, sem toda essa cortesia. Um obrigado, já me basta Anahí querida.

- Isso vai ser muito interessante. – brincou meu pai encostando na cadeira

- Vai se foder Alonso.

- É Alfonso. – corrigiu com um sorriso presunçoso nos lábios – E vou Sim,  está interessada?

- Em você? Só se for para te enfiar uma faca no estômago, que tal?

- Tão afiada, nem parece que era a vadia daquele policial.

Agarrei o abajur da mesa de meu pai mirando na cabeça de Alfonso, que com elegância e rapidez se desvencilhou e me agarrou por trás, me prendendo de costas contra seu corpo forte e tomando o abajur de minhas mãos.

- Te peguei. -sussurrou em meu ouvido me fazendo borbulhar de ódio. E então voltei a reagir.

O chutei em seu centro e o mordi, conseguindo soltar apenas uma de minhas mãos e lhe mirei um soco que novamente foi impedido pelas mãos dele.

- Te peguei de novo. – repetiu brincalhão

- Eu vou te matar! – gritei

- Se conseguir encostar em mim para isso...

Respondeu me soltando e me empurrando delicadamente para longe dele. Ele era excitante. Não só seu físico esculpido pelos deuses, que me permiti avaliar, mais sua voz grossa e a aparente personalidade forte.

- Ela é uma graça, não é? – ronronou meu pai interrompendo meus pensamentos e me fazendo lembrar de sua presença na sala.

O encarei novamente ainda sentindo a adrenalina e uma vontade avassaladora de voar em seu pescoço, para por fim me mexer para porta.

- Encantadora. – ouvi Alfonso responder.

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