A Sombra do Caos: A Verdade de Celeste

A Sombra do Caos: A Verdade de Celeste

E então meus olhos se fecharam...

A grande Mansão dos Voss se erguia majestosa no alto da colina, suas torres pontiagudas cortando o céu cinzento da manhã. O vento frio trazia consigo o cheiro da umidade da floresta vizinha, enquanto as folhas das árvores dançavam suavemente. A cidade abaixo pulsava com a vida vibrante da nobreza, mas dentro da mansão, a atmosfera era diferente. Para Celeste, cada dia era uma luta silenciosa.

Com seus longos cabelos vermelhos como fogo e olhos profundos como rubis, ela era a imagem da beleza que sua mãe, a Duquesa Elara, tanto prezava. Contudo, essa beleza era um fardo. A fobia social a isolava em seus aposentos, longe dos bailes e das conversas que enchiam os corredores da mansão. O reflexo da sua aparência no espelho lembrava-a de tudo que ela não era: confiante, carismática e desejada. Em vez disso, ela se via como uma sombra, um eco distante da mulher que poderia ter sido.

Nas horas silenciosas da manhã, quando o mundo ainda não despertara, Celeste se permitia sonhar. O sonho mais recorrente era de uma vida fora dos muros da mansão, longe das expectativas que a cercavam. Ela ansiava por aventuras, por descobertas e, principalmente, por liberdade. Mas cada vez que o pensamento surgia, era rapidamente abafado pelo medo e pela insegurança. O peso das expectativas de seus pais a sufocava, e a solidão se tornava insuportável.

Um leve toque na porta interrompeu seus pensamentos. Era Elys, seu irmão mais velho, que sempre voltava em segredo, trazendo notícias do mundo exterior. Com um sorriso gentil, ele entrou, e a presença dele trouxe um alívio que Celeste não sabia que precisava.

“Você está pronta para enfrentar o dia, pequena?” Ele perguntou, sua voz suave como um sussurro, mas com um toque de encorajamento. Elys sempre tinha esse efeito sobre ela; sua segurança a envolvia como um manto protetor.

Celeste hesitou, os lábios curvados em um sorriso tímido. "Eu não sei, Elys. O que há de tão interessante lá fora que eu não possa ignorar?"

Elys se aproximou e sentou-se ao seu lado, seu olhar atento. “Hoje, estive em uma vila onde as pessoas festejam com música e dança. Você não imagina as aventuras que vivi. Uma vez, enfrentei um bando de bandidos para proteger uma caravela de comerciantes! Foi emocionante!”

Celeste sorriu, intrigada. A maneira como ele falava fazia o mundo parecer mais vibrante. “Você é um verdadeiro herói, então. E eu sou apenas… uma garota trancada em seu castelo.”

Ele franziu a testa, observando-a com preocupação. “Não diga isso. Você é muito mais do que isso, Celeste. Tem um coração gentil e uma mente aguçada. Não deixe que as expectativas da nossa mãe a definam. Você é especial à sua maneira.”

“Mas o que há de especial em ser apenas um fardo?” pensou, sua mente lutando contra a tristeza que a envolvia. Celeste desviou o olhar, seu peito apertado. “Mas as pessoas só enxergam a beleza. O que mais posso oferecer a elas?”

Elys suspirou, hesitando. “A beleza é superficial. O que importa é quem você é por dentro. As pessoas que realmente importam verão sua luz.”

Enquanto conversavam, Celeste notou como ele parecia preocupado. Não apenas com ela, mas com o mundo ao seu redor. As histórias que ele contava eram repletas de emoção, mas também havia uma sombra de responsabilidade em seus olhos. Celeste desejava que ele pudesse compartilhar esse peso, mas sabia que ele estava determinado a viver sua vida como um mercenário, longe dos compromissos familiares.

“Você se lembra daquela vez que encontramos aqueles jovens viajantes no bosque?” Elys começou, um sorriso brincando em seus lábios. “Eles estavam tão felizes, tão livres. Era como se a vida estivesse apenas começando para eles. Eu me pergunto como seria estar na pele deles.”

Celeste sorriu, lembrando-se da cena. A liberdade deles era palpável, e ela sempre desejou fazer parte daquela vida despreocupada. Mas logo o sorriso se desfez, e a realidade se impôs. “Mas nós não podemos, não é? Estamos presos a esse lugar.”

Elys inclinou a cabeça, compreendendo. “Talvez um dia, Celeste. Talvez um dia.”

O tempo passou rapidamente enquanto conversavam, e, por um momento, Celeste sentiu que o mundo lá fora não importava. O calor da conexão entre eles a envolvia, e suas inseguranças pareciam distantes. Contudo, à medida que a conversa se arrastava, Celeste começou a se sentir cada vez mais fraca. A pressão no peito crescia, e as cores do quarto pareciam se desvanecer.

“Eu… não sei se estou bem,” confessou, tentando manter a voz firme. “Sinto como se estivesse desaparecendo…”

Elys a observou com preocupação, mas antes que pudesse perguntar, a criada apareceu à porta, pálida e ofegante.

“Meu senhor! O duque descobriu sobre sua visita e… Ele exige que você vá até ele,” a criada exclamou, a urgência em sua voz ecoando na mente de Elys.

“Fique aqui, Celeste. Eu volto logo,” ele disse, sua expressão grave.

Ela acenou com a cabeça, mesmo sabendo que o peso da sua ausência a deixaria ainda mais solitária. Assim que ele saiu, a solidão tomou conta do espaço, e o silêncio pesado se instalou. Celeste se deixou cair no chão, sentindo a frieza das pedras contra sua pele. O peso da tristeza e da pressão era insuportável. O eco da conversa deles ainda ressoava em sua mente, mas agora, cada palavra parecia uma lembrança dolorosa.

Enquanto esperava, ela olhou ao redor do quarto. As paredes eram adornadas com tapeçarias que contavam histórias de heroísmo e glória, mas aquelas histórias pareciam tão distantes de sua própria vida. “Ninguém sabe a verdade sobre minha luta. Sou apenas uma menina assombrada por medos que não compreendem.”

O tempo se arrastou, e a ansiedade a consumiu. Celeste sentiu o corpo fraquejar e a cabeça girar. Naquele momento de desespero, ela se lembrou das palavras de Elys: “Você é mais forte do que imagina.”

Mas mesmo essa lembrança não conseguiu sustentar seu espírito. A escuridão começou a envolver tudo ao seu redor, e o mundo se tornou um borrão. “Se eu pudesse ser livre… se eu pudesse ser alguém diferente…” Celeste fechou os olhos, sentindo-se levada para um lugar onde a dor e o medo não existiam. No momento em que seu coração finalmente cedeu, um leve sorriso surgiu em seus lábios. Era como se, finalmente, pudesse se libertar de todas as pressões e expectativas.

E naquele instante, Celeste deixou de existir, sem que ninguém soubesse a verdade sobre a luta que a consumira.

Enquanto isso no antigo império em 1500

Viana Scarlett estava em seu estúdio, cercada por frascos de poções e grimórios antigos. A luz suave das velas dançava nas paredes, criando sombras que pareciam sussurrar segredos. O ambiente estava carregado de energia, mas a sensação de traição pairava no ar. Kyan, seu discípulo mais próximo, entrou com um sorriso descontraído, como se nada estivesse prestes a acontecer.

“Mestra,” ele disse, a voz suave, “é sempre um prazer estar aqui. Eu precisava conversar com você.”

Viana levantou o olhar, desconfiada. “O que há, Kyan? Sua presença tem um peso que não costuma ter.”

Kyan hesitou por um momento, mas logo se aproximou, sentando-se ao seu lado. “Você sabe que sempre admirei você. Sua força, seu poder… tudo isso me inspira.”

“Fico feliz em ouvir isso, mas a adulação não é necessária. O que realmente você quer?” Viana perguntou, cruzando os braços.

Ele sorriu, mas havia uma frieza em seu olhar. “Eu realmente gosto muito de você, mestra. Mas não posso mais viver assim, sob sua sombra.”

Antes que Viana pudesse responder, Kyan se inclinou, sua mão envolvendo seu ombro de forma quase carinhosa. “Às vezes, é preciso fazer escolhas difíceis.” O sorriso se desfez, e com um movimento rápido, ele retirou uma adaga de obsidiana, com o brilho de um sangue antigo.

Viana percebeu o movimento, mas já era tarde. A lâmina cravou-se em seu coração. Um choque de dor atravessou seu corpo, e seu olhar se fixou em Kyan, atônita.

“Você…?” ela sussurrou, a incredulidade misturada ao desprezo. “Porra… eu te criei… te tirei da rua…”

_“Awnn… Não é você mestra que sempre diz que não devemos confiar nem na nossa sombra… Pois bem… Eu estou sempre na sua sombra, eu nunca vou te ultrapassar eu precisava te pegar desprevenida e esse foi o momento perfeito”_ Ele respondeu, a expressão de satisfação tingida de algo sombrio.

Mesmo com a dor pulsando, Viana não era uma feiticeira fácil de derrubar. Concentrando-se, ela canalizou sua energia mágica, sua voz ressoando como um trovão em meio ao silêncio da sala.

“Eu já lhe disse não é kyan?”

_Kyan tenta usar sua magia pra atacar ela novamente mas em vão Viana bloqueia seu ataque_

-Eu não morro Kyan… A imortalidade que eu ensinei a você durará no máximo uns 500 anos… Até lá eu estarei de volta…

Scarlett sorri, era claro que em sua expressão havia apenas pena daquele jovem ingênuo. Logo os olhos de Viana começaram a sangrar, um brilho vermelho e dourado emergindo de seu ser. A energia pulsava, intensa, enquanto a adaga ainda estava cravada em seu peito. Então, em um último ato de poder, seu corpo começou a se esvanecer, transformando-se em partículas de luz e sombra e tudo que pode ser ouvido foi seu conjurio.

In hoc imperio ubi magae tubae magnae sunt, tantum Vossius prosapiae decus possidebit, in hunc locum incidat chaos.

Kyan recuou, os olhos arregalados, incapaz de compreender a magnitude da perda que acabara de causar e da maldição que libertou, sabia que ela era capaz de tudo. “Não!” ele gritou, mas a voz de Viana ecoou na sala, um lembrete sombrio de sua presença.

“Eu voltarei, Kyan. E quando isso acontecer, o legado que deixo não será esquecido.”

Viana o olha com superioridade e com isso, ela desapareceu, suas partículas se dispersando no ar, enquanto Kyan ficou ali, consumido pelo medo de seu conjurio e pelo terror que poderia estar por vir.

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Kamila Castro

Kamila Castro

Começando agora

2024-11-26

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Capítulos
1 E então meus olhos se fecharam...
2 Fragmentos de memória
3 O despertar da alma
4 Descanso
5 Fim da rotina
6 confrontos no Jardim
7 Aethoria
8 O almoço
9 Compras? Ou segredos?
10 Encontros no Silêncio
11 Séculos...
12 Sob a luz da lua
13 Capitão Lucien
14 Library
15 Convite
16 Reencontro
17 O Corcel negro
18 O Reflexo do Destino
19 O Caminho até a Boutique
20 A designer
21 A Saga do vestido se acaba
22 exclusivos
23 outro lado
24 "Rostos e Máscaras: O Jogo... Vai começar?"
25 Cedric e delphine
26 Todo jogo exige um aquecimento
27 Tensão no ar
28 A noite chega
29 Chegada ao baile
30 Políticas e Intrigas
31 O campo de batalha adornado
32 aviso
33 QUEM VIU, VIU!
34 Fora do centro
35 Tempo depois
36 Palavras não ditas
37 Direitos...
38 Início
39 O Amanhecer Antes da Jornada
40 Jardim de rosas espinhosas
41 Uma sopa morna e aguada. Sem gosto, mas de alguma forma, indigesto.
42 idéias
43 O cavalo e sua cavaleira
44 saída
45 Intrigas sob o sol poente
46 A presa disfarçada de caçador
47 Comunicado Importante
48 Carta aberta
49 interação
50 Em breve a cerimônia
51 Algo estranho
52 Onde os monstros descansam
53 O coração da noite
54 Sombras que caminham entre o limbo da vida e da morte
55 O servo e a sombra
56 A lua de sangue
57 Valter e o lago
Capítulos

Atualizado até capítulo 57

1
E então meus olhos se fecharam...
2
Fragmentos de memória
3
O despertar da alma
4
Descanso
5
Fim da rotina
6
confrontos no Jardim
7
Aethoria
8
O almoço
9
Compras? Ou segredos?
10
Encontros no Silêncio
11
Séculos...
12
Sob a luz da lua
13
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14
Library
15
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17
O Corcel negro
18
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19
O Caminho até a Boutique
20
A designer
21
A Saga do vestido se acaba
22
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23
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24
"Rostos e Máscaras: O Jogo... Vai começar?"
25
Cedric e delphine
26
Todo jogo exige um aquecimento
27
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28
A noite chega
29
Chegada ao baile
30
Políticas e Intrigas
31
O campo de batalha adornado
32
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33
QUEM VIU, VIU!
34
Fora do centro
35
Tempo depois
36
Palavras não ditas
37
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38
Início
39
O Amanhecer Antes da Jornada
40
Jardim de rosas espinhosas
41
Uma sopa morna e aguada. Sem gosto, mas de alguma forma, indigesto.
42
idéias
43
O cavalo e sua cavaleira
44
saída
45
Intrigas sob o sol poente
46
A presa disfarçada de caçador
47
Comunicado Importante
48
Carta aberta
49
interação
50
Em breve a cerimônia
51
Algo estranho
52
Onde os monstros descansam
53
O coração da noite
54
Sombras que caminham entre o limbo da vida e da morte
55
O servo e a sombra
56
A lua de sangue
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