Capítulo: O Almoço na Sala de Jantar
Ceyfor foi o primeiro a chegar à sala de jantar. O ambiente era grandioso, com uma mesa longa ornamentada por candelabros de cristal e toalhas finas, refletindo a importância do momento. A presença de Ceyfor, o Duque, era rara, pois frequentemente se via absorto em compromissos ou trancado em seu escritório, mergulhado em documentos e decisões.
— Alfred... — chamou ele, olhando para o mordomo que se aproximava com um ar solene.
— Sim, meu senhor? — respondeu Alfred, com a eficiência de sempre.
Ceyfor franziu a testa, observando a mesa disposta para o almoço.
— Posso saber por que há um assento a mais? — questionou, a curiosidade transparecendo em seu tom.
— Bem... A senhorita Celeste disse que almoçaria à mesa hoje. — Alfred limpou a garganta, aguardando a reação.
— Celeste?? — Cristan, que acabara de entrar, interrompeu, surpreso. — Você realmente está dizendo que Celeste virá almoçar conosco?
— Sim, senhor. Foi a própria senhorita quem solicitou. — Alfred reafirmou, impassível, enquanto a perplexidade tomava conta do ambiente.
Cedric, que até então permanecia em silêncio, apenas observou a cena, sua expressão misturando ceticismo e curiosidade, enquanto o Grão-Duque sorriu, um brilho divertido nos olhos.
— Tão de repente assim? O que houve com Celeste? — questionou, arqueando uma sobrancelha, sua voz carregada de interesse.
— Pai? O que tem aquela garota?? — Eleonora, que acabara de entrar ao lado de sua mãe, Elara, não perdeu a oportunidade de expressar sua insatisfação.
— Não fale assim à mesa, Eleonor. — Elara repreendeu a filha, a voz firme e decidida, tentando manter a ordem no ambiente familiar.
O Grão-Duque, tentando suavizar a situação, disse:
— Bem, aparentemente falta apenas Celeste.
Cristan suspirou, balançando a cabeça, já prevendo a discussão.
— Eu particularmente acho que isso é só picuinha. Ela não vai ter coragem de vir... ainda mais porque Elys não está aqui. — As palavras de Cristan carregavam um desdém sutil, mas real.
Ceyfor o olhou, prestes a responder, quando a porta da sala de jantar se abriu e Celeste fez sua entrada. Sua presença era quase palpável, como se o ar ao redor dela vibrasse com uma energia própria.
— Obrigada por esperarem. — Celeste disse, com um olhar resoluto, que revelava uma força interior renovada. Ela cumprimentou a todos de forma formal antes de se sentar ao lado de sua irmã, Eleonor.
— Celeste, você continua tão linda quanto sua mãe. — Ceyfor comentou, lançando um olhar afetuoso a Elara, que sorria sem dizer nada.
— Obrigada, pai. Não nos vemos há tanto tempo, e é uma pena que você não tenha tempo para visitas. — Celeste respondeu, sua expressão calma e angelical, sem mostrar qualquer indício de medo ou hostilidade, como era a antiga Celeste.
Os pratos foram servidos e, com um gesto do Duque, o sinal foi dado para que todos começassem a comer. Durante uma boa parte do almoço, um silêncio constrangedor pairou sobre a mesa, a atmosfera pesada, como se todos esperassem um sinal para se manifestar. Era uma sensação estranha, exacerbada pela presença de Celeste, que parecia trazer consigo uma tensão carregada.
Assim que Celeste levou sua taça de suco aos lábios, Eleonor, incapaz de conter-se, disparou:
— Celeste, o que deu em você? O clima aqui está parecendo um funeral, você não percebe?
A impetuosidade de Eleonor cortou o ar, e todos os olhares se voltaram para ela. Antes que o Duque pudesse intervir, Celeste respondeu com firmeza.
— Sua tutora não tem lhe ensinado etiqueta à mesa, irmãzinha? Você não sabe que a hora de comer é sagrada? Quanta impertinência!
A resposta de Celeste foi como um choque para a mesa. Eleonora abriu a boca para retorquir, mas foi cortada por Cedric, que a olhou com severidade.
— Eleonor, o pai e a mãe estão presentes. Mais respeito a eles. — Ele disse, a voz seca o suficiente para silenciá-la, e a tensão aumentou.
O Grão-Duque observou a cena, um leve sorriso no rosto, como se estivesse apreciando um espetáculo.
— Ora, quanta falta de harmonia... Vocês são irmãs, não deveriam estar assim. — Ele sabia bem como Eleonor se sentia em relação a Celeste, mas não parecia se importar nem um pouco com os sentimentos da filha mais nova.
Logo, ele mudou de assunto, tentando reverter o clima.
— Vamos ter uma próxima competição de caça daqui a três dias... O que acha de participar junto de seus irmãos, Celeste?
Cristan imediatamente se opôs, seu tom de voz carregado de desdém.
— Participar? Ela é fraca demais até para ficar sentada esperando, a caça dura três dias! — As palavras de Cristan eram cortantes, e ele parecia realmente acreditar que Celeste não tinha capacidade.
O Grão-Duque não se deixou abalar pela provocação.
— Elys sempre participa, ele não deixará nada acontecer a ela, tenho certeza. — Ele respondeu, tentando apaziguar a situação e reafirmar a confiança em Celeste.
Mas, para a surpresa de todos, Celeste interrompeu, sua voz firme e decidida.
— Eu participarei. Não irei apenas como uma nobre dama; irei caçar. — As palavras dela eram uma declaração de guerra, e a confiança em sua voz era palpável.
A mesa ficou em silêncio, cada olhar se voltando para ela, surpreso com a declaração. A determinação que emanava dela era nova e revigorante, e mesmo Eleonor pareceu hesitar diante daquela autoconfiança.
O Duque sorriu, admirando a ousadia da filha que até então, desde seus 14 anos, sempre se manteve distante e comedido.
— Muito bem, então! Será interessante ver como você se sai, Celeste. — O Grão-Duque disse, seu sorriso se ampliando. O clima começava a mudar, a expectativa pairando no ar.
— Espero que você realmente esteja pronta para isso. — Cedric murmurou, ele era um dos que nunca a desrespeitou apenas o fato de ter começado a se isolar e ele sem tempo que fizeram com que mal interagissem. Bem… Pelo menos a Celeste antiga sabia disso.
— Estarei. — Celeste respondeu, firme, com uma expressão satisfeita, e naquele momento, sabia que iria se divertir mais do que nunca.
A única à mesa que não havia dito nada direcionado a Celeste era Elara, mas Celeste achou melhor assim; até porque não queria perder tempo com pessoas que considerava inúteis. Seu grande foco era o Grão-Duque, que parecia genuinamente interessado em seu bem-estar e sucesso.
Cedric, até então sempre de poucas palavras, sentiu a necessidade de enfatizar algo a seu pai.
— Pai… Espero que não se esqueça que há rumores sobre o segundo príncipe… — Ele começou, a seriedade na voz aumentando.
Ceyfor o olhou de forma clara, um aviso em seu olhar para que ele não tocasse em tal assunto ali à mesa.
(Ceyfor)
O clima voltou a ficar tenso, mas a determinação de Celeste se firmou, como uma chama que se recusava a se apagar. E assim o almoço seguiu
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Atualizado até capítulo 56
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