Capítulo 05

...🌻Augusto Avlis 🌻...

Sete anos atrás (PASSADO)

Lívia me enviou uma mensagem dizendo que precisávamos conversar. Eu já tinha mandado outras quatro mensagens pra ela, e tudo o que recebi de resposta foi um simples "precisamos conversar. Fiquei preocupado. Muito preocupado.

A ansiedade tomou conta de mim. Eu só queria que o tempo passasse mais rápido pra finalmente encontrar minha princesa e entender o que estava acontecendo. Ainda faltavam cinco horas pra eu chegar em Vitória, no Espírito Santo, cidade onde nasci e cresci. A viagem parecia interminável. Encostei a cabeça na janela do ônibus e fiquei observando a estrada, enquanto tentava acalmar a confusão de pensamentos que não me deixava em paz.

Minha mente não parava. A estrada passava como um borrão pela janela enquanto minha cabeça tentava entender o que estava acontecendo. Por que ela precisava conversar comigo daquele jeito? O tom da mensagem era diferente, sem a empolgação de sempre, e isso me deixava inquieto. Não consegui evitar o aperto no peito.

As horas no ônibus pareceram uma eternidade. Só conseguia pensar no que poderia ter dado errado. Eu estava tão focado nos treinos e nas viagens, tentando dar o melhor de mim pra abrir caminho na carreira, mas talvez eu estivesse deixando algo de lado… talvez estivesse deixando Lívia de lado. Essa possibilidade me consumia, e a cada quilômetro, o medo crescia mais.

Quando finalmente cheguei em Vitória, vi que ela já me esperava na rodoviária, me lançando aquele sorriso que sempre me desmontava. Mas, naquela noite, havia algo diferente em seu olhar. Ela parecia tranquila, mas não de um jeito bom. Algo ali me dizia que eu estava prestes a perder algo importante.

— Oi, meu sol — falei, puxando-a para um abraço apertado. Ela me envolveu nos braços, mas o abraço dela parecia contido, como se estivesse mantendo uma distância invisível.

— Oi, Augusto… — ela respondeu, com a voz calma. — Vamos jantar? Tem um lugar novo aqui que eu queria te mostrar.

Passei em casa para deixar minhas bagagem e depois fomos para o restaurante.Chegamos a um restaurante acolhedor, com luz baixa e música suave, como ela gostava. Ela me olhou e sorriu, e por um instante, pensei que talvez eu estivesse apenas imaginando o clima estranho.

Sentamos e começamos a conversar, ela me contou as novidades sobre a faculdade, sobre o trabalho no restaurante e como as coisas estavam ocupadas para ela também. Mas era como se houvesse uma barreira invisível entre nós, algo que ela ainda não havia dito. E isso me deixava nervoso.

Finalmente, depois de um tempo, ela suspirou, endireitando-se na cadeira. O sorriso leve no rosto dela sumiu, e ela me olhou com uma expressão séria, mas ainda assim carinhosa.

— Guto, eu te amo… muito mesmo. Você sabe disso, né?

Assenti, tentando esconder minha ansiedade.

— Mas… eu acho que chegou um momento em que precisamos ser sinceros com a gente. Nossos caminhos… parece que estão se distanciando cada vez mais. Eu tô tentando seguir meu sonho aqui, e você, o seu no Rio. E eu tô feliz por você, mas…

A voz dela falhou um pouco, mas ela continuou, segurando firme nas minhas mãos.

— Acho que estamos vivendo em mundos diferentes agora, Augusto. E por mais que isso me machuque… eu preciso seguir em frente.

Foi como um golpe que me deixou sem ar. As palavras dela ecoavam na minha cabeça, e eu tentava processar o que aquilo significava.

— Lívia… não faz isso, por favor. A gente pode dar um jeito. Eu te amo, eu faço qualquer coisa por nós dois.

Ela sorriu, triste, e segurou meu rosto com carinho.

— Eu sei, Guto… eu sei que você faria. Mas eu não quero que você desista dos seus sonhos por mim. Eu quero te ver alcançar tudo o que merece, e quero isso pra mim também.

E ali, naquele jantar que seria nosso último como casal, ela terminou tudo com uma serenidade que eu não conseguia entender. Ela não derramou uma lágrima, mas seu olhar me dizia que aquilo doía tanto nela quanto em mim.

Eu ainda não conseguia acreditar, nem aceitar.

Ela pegou a bolsa que estava sobre a mesa, deixou algumas notas e saiu. Chamei o garçom, paguei a conta rapidamente e fui atrás dela, mas quando cheguei lá fora, ela já estava entrando em um táxi.

E eu ainda não conseguia distinguir o que acabou de acontecer.

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