Séculos...

Capítulo: Encontros de séculos

Celeste entrou na loja de ervas medicinais com um movimento quase imperceptível, seus passos silenciosos refletindo anos de prática em passar despercebida. O interior era aconchegante e abafado, o ar denso com o aroma de ervas secas, óleos e pós medicinais dispostos em prateleiras de madeira escura. Os poucos clientes presentes nem sequer perceberam a chegada dela, que mantinha o capuz cobrindo parte de seu rosto, oculta sob a sombra da peça.

Ao fundo da loja, uma figura esguia e familiar mexia em frascos, separando com precisão pequenos punhados de folhas para uma cliente. O elfo tinha os cabelos prateados, a pele pálida e os olhos astutos, que observavam cada movimento com a clareza de quem jamais relaxa em um ambiente tão próximo ao perigo.

Celeste moveu-se até ele, observando atentamente a forma como ele organizava cada frasco, notando o padrão meticuloso e sabendo que o homem esperava por ela ali. Ela então colocou o frasco que continha um líquido rosa entre o ver e o azul. O elfo que até então apenas pensou que era um cliente regular de Lena, levantou o olhar, seus olhos verdes e brilhantes captando a presença de Celeste. Naquele instante se lembrou do código que Lena ensinou a ele, somente a pessoa que era dona original da guilda e a mais importante daquele mundo todo pra ela sabia esse código.

— Lena está no andar de cima — disse ele, sem preâmbulos, seu tom de voz tão baixo que apenas ela pôde ouvir.

Celeste assentiu brevemente e começou a subir a escada estreita e desgastada no canto da loja, os passos leves e rápidos, sabendo que o tempo ali era precioso e limitado. Quando chegou ao topo, encontrou uma pequena porta de madeira entreaberta, da qual emanava uma luz tênue e dourada.

Do outro lado, Lena estava sentada junto a uma mesa simples, rodeada por livros antigos, mapas e pequenos frascos de líquidos misteriosos. Ao ver Celeste, a elfa abriu um sorriso nostálgico, como se aguardasse por aquele momento há muito tempo.

— Eu sabia que você voltaria — disse Lena, sua voz suave, mas carregada de emoção. Ela se levantou, aproximando-se de Celeste e tocando brevemente seu braço, como se quisesse garantir que era real.

Celeste sorriu levemente, permitindo-se um instante de vulnerabilidade.

— E eu sabia que você estaria aqui me esperando, Lena.

As duas se sentaram juntas, e Celeste começou a falar baixinho, explicando sua necessidade por informações sobre o que acontecia no império desde que ela se fora, as mudanças nas alianças e nas forças em ação. Lena ouvia atentamente, anotando o que precisava e elaborando suas respostas, as quais variavam entre sussurros e gestos silenciosos que apenas Celeste conseguia decifrar.

— Os rumores sobre o segundo príncipe continuam, mas o mais preocupante é... ele parece estar reunindo apoiadores entre os nobres mais influentes. Ele acredita que pode tomar o trono se tiver poder e influência suficientes, eu ouvi muits rumores sobre ele se casar com Celeste a filha mais velho do Grão Duque, mandei alguém pra averiguar e já até fizeram documentos do compromisso porém o duque tem ignorado até então— Lena murmurou, sua voz cautelosa.

Celeste franziu as sobrancelhas, absorvendo a informação. A ascensão de um príncipe com aspirações ao trono era algo com o qual ela precisaria lidar com prudência, se o seu nome ao menos não estivesse envolvido nisso provavelmente nem sequer ligaria.

— Precisamos de aliados. Aqueles que ainda lembram de Viana... talvez possamos encontrá-los antes que ele o faça ou eu deveria apenas... Sabe... Dar cabo dele — Celeste disse, seu tom meio duvidoso.

—Acho que aí você começaria uma guerra...— Lena disse um pouco preocupada. —Mas... Se planejar bem pode usar o príncipe herdeiro ao seu favor pra isso ou até mesmo a casa Blanche que é um dos apoiadores direto do príncipe herdeiro.

—Bem... Iremos ver, primeiro irei te passar o que você precisa descobrir pra mim.

[A conversa entre elas demorou bastante, o suficiente pra que a noite caísse,]

Lena acenou, compreendendo o significado de cada palavra e já planejando como mobilizar seus recursos discretamente. O silêncio voltou a pairar entre as duas por um breve momento, até que Lena se levantou e caminhou até uma prateleira, retirando um pequeno amuleto de cristal verde escuro.

— Isso pode ser útil se precisar de uma saída rápida — disse ela, entregando o objeto a Celeste. — Ele possui encantamentos antigos. Não vai te levar para longe, mas pode te tirar de uma situação complicada.

Celeste aceitou o amuleto com um agradecimento silencioso, sabendo que Lena só ofereceria algo assim em momentos de real necessidade.

Enquanto se preparava para sair, Celeste lançou um último olhar a Lena, que se manteve firme ao lado da mesa, observando-a com uma expressão protetora.

— Cuidarei das coisas aqui, Viana — disse Lena, o nome antigo saindo com naturalidade, trazendo de volta as memórias de tempos passados. —Irei criar uma conta no banco central pra você e passar o dinheiro de todos esses anos...

Celeste ia dizer que não precisava, porém apenas assentiu, escondendo o amuleto dentro de seu manto, antes de deixar a sala e descer as escadas com passos silenciosos e logo estava de fora do local.

Enquanto Celeste se afastava da loja, a noite abraçava as ruas em uma penumbra calma, apenas perturbada por uma leve brisa. Mas, antes que ela pudesse dar mais alguns passos, uma sombra em movimento junto à sua se intensificou e, quase de forma mágica, Noctis emergiu, como se seu corpo tivesse se formado pela própria escuridão ao redor dela.

— Finalmente te encontrei, minha senhora. — disse ele, seu tom levemente ofegante, mas com um toque de alívio.

Celeste ergueu uma sobrancelha, esboçando um leve sorriso. — Por acaso estava com pressa, Noctis? Não parecia o tipo de pessoa que me perderia de vista tão fácil.

— Quando você ignora meus chamados, acabo me perguntando onde se meteu — replicou ele, o tom divertido, mas os olhos transmitindo um traço de preocupação.

Eles seguiram pela rua, e a tensão dos assuntos que acabara de discutir com Lena dissipou-se brevemente enquanto caminhavam, mergulhados em uma conversa descontraída. Ele contava a ela sobre rumores engraçados que ouvira na mansão, enquanto ela ria discretamente, e então perguntava sobre os acontecimentos que ele havia investigado.

Quando chegaram à carruagem parada na rua central, Noctis abriu a porta com um gesto ágil, indicando que ela entrasse primeiro. Dentro, eles trocaram um último olhar significativo antes que a carruagem se movesse em direção à mansão.

Capítulos
Capítulos

Atualizado até capítulo 56

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!