Capítulo 06

...A partir de agora a história vai ser só nos dias atuais....

...🌻 Augusto Avlis 🌻...

Oito anos depois (presente)

Ganhamos o campeonato internacional de vôlei. Depois de marcar o ponto final, o estádio explodiu em comemoração, e a adrenalina ainda corria pelo meu corpo. A sensação era indescritível, como se cada sacrifício, cada noite sem dormir, cada treino exaustivo, tivesse valido a pena. Bebi um pouco da água da minha garrafinha, tentando absorver tudo aquilo.

Olhei para a arquibancada e lá estavam minha mãe e meu irmão, sorrindo e chorando ao mesmo tempo, vibrando com orgulho. Corri para eles, subindo as escadas, e os abracei com força, sentindo o quanto aquilo significava não só pra mim, mas pra nossa família inteira. Minha mãe, que nunca desistiu, que sempre esteve ao meu lado, e meu irmão, que acompanhou cada passo da minha trajetória.

Depois, desci de volta para a quadra e fui direto para a zona de entrevistas. Mal tive tempo de respirar antes de ser cercado por jornalistas e câmeras de várias emissoras. As luzes piscavam, os microfones se estendiam na minha direção, e eu respondia perguntas com um sorriso no rosto, ainda tomado pela emoção da vitória.

— Augusto, você se consolidou como o melhor jogador de vôlei do mundo! Como se sente sendo o nome mais comentado do momento? – uma repórter perguntou, com os olhos brilhando.

— É surreal. – respondi, tentando manter a calma. – Esse título é o resultado de muito trabalho, muita luta. E só posso agradecer a todos que me apoiaram, à minha equipe e à minha família.

Entre uma pergunta e outra, senti um peso no peito, uma lembrança antiga. Por um segundo, pensei em Lívia. Fazia anos que não nos falávamos, mas em momentos como aquele, ainda me lembrava dela, do nosso começo, dos planos que fizemos juntos. Ela foi minha primeira torcida, minha primeira motivação.

Mas a vida seguiu e, agora, eu estava aqui, no auge da carreira, vivendo o que um dia foi só um sonho.

Enquanto a entrevista continuava, os jornalistas começaram a fazer perguntas mais pessoais, e eu já sabia o que viria. Desde que comecei a ganhar destaque no esporte, os fãs reviveram a minha história com a Lívia, e aquilo parecia não morrer nunca. “Augusto e Lívia” era quase uma lenda entre os torcedores. Mesmo após tantos anos, milhares de fãs ainda falavam dela, shippavam a gente e relembravam o relacionamento como um daqueles romances inesquecíveis.

Uma jornalista ousou perguntar:

— Augusto, seus fãs sempre mencionam a Lívia, sua namorada de anos atrás. Ela já viu algum jogo seu?

Respirei fundo, com um sorriso diplomático, e me limitei a responder:

— Bom, não tenho contato com a Lívia há muitos anos, mas desejo tudo de melhor pra ela. – E era verdade. O que vivemos foi especial, mas cada um de nós seguiu seu caminho.

No fundo, eu sabia que ela tinha feito sua própria história. Lívia se tornou uma designer de moda famosa, lançando coleções pelo mundo, e todos os jornais de moda falavam dela como uma das maiores promessas da sua geração. Em algumas viagens internacionais, via outdoors com suas criações ou artigos em revistas. O mundo era dela, e saber disso me trazia um orgulho silencioso.

Terminada a entrevista, fui para o vestiário. Enquanto me preparava para o jantar com a equipe, ainda pensava na ironia disso tudo. Nos tornamos o que sempre sonhamos, em mundos diferentes, mas nossos nomes ainda estavam entrelaçados.

Depois de me trocar e pegar minhas coisas, encontrei o Bruno me esperando no corredor. Ele era meu melhor amigo desde os primeiros treinos e um dos poucos que acompanhou de perto tudo o que passei ao longo desses anos.

— Parabéns, campeão! — ele disse, me puxando para um abraço de comemoração. — Você tá no auge, cara. Essa é sua noite!

Sorri, agradecido. Bruno sempre foi aquele amigo leal e direto, que me dava força nos momentos difíceis e me puxava de volta pra realidade quando as coisas saíam do controle.

— Valeu, irmão! — respondi, dando um soco leve no ombro dele. — E aí, já viu o alvoroço que começou na internet de novo?

Bruno riu, entendendo imediatamente do que eu estava falando.

— Eles nunca vão parar de falar da Lívia, né? Eu vi os comentários... é tipo uma novela que não acaba.

Revirei os olhos, mas não consegui conter uma risada.

— Pois é, mas a vida já seguiu pra cada um de nós. Ela tá conquistando o mundo com a moda dela, e eu, com o vôlei. As pessoas gostam da história, mas às vezes me pergunto como seria encontrar com ela agora, depois de tudo.

A verdade é que eu nunca superei a Lívia.

Bruno ficou em silêncio por um momento, e então respondeu com um sorriso intrigante.

— Cara, quem sabe? O mundo dá voltas. E olha só, com a fama dela, talvez vocês acabem se cruzando em alguma dessas viagens.

Dei de ombros, como se a ideia não me afetasse, mas a verdade era que a possibilidade mexia comigo.

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