Capítulo 13

...🌻 Lívia Fiore 🌻...

Enquanto saboreava o café, olhei para Augusto, que estava tão focado em seu celular. Ele parecia perdido em pensamentos, e por um instante, me perguntei o que exatamente ele estava pensando sobre tudo aquilo. As fotos, a atenção da mídia e o fato de sermos novamente o centro das atenções. Eu tinha um misto de emoções: felicidade por estarmos juntos novamente, mas também um medo sutil do que isso poderia significar para nós.

— Você está bem? — perguntei, quebrando o silêncio.

Ele levantou os olhos do celular, como se tivesse se perdido em uma névoa, e sorriu para mim. Um sorriso genuíno que me fez sentir um pouco mais à vontade.

— Sim, só… pensando. É estranho ver tudo isso, não é?

— É, muito. — Respirei fundo. — Eu não sabia que a gente ainda era notícia.

— Não só notícia, mas um "casal favorito". — Ele riu, mas eu percebi uma sombra de preocupação em seu olhar.

A verdade é que havia muita coisa não resolvida entre nós, e eu não sabia se o que tínhamos construído em apenas algumas horas na noite anterior era suficiente para enfrentar o que o mundo achava de nós.

— Augusto, precisamos conversar sobre tudo isso. Sobre nós. — A sinceridade na minha voz era inegável. Eu não queria adiar mais uma vez.

Ele assentiu lentamente, mas eu pude ver a preocupação se instalar em seus olhos.

— Concordo, mas… eu quero que você saiba que estou aqui para o que der e vier. — Ele se aproximou, segurando minha mão sobre a mesa.

Aquele toque me fez sentir segura, mas também trouxe à tona memórias que eu tinha guardado. Era como se o peso de tudo que já tínhamos vivido antes voltasse com força. O que aconteceria se decidíssemos nos entregar novamente a essa conexão? E se não desse certo, como da última vez?

— Lembra do que a gente passou? Daquela noite? — perguntei, a voz saindo mais baixa do que eu pretendia.

Ele respirou fundo, os olhos se fixando em mim.

— Como poderia esquecer? — disse, com um toque de tristeza na voz. — Eu nunca soube que você estava grávida. Você decidiu terminar e… eu me pergunto se eu poderia ter feito algo diferente.

— Eu… eu não sabia como lidar. Perdi você e o bebê no mesmo dia. Estava tão confusa que só… só pensei que estava me protegendo — confessei, sentindo as lágrimas ameaçarem escapar.

— Você nunca esteve sozinha, Lívia. Eu queria ter estado lá. — A expressão dele era intensa, e eu senti uma onda de emoção.

Ficamos em silêncio, refletindo sobre o que ainda precisávamos processar. O passado não poderia ser mudado, mas talvez, agora, pudéssemos construir algo novo.

— Vamos dar um passo de cada vez? — ele sugeriu, como se pudesse ler meus pensamentos. — Não precisamos resolver tudo agora.

Concordei, sentindo um misto de alívio e expectativa.

— Podemos aproveitar este tempo juntos, sem pressa. — Eu sorri para ele, tentando captar a leveza do momento.

Ele retribuiu o sorriso, e o peso nas minhas costas parecia um pouco mais leve. Por agora, tudo que precisávamos era de um novo começo, um novo capítulo, e que, independente do que o mundo dissesse, estávamos juntos nessa jornada.

Depois de tomarmos café e conversarmos sobre tudo que estava guardado, o tempo passou mais rápido do que eu esperava. A ideia de ir para casa, onde tudo era familiar e ao mesmo tempo doloroso, não me deixava completamente à vontade.

Quando Augusto estacionou em frente à minha casa, olhei para ele, e por um momento, os velhos sentimentos de conforto e amor voltaram com força. Mas havia também a realidade do que já havíamos vivido. Ele me olhou com uma intensidade que fez meu coração acelerar.

— Então, acho que é aqui que me despeço. — Ele sorriu, mas havia uma pitada de tristeza em sua voz.

— É… — murmurei, sem saber bem o que dizer. A sensação de que poderia ser uma despedida definitiva pesava no ar, mesmo que não quiséssemos que fosse.

Saí do carro e, antes de abrir a porta da frente, hesitei por um momento. Ele também saiu e veio até mim, parando a poucos passos de distância. O olhar de Augusto era profundo, como se estivesse tentando ler o que se passava na minha mente.

— Lívia, eu… — ele começou, mas eu o interrompi.

— Eu sei, Augusto. — Falei, dando um passo à frente. — Eu também quero que isso funcione. Quero tentar, mas preciso de um tempo para processar tudo.

Ele assentiu, entendendo a gravidade da situação. Naquele instante, algo dentro de mim se aqueceu, como se a certeza do que sentíamos um pelo outro tivesse superado qualquer barreira que o tempo e a distância tivessem criado.

— Podemos fazer isso juntos. Um dia de cada vez. — Ele deu um passo mais perto, e eu senti meu coração acelerar ainda mais.

A proximidade dele me fez esquecer das inseguranças. Olhei para seus olhos, e tudo ao nosso redor desapareceu. Era só nós dois. Meus pensamentos se concentraram em como eu sempre o quis ao meu lado, e naquele momento, a conexão parecia tão real quanto a primeira vez que nos beijamos.

Sem pensar duas vezes, me aproximei e, num impulso, envolvi meus braços em volta de seu pescoço. Ele imediatamente correspondeu, puxando-me para mais perto enquanto seus lábios se encontravam com os meus. O beijo foi suave e hesitante no início, mas logo se transformou em algo mais intenso, como se todo o amor que guardávamos um pelo outro estivesse sendo liberado em um só momento.

A sensação de tê-lo de volta, mesmo que por um breve instante, era indescritível. O mundo ao nosso redor desapareceu, e tudo que existia era aquela conexão profunda e a promessa de que ainda havia algo entre nós.

Quando finalmente nos separamos, respirei fundo, ainda perdida na intensidade do que acabamos de compartilhar.

— Até logo, Sol. — ele disse, e sua voz estava carregada de emoção.

— Até logo, guto. — sorri, sentindo uma mistura de esperança e incerteza.

Ele subiu no carro, e eu assisti enquanto ele dava a volta e seguia pela rua. Fiquei parada na calçada por alguns momentos, tentando processar tudo. Havia muito a enfrentar, mas uma parte de mim acreditava que estávamos caminhando em direção a um novo começo e, quem sabe, a um futuro que poderíamos construir juntos.

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